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Drones: para o alto e avante

Existem nos Estados Unidos mais de 5.200 empresas e indivíduos que têm negócios baseados no uso de drones, mas até a semana passada todos operavam na ilegalidade – bem, quase isso. Antes da divulgação das esperadas regras da Federal Aviation Administration (FAA), o órgão que regulamenta o espaço aéreo americano, havia muita incerteza sobre o […]

DRONES: 5.200 empresas e  pessoas nos Estados Unidos têm negócios com o uso de drones – todos “ilegais” até semana passada / Sean Gallup/ Getty Images (Sean Gallup/Getty Images)

DRONES: 5.200 empresas e pessoas nos Estados Unidos têm negócios com o uso de drones – todos “ilegais” até semana passada / Sean Gallup/ Getty Images (Sean Gallup/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de junho de 2016 às 19h43.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h17.

Existem nos Estados Unidos mais de 5.200 empresas e indivíduos que têm negócios baseados no uso de drones, mas até a semana passada todos operavam na ilegalidade – bem, quase isso. Antes da divulgação das esperadas regras da Federal Aviation Administration (FAA), o órgão que regulamenta o espaço aéreo americano, havia muita incerteza sobre o uso comercial de drones. As empresas que já haviam começado negócios dependiam de uma licença especial da FAA, um processo demorado e complicado – entre outras exigências, o operador do drone era obrigado a ter brevê para pilotar um avião. Agora, a expectativa é que com a regulamentação a indústria dos drones comece a transformar em realidade projetos como o Amazon PrimeAir, um serviço idealizado pela empresa para a entrega de encomendas com drones.

Ainda vai demorar um pouco para que correios e empresas de logística tenham de se preocupar com essa nova concorrência, é verdade. “Embora esse serviço não seja proibido pelas novas regras, elas impedem que os drones circulem sobre áreas populadas”, diz Michael Drobac, presidente da Small UAV Coalition, associação que reúne algumas das principais startups do setor de drones, além de gigantes interessados na tecnologia, como Google e Amazon. Outras restrições incluem peso máximo de 35 quilos, limite de velocidade de 160 quilômetros por hora, altitude máxima de 120 metros para os voos e linha de visão para o operador. Segundo Drobac, porém, a simples eliminação das dúvidas vai tirar as amarras de um setor que pode gerar mais de 100.000 empregos e 80 bilhões de dólares pelos próximos dez anos, segundo cálculos do setor.

Existem inúmeras ideias de uso de drones por empresas. Algumas são óbvias, como fotografias e vídeos, pois o aluguel de helicópteros para capturar imagens aéreas custa caríssimo. No setor imobiliário (responsável por 40% das licenças atuais), os drones podem ser usados para registrar imagens de propriedades, mostrar as características do bairro e o caminho da casa até a escola ou o comércio local, por exemplo.

Mas existem ideias mais ousadas. A Droneseed, empresa de Beaverton, no noroeste americano, quer usar drones para reflorestamento. Primeiro, os aparelhos sobrevoam áreas onde houve derrubada de árvores para criar um mapa 3D dos pontos em que há maior chance de sobrevivência das sementes. Depois, a uma altura de um ou dois metros, os drones lançam no solo cápsulas com sementes germinadas, envolvidas num gel de nutrientes. As cápsulas se rompem ao cair na terra, para que as sementes “peguem”. Um ser humano pode plantar 800 sementes em um dia. A empresa afirma que os drones são capazes de plantar essa quantidade em uma hora.

Outro potencial uso do drones é a inspeção de infraestrutura. “Para inspecionar uma obra de grande porte como uma ponte, você tem a opção de construir andaimes ou pessoas com grande aparato de segurança”, diz Drobac. “Ou então pode usar um drone, que além de representar economia é muito mais seguro.” O mesmo vale para linhas de transmissão ou antenas de celulares – mas, para que isso seja viável, será necessária a aprovação do uso de drones sem linha de visão para o operador.

Como costuma ocorrer com novas tecnologias, os órgãos reguladores costumam estar um passo atrás, ou vários, das possibilidades técnicas. (No Brasil, a Agência Nacional de Aviação Civil tinha prometido publicar a regulamentação do uso de drones antes da Olimpíada, mas isso não vai mais ocorrer. Não há data anunciada para a divulgação das regras.) Assim como se fala em carros autônomos, já existem vários testes com drones capazes de voar sozinhos. Existem inclusive sistemas similares a um controle de tráfego aéreo 100% automatizado, em que os drones se comunicam entre si para organizar o trânsito e evitar colisões no ar. Mas não há previsão para o uso comercial dessas inovações, e o motivo não é somente burocrático: há um importante trabalho de relações públicas a ser feito junto à população.

No ano passado, um drone caiu nos jardins da Casa Branca. O operador, que estava bêbado, foi preso. Ninguém ficou ferido, mas o incidente teve grande repercussão. A outra questão fundamental é a privacidade: quem garante que sua vida não será vigiada quando os céus estiverem congestionados? “Esses temas chamam a atenção por que são picantes”, diz Drobac. “Mas é a mesma coisa com qualquer nova tecnologia. Logo as pessoas vão entender que os benefícios são muito maiores que os eventuais riscos. Carros também causam acidentes, certo? E você não vê ninguém andando de carruagem por aí.”

(Sérgio Teixeira Jr., de Nova York)

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