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Em alguns países, engenheiros de IA já recebem bônus maiores que banqueiros

Pagamento extra chegou a 1.500% do salário mensal na sul-coreana SK Hynix; disputa por talentos pressiona rivais e eleva salários, mas não resolve o problema central: a escassez de engenheiros

Mesmo com o bônus turbinado, parte dos funcionários da SK Hynix considerou o valor insuficiente, o que evidencia a pressão crescente por talentos (JUNG YEON/Getty Images)

Mesmo com o bônus turbinado, parte dos funcionários da SK Hynix considerou o valor insuficiente, o que evidencia a pressão crescente por talentos (JUNG YEON/Getty Images)

Publicado em 24 de novembro de 2025 às 10h30.

Há bastante tempo, banqueiros lideram os rankings de maiores bônus da Ásia. Agora, no entanto, engenheiros do setor de semicondutores estão recebendo premiações equivalentes ou superiores. O movimento sinaliza uma mudança estrutural na valorização da mão de obra técnica, impulsionada pela crescente escassez de profissionais qualificados na região.

Na Coreia do Sul, a SK Hynix, segunda maior fabricante de chips de memória do mundo, não só eliminou o teto do programa de participação nos lucros como também pagou bonificações que equivalem a 1.500% do salário mensal — ou a três quartos da remuneração anual em um único pagamento. Mesmo assim, segundo o Financial Times, parte dos funcionários considerou o valor insuficiente, o que evidencia a pressão crescente por talentos.

A busca por engenheiros se intensificou com a previsão de investimentos na expansão da capacidade global de produção de chips próxima a US$ 1 trilhão até 2030, segundo a consultoria McKinsey. Na Ásia-Pacífico, excluindo a China, o déficit deve ultrapassar 200 mil vagas técnicas.

Nesse cenário, a mudança na cultura de remuneração da Coreia do Sul, antes rígida e baseada em senioridade, fez a SK Hynix ultrapassar a Samsung como empresa mais desejada entre jovens profissionais no país, de acordo com a Incruit. Para conter a fuga de talentos e se manter competitiva, a Samsung lançou, em outubro, um plano de ações atrelado ao desempenho.

Falta de talentos amplia pressão global

Em Taiwan, a escassez chega a 34 mil trabalhadores qualificados. A TSMC, maior fabricante de chips do mundo, elevou os pacotes salariais em média em 45% nos últimos cinco anos, com programas de bônus, ações e horários flexíveis.

Na China, empresas locais e fabricantes apoiados pelo governocentrais para a estratégia de autossuficiência tecnológica – oferecem aumentos de dois dígitos, promoções rápidas e subsídios de moradia para atrair engenheiros da Coreia do Sul e de Taiwan, onde a pressão já é alta.

Com a expansão de fábricas nos EUA, na Europa e no Japão, como as unidades da TSMC no Arizona e na Alemanha, a falta de profissionais se tornou um entrave global. O aumento da demanda no exterior reforça a disputa por um número limitado de talentos e intensifica, em Taiwan e na Coreia do Sul, o já pressionado mercado interno.

Esse quadro, somado à queda da população em idade ativa na Ásia, vem transformando a carência de engenheiros em um gargalo estrutural. Por isso, o bônus polpudo virou tática de sobrevivência, mas talvez não resolva o problema de fundo.

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