Londres - Imagens de satélite indicam que as florestas tropicais, da Amazônia às Filipinas, estão desaparecendo em um ritmo mais acelerado do que se imaginava, afirmou uma equipe de pesquisadores florestais da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos.
A taxa anual de desmatamento entre 1990 e 2010 foi 62 por cento mais alta do que na década anterior, e acima das estimativas, de acordo com um estudo conduzido com mapas de satélites que cobrem 80 por cento das florestas tropicais do mundo.
O novo estudo questiona um levantamento do Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que indicou que o ritmo do desmatamento diminuiu 25 por centro entre 1990 e 2010.
Até agora, “o relatório Avaliação de Recursos das Florestas (FRA, na sigla em inglês) da FAO era a única fonte disponível para estimar a mudança de longo prazo nas florestas e suas tendências”, disse Do-Hyung Kim, principal autor do estudo, que deve ser publicado no periódico Geophysical Research Letters.
“Entretanto, o relatório da FAO foi criticado pela falta de consistência de seus métodos de pesquisa e da definição do que é uma floresta. Nosso resultado é importante por fornecermos uma alternativa ao FRA baseada em imagens de satélite”, afirmou.
O levantamento da FAO se baseou em grande parte em relatos dos próprios países onde estão as florestas tropicais, disse Kim. Em comparação, ele e seus colegas da Universidade de Maryland analisaram 5.444 imagens da rede de satélites Landsat de 1990, 2000, 2005 e 2010 para avaliar quanto de floresta se perdeu ou se recuperou em 34 países, que representam cerca de 80 por cento das florestas tropicais do mundo.
No período entre 1990 e 2000, a taxa anual de desmatamento em todos os países foi de quatro milhões de hectares por ano, segundo o estudo.
Entre 2000 e 2010, a taxa de desmatamento chegou a 6,5 milhões de hectares por ano, um aumento de 62 por cento – uma área florestal do tamanho do Sri Lanka por ano.
América Latina lidera desmatamento
O estudo revelou que a América Latina tropical teve as maiores taxas de desmatamento anuais – 1,4 milhão de hectares por ano entre os anos 1990 e 2000. O Brasil liderou a lista, com um desmatamento anual de 0,6 milhão de hectare por ano.
A Ásia tropical teve a segunda maior alta, 0,8 milhão de hectares por ano, liderada por países como Indonésia, Malásia, Camboja, Tailândia e Filipinas, e a África tropical teve a menor incidência anual de desmatamento, apesar do aumento constante devido aos cortes principalmente na República Democrática do Congo e em Madagascar.
Entretanto, Rodney Keenan, pesquisador florestal da Universidade de Melbourne que participou do último levantamento da FAO, declarou que o relatório da agência pode não ser tão inexato quanto parece.
“O estudo de Kim só usou imagens automáticas geradas remotamente. Isso oferece um quadro de um aspecto da mudança florestal, enquanto estimativas no local e o gerenciamento de informações oferecem outras perspectivas”, como saber se terras desmatadas serão reflorestadas, disse ele.
Kim, por sua vez, afirmou que o FRA não captou sinais de desmatamento óbvios nas imagens de satélite.
A FAO deve publicar uma avaliação florestal atualizada em setembro no Congresso Florestal Mundial.
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1/11 (Getty Images)
São Paulo - Elas cobrem apenas 30% da superfície terrestre, mas abrigam 80% de toda biodiversidade, garantem o sustento de 1,6 bilhão de pessoas que dependem diretamente delas para sobreviver, possuem as mais importantes reservas de água doce do mundo e ainda ajudam na estabilização do clima. Apesar de todo seu valor para a manutenção da vida na Terra, as florestas estão em alarmante declínio. Centenas de espécies de animais e plantas vivem, hoje, confinadas a fragmentos de florestas que foram dizimadas para uso comerciais. A fim de alertar sobre os riscos da perda desses celeiros da biodiversidade, a ONU declarou 2011 o Ano Internacional das Florestas. Em paralelo, a ONG Conservação Internacional (CI, na sigla em inglês) lançou uma lista das dez regiões florestais mais ameaçadas do mundo. Cada um abriga pelo menos 1.500 espécies de plantas endêmicas, ou seja, que só existem ali, e todas já perderam pelo menos 90% da sua formação original. A lista inclui florestas no sudeste asiático, na Nova Zelândia, nas montanhas do sudoeste da China, na região costeira da África Oriental e na ilha de Madagascar. O Brasil aparece na lista com a Mata Atlântica, a 5ª floresta mais ameaçada do mundo, da qual restam apenas 8% da cobertura original. Confira a seguir.
