EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h30.
Durante os primeiros 50 anos da era da informação, cerca de 1 bilhão de pessoas passaram a utilizar computadores, a imensa maioria na América do Norte, Europa Ocidental e Japão. Daqui para a frente, a maior parte do próximo bilhão virá de países emergentes, diz reportagem de capa da revista americana BusinessWeek.
"Liderados por China, Índia, Rússia e Brasil, estima-se que os mercados emergentes verão um salto de 11% ao ano nas vendas de tecnologia nos próximos cinco anos, atingindo 230 bilhões de dólares", afirma a reportagem, citando dados do IDC. Enquanto isso, nos Estados Unidos as projeções do mesmo instituto apontam para uma expansão anual de 6% até 2008. "As oportunidades de crescimento robusto estão claramente mudando para o mundo em desenvolvimento", afirma Paul Laudicina, diretor-gerente da consultoria A.T. Kearney (leia também reportagem da revista EXAME sobre o potencial do mercado de baixa renda).
A revista menciona movimentos recentes de gigantes como a Microsoft na Malásia, da Intel na Índia, da Cisco no Sri Lanka e da IBM no Brasil. Com faturamento superior a 1 bilhão de dólares, a IBM, diz a Businessweek, planeja contratar dois mil empregados e gastar 100 milhões de dólares adicionais em desenvolvimento do mercado brasileiro.
A virada, agora, será da era "PC-cêntrica" para as tecnologias sem fio. Os vencedores do novo round podem bem ser companhias como a Samsung e a LG, que fabricam tanto PCs quanto celulares capazes de gerenciar e-mail e navegar pela internet. Outra característica da nova onda será a necessidade de praticar preços muito baixos. Enquanto o primeiro bilhão de consumidores gerou uma indústria com mais de 1 trilhão de dólares de receita desde a década de 70, as vendas para o segundo bilhão não vão chegar nem perto disso, diz a revista.
Conhecer os consumidores emergentes para criar ou adequar produtos é outro desafio. A Intel, por exemplo, mantém uma equipe de 10 etnógrafos que viajam pelo mundo investigando os gostos de grupos específicos. As entrevistas de um desses "olheiros" com famílias rurais chinesas mostraram que os pais hesitariam em comprar computador, mesmo se tivessem dinheiro para tanto, porque a novidade poderia distrair seus filhos dos estudos.
Como resultado desses estudos, a Intel vai lançar até o final do ano o Home Learning PC, com quatro softwares educativos e uma chave física para impedir que as crianças liguem o computador sem autorização dos pais. Na África do Sul, com renda média de 1 dólar por dia, a HP desenvolveu um computador, o 441 (no sentido de quatro usuários para uma máquina), que consiste em CPU mais quatro teclados e quatro monitores, para instalação em bibliotecas e escolas.