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E-mail perde preferência após ataque hacker à Sony

Empresas estão endurecendo políticas e aconselhando funcionários a evitarem o uso do email, para evitar ataques hackers como o que expôs os e-mails da Sony


	Sony: “se os funcionários tiverem algo sensível para discutir, eles deveriam usar o telefone ou ir à mesa do colega", diz CEO de empresa de comunicação
 (Toru Hanai/Reuters)

Sony: “se os funcionários tiverem algo sensível para discutir, eles deveriam usar o telefone ou ir à mesa do colega", diz CEO de empresa de comunicação (Toru Hanai/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 15 de janeiro de 2015 às 21h05.

Nova York - A CEO da Frontier Communications, Maggie Wilderotter, deu alguns conselhos aos seus 10 executivos mais importantes, na semana passada, enquanto discutiam formas de evitar ataques hackers como o que expôs os e-mails secretos da Sony Corp.:

Usem o telefone.

“Se os funcionários tiverem algo sensível para discutir, eles deveriam usar o telefone ou ir à mesa do colega para conversar”, disse Wilderotter.

Entre as práticas que ela deseja que os trabalhadores comecem a seguir estão: deletar e-mails frequentemente, mudar senhas a cada 30 a 45 dias e “nunca colocar em um e-mail algo que você poderia não gostar se todos lessem na internet”.

Empresas como a Frontier, fornecedora de serviços de telefonia e dados com sede em Stamford, Connecticut, EUA, estão tornando as políticas de segurança mais rígidas após os danos causados pelo ataque hacker aos computadores da Sony em novembro.

A avaliação está levando mais trabalhadores americanos a retomarem as velhas práticas, preferindo telefonemas e reuniões cara a cara. Isso também está provocando um sentido de autodisciplina.

“Eu tento agir como se a minha mãe estivesse me vendo”, disse Eli Romero, um bancário de 33 anos da World Business Lenders LLC, que mora em Nova York. Ele está mantendo seus e-mails de trabalho curtos e discutindo informações confidenciais sobre clientes apenas pessoalmente. “O ataque hacker à Sony me faz pensar duas vezes antes de fazer qualquer coisa em uma conexão à internet”.

Embora as corporações lidem há tempos com hackers que perseguem os dados financeiros e segredos comerciais de seus clientes, a violação à Culver City, unidade de entretenimento da Sony, com sede na Califórnia, foi muito além.

Os e-mails vazados revelaram salários de executivos, registros médicos, comentários pouco lisonjeiros a respeito de estrelas de Hollywood e até mesmo declarações insensíveis sob o ponto de vista racial em relação ao presidente Barack Obama.

O ataque hacker, que o FBI diz que possui marcas da Coreia do Norte, é uma suposta retaliação à comédia política “A entrevista”.

Abrindo os olhos

“Isso serve realmente para abrir os olhos” dos executivos corporativos de TI, disse Matt Zabloski, diretor-gerente da Delbrook Capital Advisors Inc. em Vancouver, que administra dois fundos hedge. “Eles precisam descobrir uma forma melhor de fazer isso ou perderão credibilidade perante o público ou se colocarão em uma posição terrivelmente embaraçosa”.

O desafio para as empresas é limitar o dano de potenciais ataques hacker sem restringir a comunicação necessária, nem incentivar outros hábitos que possam ser ainda mais perigosos.

Possíveis consequências

“Você não vai querer impor tantas restrições a ponto que os funcionários acabem deixando seus e-mails corporativos e passem a usar suas contas pessoais de e-mail, que são ainda mais vulneráveis”, disse Wilderotter, da Frontier. “Se você bloqueia a comunicação e o alcance, você pode provocar consequências piores”.

Essa tensão -- entre a necessidade de que a informação flua e a necessidade de segurança -- mostra como os hackers podem sufocar a liberdade de expressão, disse Thibaut de Lavergnolle, que administra uma pequena empresa de cosméticos em Nova York.

Trata-se de um tema sensível para ele, especialmente após o ataque terrorista da semana passada à revista satírica Charlie Hebdo em seu país natal, a França.

“Poderíamos ser todos Sony”, disse Lavergnolle, de pé embaixo de uma bandeira americana gigante na Grand Central Terminal, em Nova York. Embora ainda use e-mail, ele disse que tem se lembrado de uma expressão de seu país. “Para viver feliz, você tem que viver escondido”.

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