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De queda livre a voo solo: o que fez a Shopee valer quase US$ 100 bi e com alta de 300% nas ações

Logística própria com 3,5 mil pontos de coleta e entrega no dia seguinte e avanço no sudeste asiático

Além da concorrência, Shopee enfrenta desafios como as queixas de moradores sobre o uso de espaços públicos para organizar pacotes e o modelo de pagamento por tarefa (Rafael Henrique/SOPA Images/Getty Images)

Além da concorrência, Shopee enfrenta desafios como as queixas de moradores sobre o uso de espaços públicos para organizar pacotes e o modelo de pagamento por tarefa (Rafael Henrique/SOPA Images/Getty Images)

Publicado em 11 de agosto de 2025 às 11h58.

Última atualização em 11 de agosto de 2025 às 12h21.

Enquanto no e-commerce global nomes como Amazon, TikTok Shop, Shein e Temu dominam, no sudeste asiático, um mercado de US$ 160 bilhões com 675 milhões de consumidores, quem tem se destacado é a Shopee, plataforma de comércio eletrônico da Sea, empresa sediada em Singapura.

Desde o início de 2024, as ações da Shopee subiram mais de 300%, depois de atingirem seu valor mais baixo em janeiro do ano passado. Com isso, a capitalização de mercado de sua empresa-mãe se aproximou dos US$ 100 bilhões.

O sucesso da Shopee é impulsionado, principalmente, por uma operação logística inovadora e focada nas comunidades locais, sustentada por uma força de trabalho improvável: donas de casa, estudantes e aposentados, todos utilizando sacolas gigantes para entregar os produtos.

Essa operação logística é conhecida como SPX Express, uma rede de entrega criada pela Sea que, ao contrário de gigantes como Amazon e TikTok Shop, concentrou esforços no desenvolvimento de uma infraestrutura própria no terreno. Enquanto concorrentes investiam em campanhas publicitárias e vendas relâmpago (as “flash sales”), a Shopee apostou na logística, criando uma rede de entregadores que atendem diversas comunidades na região.

Por causa disso, é comum ver aposentados e outros moradores de Singapura trabalhando como entregadores, carregando pacotes em sacolas ou organizando pequenos pontos de coleta perto de elevadores. Esses trabalhadores informais são a espinha dorsal do SPX Express, que agora gerencia a maioria dos bilhões de pacotes enviados anualmente pela Shopee.

Em 2024, a logística da empresa já representava cerca de 25% do mercado de entregas no sudeste asiático, um feito ainda mais significativo considerando que, em 2022, o SPX Express mal existia.

A operação tem uma impressionante capacidade de processamento, com centros de triagem capazes de processar até 400 mil pacotes por dia. Em Singapura, 90% dos pacotes são entregues no dia seguinte, enquanto quase metade das entregas em outros países da Ásia é feita em até dois dias.

Para sustentar suas operações, a Shopee criou mais de 3,5 mil pontos de coleta, tanto em lojas quanto em residências de moradores. Esse modelo vem sendo expandido de Singapura para outros países, como Indonésia, Taiwan e até o Brasil, onde o serviço vem ganhando força.

Desafios e concorrência

Apesar do crescimento, a Shopee enfrenta desafios. As queixas de moradores sobre o uso de espaços públicos para organizar pacotes e o modelo de pagamento por tarefa (que paga uma pequena quantia por pacote) geram tensões.

Além disso, embora tenha superado brevemente a J&T Express, um gigante indonésio de logística, em volume de pacotes, suas margens continuam apertadas. O sucesso do modelo fora de seu território também segue incerto.

Por fim, a concorrência, especialmente do TikTok Shop, representa outra ameaça. A ByteDance, empresa controladora do rival, tem investido pesadamente na região, formando uma sólida parceria com a J&T Express.

Nesse cenário, para se manter competitiva, a Shopee continua expandindo a variedade de produtos em sua plataforma e trabalhando com os vendedores para reduzir preços e melhorar sua oferta.

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