(Apple/Divulgação)
Lucas Agrela
Publicado em 26 de fevereiro de 2018 às 14h00.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2018 às 19h23.
Parecia uma boa ideia, em teoria. E ainda parece uma boa ideia–novamente, em teoria.
A Microsoft e a Qualcomm estão promovendo computadores que misturam elementos de tablets e smartphones. Quer dizer que, em princípio, em breve será possível comprar um aparelho que funciona como um familiar laptop com Windows, mas no formato mais fino e leve de um tablet, com conexões de celular incorporadas e bateria de longa duração de smartphone.
O leitor pode achar que soa parecido ao iPad Pro ou à própria linha de computadores Surface da Microsoft. Exatamente. E todos esses aparelhos também têm uma dívida de gratidão com o MacBook Air, o fino laptop de baixo consumo da Apple lançado há uma década.
Existe uma razão para estar ao mesmo tempo curioso e cauteloso em relação a essa categoria de aparelhos que misturam elementos de PC, tablet e smartphone. Os computadores leves com conexão de celular entram e saem do mercado há anos, incluindo aparelhos equipados por Microsoft e Qualcomm há cinco anos. Nunca se popularizaram. Agora, porém, chegou a vez da categoria dos dispositivos híbridos. Acho.
Apesar de os smartphones terem se transformado nos aparelhos digitais mais importantes, tem havido uma inovação muito bem-vinda no campo dos computadores. A nova tecnologia da rainha dos PCs Intel e o lançamento em 2012 da linha Surface da Microsoft trouxeram novas ideias a respeito do que deve ser um “computador”.
O Surface tem tela sensível ao toque como um smartphone e teclado destacável, o que transforma o aparelho em uma espécie de meio-termo híbrido entre tablet laptop. A Microsoft vendeu mais de US$ 2 bilhões desses aparelhos no período de seis meses até 31 de dezembro e algumas fabricantes tradicionais de PCs também ganharam impulso com essas máquinas combinadas.
A linha Surface foi seguida pelo iPad Pro, um aparelho similar de tablet com teclado e coração de smartphone. Um software do Google respalda um laptop mais enxuto chamado Chromebook, um grande sucesso nas escolas americanas. Todas essas são reimaginações relativamente recentes e bem-vindas de computadores convencionais.
Eles não são perfeitos para todas as pessoas ou para todos os usos, mas o mundo misto dos computadores dá às pessoas mais alternativas de encontrar o aparelho certo para elas. Um híbrido PC-tablet com conexão de internet sem fio rápida é uma adição bem-vinda a essa confusão de opções, embora existam perguntas sem resposta a respeito do desempenho e das desvantagens das novas máquinas equipadas por Microsoft e Qualcomm.
Este também é um momento estranho para destinar recursos a qualquer novo tipo de hardware de computador. As vendas globais de computadores pessoais caíram em cada um dos últimos seis anos, segundo a firma de pesquisas IDC. Os dados sobre PCs da IDC não incluem aparelhos como o Surface, que têm teclados destacáveis. As vendas de tablets também estão em queda e as vendas de smartphones estagnaram. Não são dias tranquilos para a maioria das empresas que fabricam aparelhos de computação.
Ainda assim, é possível ver o atrativo de testar novos conceitos de computação. Mesmo que PCs e tablets não sejam categorias em crescimento, ainda são vendidos mais de 400 milhões desses aparelhos por ano. E cada ator do mercado tem suas próprias motivações. A Qualcomm, por exemplo, enxerga uma oportunidade inexplorada se puder desbancar a Intel em mais dispositivos do tipo PC.
A grande questão agora é quanto impulso os novos PCs com conexão de celular receberão de seus apoiadores. Há muito entusiasmo em relação à próxima geração de tecnologia celular chamada 5G, que os otimistas dizem que inaugurará uma nova era de aparelhos de todos os tipos com conexão à internet. A Intel anunciou na quinta-feira que também está colaborando com a Microsoft e com outras empresas para lançar uma linha de dispositivos de computação com conexão 5G. O apoio da Microsoft, da Qualcomm e da Intel deve reforçar a ideia de misturar smartphones, tablets e computadores. Isso significa que -- em teoria -- nunca houve um momento melhor, e mais confuso, para o mercado de “computadores”.