Threads quebrou com as décadas da Meta criando “jardins murados” como o Facebook e o Instagram (Jakub Porzycki/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 16 de julho de 2025 às 12h03.
Última atualização em 16 de julho de 2025 às 12h06.
Poucas redes sociais representaram tão bem ideais originais da internet, como abertura, liberdade e igualdade, quanto o antigo Twitter. A plataforma se tornou uma espécie de esfera pública digital, constituindo um espaço, ainda que limitado, no qual era possível compartilhar pensamentos rápidos, atualizações, acompanhar notícias e discutir temas de relevância pública. Mesmo com o fim do Twitter, tais ideais persistem em aplicativos como o Threads, propriedade da gigante Meta, que continua a tentar manter viva essa essência.
Em algumas semanas, serão completos dois anos desde o lançamento do aplicativo, que, de início, parecida improvável, especialmente por ser quase um clone do Twitter e por quebrar com as décadas da Meta criando “jardins murados”, como o Facebook e o Instagram.
No entanto, com a nova rede social, a Meta buscou não apenas manter o formato básico do Twitter, mas também integrá-la ao Fediverse, um ecossistema composto por uma rede descentralizada de plataformas conectadas por protocolos abertos, como o Mastodon. Com essa integração, baseada em protocolos como o ActivityPub, usuários de diferentes aplicações podem visualizar postagens uns dos outros e interagir entre eles, utilizando a que preferem, mas mantendo comunicação com as demais participantes da rede.
Isso representa uma tentativa de trazer à tona a ideia de uma rede mais aberta e menos controlada por grandes corporações – ainda que a Meta seja uma delas. Assim, quase dois anos depois, o Threads busca ser versão aprimorada do Twitter, que completará 20 anos de seu lançamento em 2026, para os novos tempos, oferecendo uma experiência mais conectada com outras redes sociais e permitindo uma interação mais ampla e descentralizada.
No entanto, o Fediverse ainda é uma rede em crescimento, com um número de usuários consideravelmente menor em comparação com gigantes como o X, nome dado ao antigo Twitter sob a propriedade de Elon Musk.
Plataformas como Mastodon e Bluesky, embora promissoras, ainda enfrentam desafios de adoção e engajamento, com a questão da visibilidade sendo um obstáculo significativo. A "galinha e o ovo" das redes sociais permanece um problema: sem usuários suficientes, as plataformas não conseguem gerar o tráfego e a interação necessários para crescer de forma sustentável.
Entretanto, apesar dessas dificuldades, o Threads e outras plataformas descentralizadas que compõem o Fediverse oferecem uma visão do que as redes sociais podem se tornar quando abraçam a ideia de um espaço digital mais democrático e menos monopolizado. Se essa visão se concretizar, poderá representar uma nova era para as redes sociais, mais alinhada aos ideais de liberdade e igualdade que definiram a internet em seus primeiros dias.