México: as primeiras 72 horas após um desastre natural são cruciais para encontrar sobreviventes (Alejandro Cegarra/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2017 às 16h14.
Última atualização em 3 de outubro de 2017 às 16h22.
Cidade do México - Às 6 horas da quinta-feira, Rafael Ortigosa subiu às ruínas do prédio de escritórios Álvaro Obregón, na Cidade do México, e anunciou que sua empresa suspendia os trabalhos de busca e resgate.
Esse não era o resultado que Ortigosa, gerente de vendas para a América do Sul da Leader, fabricante francesa de equipamentos e câmeras de escuta ultrassensíveis, esperava. Embora 28 pessoas tenham conseguido sair do prédio de sete andares que caiu após um terremoto de magnitude 7,1 em 19 de setembro, quando Ortigosa e sua equipe chegaram ao lugar, mais de uma semana depois, não foram achados sobreviventes. Ao todo, 35 corpos foram encontrados no local e pelo menos oito estão desaparecidos.
Se tivéssemos chegado antes, disse Ortigosa, talvez mais algumas pessoas pudessem ter sido salvas. As primeiras 72 horas após um desastre natural são cruciais para levar cães de resgate e equipamentos de busca como os sistemas fabricados pela Leader, disse ele. “É quando ainda é possível detectar pessoas vivas”, disse ele. “Depois disso, é muito difícil.”
Após o terremoto mais mortal que atingiu o país latino-americano em mais de três décadas, se está prestando mais atenção ao que o México fez certo e ao que poderia ter feito melhor. Empresas como a Leader, a israelense Camero-Tech e a Geophysical Survey Systems (GSSI), com sede em New Hampshire, EUA, estão participando desse debate. As três empresas fabricam equipamentos para detectar movimentos ou sons através do entulho e do concreto, e um deles -- o sistema Xaver 400 da Camero -- tinha sido adquirido pelo México como parte da guerra do país contra as drogas.
“O telefone começa a tocar porque de repente os assessores do governo estão dizendo que temos que estar mais bem preparados da próxima vez que isso acontecer”, disse Paul Fowler, vice-presidente de vendas e marketing da GSSI. O LifeLocator da empresa custa US$ 26.000 e pode detectar movimentos humanos sob até 12 metros de detritos.
O terremoto monstruoso matou mais de 300 pessoas e ocorreu exatamente 32 anos depois de outro tremor enorme que devastou a capital do México. As fabricantes de sistemas de busca e resgate afirmam que essas deveriam ser as ferramentas indispensáveis após a queda de um edifício ou em outro desastre natural, mas muitos países ainda não possuem o equipamento correto ou demoram para começar a utilizá-los.
A vários quilômetros das ruínas do edifício Álvaro Obregón, as equipes acharam sobreviventes utilizando o Xaver 400 da Camero. No dia seguinte ao terremoto, o capitão do Exército Israel Velázquez Gutiérrez disse em entrevista à rede de TV de El Financiero que o aparelho portátil, que é apoiado contra o concreto e pode informar o número de pessoas que está dentro de um prédio, tinha detectado que cinco pessoas ainda estavam vivas no edifício parcialmente em ruínas de uma escola.
“Geralmente, esses sistemas são utilizados em situações policiais ou militares”, disse Amir Beeri, CEO da Camero. “É muito bom ver a migração desta tecnologia.”