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Em meio à crise Huawei, EUA alertam Europa do controle de redes pela China

Os EUA têm pressionado aliados europeus como a Alemanha a evitar fornecedores de produtos de telecomunicações "sujeitos ao controle do governo estrangeiro"

 (Tyrone Siu/Reuters)

(Tyrone Siu/Reuters)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 2 de fevereiro de 2019 às 07h00.

Última atualização em 2 de fevereiro de 2019 às 07h00.

A China pretende assumir o controle dos dados e redes ocidentais, disse o embaixador dos EUA para a União Europeia. Este foi o mais recente aviso de Washington de que seus aliados deveriam pensar duas vezes antes de usar equipamentos de empresas como a Huawei Technologies.

"A China está trabalhando para se estabelecer como uma potência cibernética através de estruturas ilegais e do controle de dados e redes", disse o enviado americano Gordon Sondland em uma conferência de telecomunicações em Bruxelas.

As leis chinesas "exigem que as empresas estatais e privadas cooperem e compartilhem dados com as agências chinesas de inteligência e segurança", o que suscitou as preocupações dos EUA com a segurança, disse ele na quinta-feira.

Os EUA têm pressionado aliados europeus como a Alemanha a evitar fornecedores de produtos de telecomunicações "sujeitos ao controle do governo estrangeiro".

O governo de Donald Trump enviou em dezembro autoridades a Berlim para pressionar o governo da chanceler Angela Merkel em relação à Huawei, e a embaixada dos EUA afirmou que países aliados e parceiros estão sendo incentivados a ficar atentos para garantir a segurança da rede, inclusive quando as operadoras concedem contratos de equipamentos.

Esses avisos podem estar causando certo impacto. Na semana passada, o diretor digital da UE pediu que os estados-membros do bloco considerem o risco de fazer parcerias com empresas chinesas como a Huawei.

Em entrevista, Andrus Ansip, vice-presidente da Comissão Europeia para assuntos digitais, disse que as leis chinesas sobre dados aumentaram o risco de lidar com empresas chinesas na Europa.

Lei polêmica

A preocupação manifestada por Sondland e Ansip centra-se na Lei de Inteligência Nacional da China, aprovada em 2017. A lei obriga que organizações e cidadãos apoiem e auxiliem a inteligência nacional em suas investigações e registrem informações relativas a tais investigações.

A Huawei rebateu as acusações de que seja um facilitador para a espionagem chinesa e afirmou que barrar a empresa chinesa sem provas prejudicará o setor e a nova tecnologia de alta velocidade.

A companhia anunciou anteriormente que havia solicitado uma opinião jurídica para analisar as consequências da lei. A opinião diz que a lei não exige que ela coopere com a inteligência do Estado se isso for de encontro aos direitos legítimos e interesses de indivíduos e organizações, disse um porta-voz.

Na terça-feira, promotores dos EUA apresentaram acusações criminais contra a Huawei, alegando que a companhia roubou segredos comerciais de uma rival americana e cometeu fraude bancária ao violar sanções contra negócios com o Irã.

A Huawei é uma das líderes no desenvolvimento da próxima geração de tecnologia de rede, conhecida como 5G. Alguns países têm tentado limitar a influência da empresa. Austrália e Nova Zelândia proibiram equipamentos da Huawei nas redes 5G planejadas de operadoras, e outros países, incluindo a Alemanha, consideram restringir o papel da Huawei.

Para os EUA, a segurança de redes e serviços é uma prioridade - e isso tem implicações para a tecnologia 5G, disse Sondland. "Esta não é uma decisão sobre preço ou qualidade. Esta é uma decisão sobre permitir ou não que atores malignos assumam o controle de seu sistema nacional de telecomunicações", disse ele.

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