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Delegado é exonerado após criticar colegas pelo Twitter

Críticas feitas pelo delegado referiam-se à produtividade de colegas de trabalho e ao serviço público


	 "O que mata o serviço público é a tal da estabilidade", afirmou o delegado Pedro Paulo Pontes Pinho em seu perfil no Twitter
 (©AFP/Archivo / Nicholas Kamm)

 "O que mata o serviço público é a tal da estabilidade", afirmou o delegado Pedro Paulo Pontes Pinho em seu perfil no Twitter (©AFP/Archivo / Nicholas Kamm)

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Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2013 às 18h12.

Rio de Janeiro - O delegado Pedro Paulo Pontes Pinho foi exonerado da delegacia do Catete (9ª DP), na zona sul do Rio de Janeiro, após usar o microblog Twitter para criticar o serviço público e a produtividade de colegas de trabalho, sobretudo mulheres. Ele completaria dois anos no cargo em fevereiro.

As declarações, publicadas na tarde de segunda-feira (21), levaram a cúpula da Polícia Civil a exonerá-lo do cargo no fim da noite. O ato foi oficializado nesta terça-feira. Por sua vez, o delegado disse que suas críticas não foram dirigidas a todas as servidoras mulheres, mas a apenas uma que havia faltado ao plantão.

A polêmica começou por volta das 13 horas de segunda, quando o perfil de Pinho (Polícia e Poesia - @Delegado_Pinho) começou a publicar uma série de tuítes com opiniões polêmicas: "O que mata o serviço público é a tal da estabilidade" seguido de "Do efetivo da 9DP, 21 (ou 42%) não possui qualquer vocação para a atividade policial. Alguns destes teriam dificuldade num emprego comum" e "A atividade policial exige certos talentos, e sacrifícios pessoais que poucos têm disposição a dar, como o risco à própria vida, exemplo".

As críticas continuaram: "Se inscrevem num concurso policial como se fosse uma vaga num escritório, só depois se dão conta do salário, plantões, riscos, cobranças" para em seguida emendar com "Tenho 14 mulheres no meu efetivo, mas apenas uma, uma apenas, reúne talento, coragem e disposição pra encarar a atividade policial". Pinho escreveu ainda que "E essa uma, entre 14, jovem ainda, não tem nenhum homem que a supere. A mulher quando é boa no que faz ninguém supera, mas o contrário...".

O delegado concluiu dizendo que "Uma delas, inclusive, faltou ao serviço hoje e enviou um "atestado", porém está por aí, na internet...". O caso veio à tona no início da noite de segunda, após o site da Revista Veja reproduzir três dos tuítes acima.


Nota

Em nota, a chefe de Polícia Civil do Rio, delegada Martha Rocha, disse que Pinho tem "dificuldades em gerir os recursos humanos que lhes são disponíveis" e que por isso "decidiu designar a delegada Monique Vidal para ser a nova titular da 9ª DP (Catete)". A nota diz ainda que Monique Vidal foi escolhida pessoalmente por Martha "considerando sua trajetória como mulher policial".

Martha Rocha determinou ainda a abertura de um procedimento na Corregedoria da Polícia Civil para examinar "os posts do delegado Pedro Paulo Pontes Pinho em seu Twitter durante seu horário de trabalho". Ainda por determinação de Martha Rocha, Pinho foi transferido para o Centro Integrado de Investigação Criminal (Ciac), considerado a "geladeira" da Polícia Civil. O Ciac é responsável pela investigação de inquéritos antigos de delegacias que já foram informatizadas e integradas ao Programa Delegacia Legal.

Procurado pela reportagem, o delegado diz que sentiu-se injustiçado duas vezes. "A primeira injustiça foi a primeira matéria sobre o caso não ter reproduzido todos os tuítes. Da forma como foi construída, realmente dava a impressão que eu estava criticando todas as policiais mulheres, o que não aconteceu. A segunda injustiça foi a chefe de Polícia me punir sem sequer me ouvir. Tenho 27 anos de carreira imaculada, honrada. Ano passado, fui premiado pelo governador (Sérgio Cabral) pela redução dos índices de criminalidade na área da 9ª DP. É esse o tratamento que mereço?".

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