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2. 1º - Regiões da Indo-Birmânia (Ásia-Pacífico)
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2/11 (Conservation International / Sitha Som)
São Paulo - Os rios e pântanos da Indo-Birmânia são extremamente importantes para a conservação de aves, tartarugas e alguns dos maiores peixes de água doce do mundo, como a lampreia gigante e a carpa dourada de Jullien. Seus ecossistemas aquáticos estão sob intensa pressão em diversas áreas, principalmente nas regiões alagáveis das planícies aluviais de água doce, hoje praticamente destruídas pelo cultivo de arroz. Rios foram represados para gerar eletricidade, resultando no alagamento de bancos de areia e de outros hábitats que normalmente ficariam expostos durante a estação seca, com impactos severos sobre ninhos de aves e espécies de tartarugas. A conversão de mangues em reservatórios de aquicultura de camarão e a pesca excessiva com uso de técnicas destrutivas agravam ainda mais os problemas desses ecossistemas costeiros, que hoje possuem apenas 5% de sua formação original.
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3. 2º - Nova Caledônia (Ásia-Pacífico)
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3/11 (Conservation International/ Bruce Beehler)
São Paulo - A Nova Caledônia, uma das menores regiões florestais de todo o mundo, é formada por um grupo de ilhas localizadas no Pacífico Sul, no extremo sul da região da Melanésia, mil e duzentos quilômetros a leste da Austrália. A Nova Caledônia é o lar de pelo menos cinco famílias de plantas endêmicas, incluindo a única conífera parasitária do mundo e quase dois terços de todas as espécies de araucárias, que são endêmicas da região. Entre as maiores ameaças à flora e fauna locais estão a mineração de níquel - a região é um dos grandes produtores mundiais -, a agricultura insustentável e a proliferação de espécies invasoras. Restam apenas 5% de seu habitat original.
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4. 3º - Sunda (Indonésia, Malásia e Brunei - Ásia-Pacífico)
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4/11 (Conservation International/ Haroldo Castro)
São Paulo - As florestas de Sunda cobrem a metade ocidental do arquipélago Indo-Maláio, um arco de cerca de 17 mil ilhas equatoriais, dominado pelas duas maiores do mundo: Boréo e Sumatra. Suas espetaculares flora e fauna estão sucumbindo devido ao crescimento explosivo da indústria florestal e do comércio internacional de animais que captura tigres, macacos e tartarugas para fazer alimentos e remédios em outros países. Populações de orangotangos, encontradas apenas nessas florestas, estão em dramático declínio. Alguns dos maiores refúgios de espécies de rinocerontes do sudeste asiático também são encontrados aí. A produção de borracha, óleo de dendê e celulose são os três principais fatores que levam à degradação e destruição da biodiversidade local. Hoje, cerca de 7% da extensão original da floresta permanecem mais ou menos intactos.
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5. 4º - Filipinas (Ásia-Pacífico)
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5/11 (Olivier Langrand)
São Paulo - As florestas filipinas são uma das áreas florestais mais ameaçadas. Diversas espécies endêmicas estão confinadas a fragmentos de florestas que cobrem apenas 7% de sua extensão original. Isso inclui cerca de 6 mil espécies de plantas e diversas espécies de aves, como a águia das Filipinas, a segunda maior águia do mundo. Historicamente devastadas pela atividade madeireira, os hoje poucos remanescentes estão sendo dizimados pela agricultura e para acomodar as necessidades da alta taxa de crescimento populacional e severa pobreza rural do país. O sustento de cerca de 80 milhões de pessoas depende principalmente de recursos naturais provenientes das florestas.
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6. 5º - Mata Atlântica (América do Sul)
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6/11 (Conservation International / John Martin)
São Paulo - Estendendo-se por toda a costa atlântica brasileira e em partes do Paraguai, Argentina e Uruguai, a Mata Atlântica abriga 20 mil espécies de plantas, sendo 40% delas endêmicas. Ainda assim, menos de 10% da floresta permanece de pé. Mais de duas dúzias de espécies de vertebrados ameaçadas de extinção estão lutando para sobreviver na região, incluindo micos-leões-dourados e seis espécies de aves que habitam uma pequena faixa da floresta no Nordeste. Começando com o ciclo da cana-de-açúcar, seguido das plantações de café, a região vem sendo desmatada há centenas de anos e, agora, está enfrentando pressão por conta da crescente urbanização e industrialização do Rio de Janeiro e São Paulo. Mais de 100 milhões de pessoas, além da indústria têxtil, agricultura, fazendas de gado e atividade madeireira da região dependem do suprimento de água doce desse remanescente florestal.
