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Dona da Rolling Stone processa Google por resumo de IA no buscador

Penske Media acusa o Google de usar resumos com inteligência artificial que prejudicam a audiência e a receita de seus sites

Rolling Stone: conglomerado por trás da revista processou o Google (Manny Carabel / Colaborador/Getty Images)

Rolling Stone: conglomerado por trás da revista processou o Google (Manny Carabel / Colaborador/Getty Images)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 14 de setembro de 2025 às 08h59.

Última atualização em 14 de setembro de 2025 às 11h03.

O conglomerado de mídia americano Penske Media (dono de publicações como Rolling Stone, Billboard e Variety) processou o Google por "uso indevido de conteúdo jornalístico em resumos gerados por inteligência artificial", recurso conhecido como "AI Overviews", integrado nos resultados do buscador.

A ação foi protocolada na noite de sexta-feira, 13, no tribunal distrital de Washington, onde um juiz já havia determinado, em 2023, que o Google mantinha monopólio ilegal no mercado de buscas online nos Estados Unidos.

Segundo a denúncia, os resumos com IA aparecem em cerca de 20% das buscas que apontam para os sites da Penske, prejudicando o tráfego direto e causando queda de mais de um terço na receita proveniente de links afiliados desde o fim de 2024.

A empresa afirma que o Google só exibe seus sites nos resultados caso também possa incluir seus textos nos resumos gerados por IA. Sem essa imposição, o Google teria de pagar pelo uso do conteúdo ou firmar acordos de licenciamento.

Concorrência desigual e efeito dominó

Jay Penske, CEO da companhia, afirma que o Google usa seu domínio de mercado – estimado em 90% das buscas nos EUA – para impor práticas que comprometem a integridade da mídia digital. “Temos a responsabilidade de lutar pelo futuro do jornalismo”, disse.

O Google respondeu que os "AI Overviews" melhoram a experiência dos usuários e criam novas oportunidades para os sites serem descobertos. “Defenderemos essas alegações sem mérito”, declarou o porta-voz José Castañeda, segundo a CNN.

Segundo Castañeda, os cliques originados pelos resumos gerados por IA são de melhor qualidade, pois os usuários tendem a passar mais tempo nas páginas visitadas.

A News/Media Alliance, associação que representa mais de 2.200 veículos nos EUA, criticou a falta de mecanismos para que publishers possam recusar a exibição de seus conteúdos nos resumos do Google. “Outras empresas de IA estão negociando acordos. O Google não precisa disso, porque detém o poder de mercado”, afirmou Danielle Coffey, CEO da entidade, à CNN.

Precedente jurídico e contexto do mercado

Outras empresas de mídia também acionaram a Justiça contra o Google. A plataforma educacional Chegg moveu processo semelhante em fevereiro, alegando que a ferramenta com IA reduz a procura por conteúdo original. Um jornal local do Arkansas, o Helena World Chronicle, entrou com uma ação coletiva na mesma corte.

A Penske argumenta que não pode impedir o Google de indexar seus sites sem sofrer prejuízos comerciais severos, mas ao mesmo tempo é obrigada a ceder conteúdo para alimentar os resumos com IA.

O processo pede indenização financeira e uma ordem judicial que proíba a prática.

Outros grupos de mídia também abriram ações contra empresas de IA. O Wall Street Journal e o New York Post processaram a Perplexity. Já o New York Times moveu ação contra a OpenAI e a Microsoft.

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