Suzanne Lee produz suas roupas artesanalmente usando um processo ainda experimental (Divulgação)
Maurício Grego
Publicado em 19 de junho de 2012 às 06h36.
São Paulo — Que tal circular por aí usando uma roupa feita por bactérias? Essa é a proposta da designer de moda Suzanne Lee. Ela coloca bactérias e fungos microscópicos numa cuba com chá verde e muito açúcar. Os micro-organismos consomem o açúcar e produzem tecido de celulose, que ela usa em suas criações. É um trabalho que junta química, biotecnologia e inovação.
Suzanne é pesquisadora da Universidade Central Saint Martins de Arte, em Londres. Seu processo para fabricar tecidos é uma variante do que é usado para produzir uma bebida tradicional de origem chinesa, a kombucha. Ela demora de duas a três semanas para obter uma peça de tecido.
Esse é o tempo necessário para que as bactérias e fungos formem uma camada de celulose na superfície do chá verde. Com 1,5 centímetro de espessura, essa camada fibrosa pode ser moldada no formato da roupa. Ela é, então, seca e se torna mais fina, pronta para ser tingida, recortada e costurada.
Um problema desse tecido de bactéria é que ele é muito absorvente. Se alguém tomar chuva enquanto estiver usando uma das roupas criadas por Suzanne, o tecido pode ficar com o aspecto de uma esponja encharcada. Ela ainda está pesquisando como tratar as fibras para torná-las resistentes à água.
Suzanne diz que seu trabalho está apenas no início e que esse processo de produção de tecidos ainda pode ser muito aperfeiçoado. Ela vislumbra o dia em que será possível usar algum tipo de molde para que as bactérias produzam as fibras já no formato desejado, dispensando as costuras. No vídeo abaixo (em inglês), ela mostra como trabalha.