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7. 6º - Montanhas do Centro-Sul da China (Ásia)
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7/11 (Conservation International / Piotr Naskrecki)
São Paulo - O ameaçado panda gigante, quase totalmente restrito a pequenas porções de florestas, é a bandeira da conservação das Montanhas do Centro-Sul da China, região com ampla gama de hábitats e altas taxas de espécies nativas. Essas montanhas também alimentam a maioria dos sistemas hídricos da Ásia. A construção da maior barragem do mundo, a de Três Gargantas, no rio Yangtze, já ameaçou e continua ameaçando fortemente a biodiversidade da área. Outras barragens também estão sendo planejadas em todos os rios principais da floresta, o que deve afetar os ecossistemas e a subsistência de milhões de pessoas. As atividades ilegais de caça, coleta de lenha e pastagem são outras ameaças à biodiversidade da região, que possui apenas 8% de sua extensão original intacta.
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8. 7º - Província Florística da Califórnia (América do Norte)
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8/11 (William Crosse)
São Paulo - A Província Florística da Califórnia é o lar da sequoia gigante, o maior organismo vivo do planeta, e alguns dos últimos condores da Califórnia, a maior ave da América do Norte. É o local de maior reprodução de aves dos Estados Unidos. Segundo a CI, diversas espécies de grandes mamíferos antes encontrados nesse local estão extintas, incluindo o urso cinzento, que aparece na bandeira da Califórnia e tem sido símbolo do estado há mais de 150 anos. A destruição causada pela agricultura comercial é uma grande ameaça para a região, que gera metade de todos os produtos agrícolas utilizados pelos consumidores dos EUA. As florestas locais são também fortemente ameaçado pela expansão de áreas urbanas, poluição e construção de estradas, o que tornou a Califórnia um dos quatro estados de maior degradação ambiental do país. Hoje, apenas cerca de 10% da vegetação original permanecem mais ou menos intacta.
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9. 8º - Florestas Costeiras da África Oriental (África)
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9/11 (Robin Moore/iLCP)
São Paulo - Apesar de pequenos e fragmentados, os remanescentes que formam as Florestas Costeiras da África Oriental contêm níveis extraordinários de biodiversidade. As 40 mil variedades cultivadas da violeta africana, base de um comércio global de folhagens que movimenta US$100 milhões anualmente, são todas derivadas de um punhado de espécies encontradas nas florestas costeiras da Tanzânia e do Quênia. Cerca de 200 mamíferos são encontrados na região, sendo 11 endêmicos, incluindo o musaranho-elefante. A expansão agrícola continua sendo a maior ameaça para essas florestas que têm nos primatas sua espécie símbolo. Devido à pobre qualidade do solo e a uma tendência de crescimento populacional, a agricultura de subsistência, assim como as fazendas comerciais, continua a consumir mais e mais os recursos naturais da região, que tem apenas 10% restante das florestas originais.
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10. 9º - Madagascar e ilhas do Oceano Índico (África)
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10/11 (Frank Vassen/ Creative Commons)
São Paulo - Esta região é um exemplo vivo da evolução de espécies em isolamento. Madagascar e o grupo de ilhas vizinhas possuem um total impressionante de oito famílias de plantas, quatro famílias de aves e cinco famílias de primatas que não existem em nenhum outro lugar da Terra. As mais de 50 espécies de lêmures de Madagascar são os carismáticos embaixadores para a conservação da ilha, embora diversas espécies já tenham entrado em extinção. Em uma área que é das mais prejudicadas economicamente no mundo, a alta taxa de crescimento populacional está colocando uma enorme pressão sobre o ambiente natural. A agricultura, a caça e a extração não sustentável de madeira, além da mineração em grande e pequena escalas, são ameaças crescentes. Estima-se que restam apenas 10% do hábitat original.
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11. 10º - Florestas de Afromontane (África Oriental)
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11/11 (Cristina Mittermeier/ iLCP)
São Paulo - As montanhas de Afromontane Oriental são dispersas ao longo da extremidade oriental da África, desde a Arábia Saudita ao norte até o Zimbábue ao sul. Embora geograficamente dispersas, essas montanhas compreendem uma flora extraordinariamente similar e abrigam mais mamíferos, aves e anfíbios endêmicos do que qualquer outra região da África. A região também possui alguns dos mais extraordinários lagos do mundo, que servem de habitat para 617 espécies endêmicas. Assim como na maioria das áreas tropicais, a principal ameaça a essas florestas é a expansão da agricultura, especialmente com grandes plantações de banana, feijão e chá. Outra ameaça relativamente nova, que coincide com o aumento da população, é o crescente mercado de carne. Hoje, apenas 11% do hábitat original da região permanece intacto.