Carro exposto no salão de Detroit, nos EUA: agora não é só o motor o que conta (DIVULGAÇÃO)
Da Redação
Publicado em 13 de janeiro de 2011 às 08h38.
Detroit - General Motors, Ford e Toyota vivem uma nova guerra, desta vez eletrônica, envolvendo sistemas de navegação, segurança e comunicações que estão se transformando em uma fonte extra de receitas para esses fabricantes de automóveis.
A General Motors (GM) iniciou a tendência há mais de uma década com o OnStar, um sistema a princípio concentrado na segurança, mas que está sendo atualizado para incluir funções de comunicações e entretenimento.
A Ford seguiu os passos da GM com o Sync, um sistema de entretenimento, informação e comunicações que desenvolveu com a Microsoft, mas que evoluiu para incluir funções de segurança como a possibilidade de limitar a velocidade máxima quando os pais deixam o veículo com seus filhos.
Na semana passada, a Toyota anunciou o Entune, sistema multimídia para entretenimento, navegação e serviços de informação, que estará disponível em seus veículos a partir deste ano.
"Os consumidores cresceram acostumados a ter o mundo na ponta dos dedos através dos telefones celulares" destacou Jon Bucci, vice-presidente do departamento de Tecnologia Avançada da Toyota, durante o lançamento do Entune.
"E, ao contrário de outras soluções do setor, o Entune permite que o motorista interaja com conteúdo móvel informativo e de entretenimento sem brigar com seu telefone", acrescentou.
A aposta nesta tecnologia é tão grande que durante sua reestruturação em 2009, quando a GM necessitava de liquidez, a companhia tentou aumentar suas receitas através da venda do OnStar.
A principal diferença do OnStar para o Sync e agora para o Entune é que o sistema da GM está totalmente integrado ao veículo.
Com cerca de 6 milhões de clientes nos Estados Unidos e no Canadá, o OnStar se baseia em um telefone celular que vem instalado no veículo, o que homogeneiza a experiência de todos os usuários.
O custo do OnStar está incluído no preço final do veículo, mas para contar com seus serviços, o consumidor precisa pagar entre US$ 200 e US$ 300 ao ano, o que gera à companhia receitas anuais de entre US$ 1,2 bilhões e US$ 1,8 bilhões.
Por outro lado, o Sync e o Entune são basicamente um sistema de Bluetooth que conecta o telefone celular do motorista ao sistema de entretenimento e navegação do veículo, por isso que suas características estão determinadas pela qualidade do telefone celular de cada usuário.
No caso do Sync, a Ford cobra US$ 395 para incluir o equipamento em seus veículos, mas nos três primeiros anos, o serviço é gratuito.
Após esse período, o proprietário tem que pagar por serviços como navegação e informação de trânsito.
O Sync e o Entune também estão tirando vantagens da crescente popularidade dos smartphones, que podem dispor de um número quase infinito de funções, por isso que, por enquanto, a Ford está mais do que satisfeita em manter seu sistema como uma opção para seus veículos e não um elemento incrustado.
A General Motors reconheceu que a grave crise de 2009, da qual só se salvou graças à injeção de mais de US$ 50 bilhões dos Governos de Estados Unidos e Canadá, permitiu que a Ford desenvolvesse o Sync para concorrer com o OnStar.
Agora a GM está contra-atacando com funções como a leitura por parte do sistema de mensagens de texto e a conversão das respostas do motorista de voz para texto.
Em breve, o OnStar também permitirá aos motoristas atualizar o Facebook apenas utilizando comandos de voz.
Além disso, a GM decidiu ampliar o serviço OnStar aos de veículos de outros fabricantes, uma medida que deve estimular a disputa eletrônica do setor.
A partir do segundo semestre, a GM começará a vender um retrovisor que incorpora os principais elementos do OnStar e que poderá ser instalado praticamente em qualquer veículo do mercado.
A GM disse que os serviços que estarão disponíveis com o retrovisor são resposta automática em caso de acidente, conexão direta com as equipes de emergência, localização de veículos roubados, navegação detalhada, ajuda em estrada e ligações telefônicas sem a necessidade de utilizar as mãos.
Chris Preuss, presidente do OnStar, disse que a decisão de ampliar o serviço a veículos de outros fabricantes é um salto que poderá proporcionar "uma nova base forte de receitas para a GM e o OnStar"