São Paulo – O tradicional festival South by Southwest (SXSW), que aconteceu em março na cidade de Austin (Texas), é importante vitrine de tendências para o mundo da música e tecnologia.

A edição 2012 foi invadida pelos chamados aplicativos “so-mo” (social-mobile), que integram características de redes sociais, como o compartilhamento de informações dos usuários, aos serviços de geolocalização. Um dos aplicativos, em especial, chamou a atenção em Austin, o Highlight.

Fundada pelos engenheiros americanos Paul Davison e Ben Garrett, a startup de São Francisco lançou o aplicativo no começo do ano. O objetivo do app, disponível apenas para iPhone, é o de conectar pessoas desconhecidas que estejam geograficamente próximas e que tenham interesses em comum.

Em entrevista exclusiva a EXAME.com, por e-mail, Davison, CEO da empresa, contou um pouco mais sobre o app que propõe mudar a maneira como os usuários das redes sociais, até então estranhos, vão interagir na vida real daqui pra frente.

EXAME.com – Qual é a ideia por trás do Highlight?

Davison – Se você pensar bem, as pessoas com as quais nos relacionamos estão entre as coisas mais importantes e nada afeta mais a nossa felicidade que aqueles ao nosso redor. Porém, a maneira como interagimos e trazemos novos indivíduos para dentro da nossa vida ainda é ineficiente.

Lembro-me de um episódio no começo do ano passado. Entrei em um café e me deparei com um cara usando uma camiseta de uma nova startup de que já havia lido a respeito. Aproximei-me e perguntei se ele trabalhava lá e ele respondeu que, na verdade, era o fundador da empresa. Conversamos muito e foi ótimo. Porém isso só aconteceu porque ele estava usando a camiseta.

A ideia, portanto, é que, pela primeira vez na história, a tecnologia móvel está tornando possível que uma conexão virtual apareça no ambiente real. Isso muda completamente a forma como conhecemos outras pessoas. Nos ajuda a ver coisas que não teríamos visto. 

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Exame.com – Porque alguém se cadastraria em um app que mostra sua localização e permite que estranhos entrem em contato?

Davison – Para ser claro, o foco do Highlight não é compartilhar a localização. O objetivo é dividir uma pequena parte da sua vida com pessoas que estejam próximas. E, se você não estiver perto de mim, não terei ideia de onde estará.

Além disso, dividir coisas com aqueles que estão próximos é algo que sempre fizemos. Usamos camisetas de bandas ou time favorito.

Somos naturalmente curiosos e adoramos observar os outros. O Highlight apenas facilita essa aproximação, permitindo que você possa enxergar o que tem em comum com outros.

A privacidade é uma parte bem importante do projeto. É possível customizar todos os ajustes de privacidade para que apenas amigos ou amigos de amigos possam acessar o perfil. Além disso, o aplicativo pode ser pausado a qualquer momento.

Exame.com – Acredita que as redes sociais estão caminhando para deixarem o âmbito virtual, dos computadores e aparelhos móveis, para a vida real dos usuários?

Davison – Sim, acho que é uma tendência que veremos cada vez mais nas redes sociais. Aparelhos móveis estão permitindo que as conexões da web venham para o mundo real. E já estamos ouvindo histórias fantásticas sobre como o aplicativo está ajudando usuários.

Seja para lembrar o nome de outras pessoas, ver os seus amigos que estão nas proximidades e perceber conexões compartilhadas com outros. Ainda temos muito trabalho pela frente, porém a resposta inicial é muito animadora.

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Exame.com – Quais são os planos para o futuro do aplicativo? Versão para Android e outros sistemas operacionais? 

Davison – Estamos focados em aspectos de velocidade, design e relevância do aplicativo. Queremos que o Highlight seja um produto simples, bonito, de que as pessoas gostem e que esteja sempre evoluindo.

Não temos interesse em adicionar novas funcionalidades, queremos nos manter focados na experiência original. Outras plataformas também são muito importantes para nós, mas ainda não temos nenhuma previsão.

EXAME.com - Podemos esperar a expansão do aplicativo para outros idiomas, como português, por exemplo?

Davison – Claro, esperamos expandir em breve para outros idiomas e o português é, sem dúvida, uma prioridade.

Exame.com – E em relação às reclamações do público de que o aplicativo estaria sugando a bateria do iPhone? Existe algum esforço da empresa para resolver o problema?

Davison – Passamos um bom tempo aperfeiçoando o uso da bateria. Até onde sabemos a última versão do aplicativo já reflete isso.