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Correa baixa o tom no caso Snowden

São Paulo - O pedido de asilo à Rússia por parte do americano Edward Snowden pode 'solucionar definitivamente' a situação do ex-consultor de inteligência, disse nesta...

Correa (©afp.com / Rodrigo Buendia)

Correa (©afp.com / Rodrigo Buendia)

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Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2013 às 13h28.

São Paulo - O pedido de asilo à Rússia por parte do americano Edward Snowden pode "solucionar definitivamente" a situação do ex-consultor de inteligência, disse nesta segunda-feira o presidente do Equador, Rafael Correa, em entrevista exclusiva à AFP.

A entrevista foi realizada em seu gabinete no Palácio presidencial de Carondelet.

"Minha opinião é que o pedido ao governo russo pode solucionar já, definitivamente, a situação do senhor Snowden", declarou o presidente, depois que Moscou anunciou ter recebido um pedido de asilo do fugitivo.

Correa explicou que seu país não pode tramitar o pedido de Snowden enquanto não estiver em território equatoriano, mas "no momento em que chegar à embaixada, aí poderemos tramitar".

"Snowden se encontra em território russo. Creio que, claro, se estiver em território russo e fizer um pedido de asilo à Rússia, lá pode-se tramitar e solucionar a situação, na qual se encontra", frisou.

Correa se distanciou, porém, da postura de seu homólogo russo, Vladimir Putin, que afirmou nesta segunda que Snowden poderá ficar em seu país, caso se comprometa a não fazer mais vazamentos que prejudiquem os EUA.

"Eu respeito muitíssimo a Rússia e seu presidente, mas com essa parte eu não concordo. Seria bom que o senhor Snowden dissesse ao mundo tudo o que sabe, mas somos muito respeitosos com a soberania russa, e eles estabelecerão as condições enquanto Snowden estiver em seu território", afirmou.

Correa disse ainda que não pretende se intrometer nas conversas entre Washington e Moscou, depois que ambos os governos encarregaram o FBI e a agência russa correspondente de encontrar uma solução para o caso.

"Eles (Putin e o presidente americano, Barack Obama) terão de tomar as decisões por seus países, nós não vamos nos envolver no que estão falando", comentou.

O presidente Correa garantiu que exigiu formalmente do fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, há um ano asilado na embaixada equatoriana em Londres, a não fazer declarações em nome do Equador. O WikiLeaks assessora Snowden legalmente.

"Me incomodou, sim, um pouquinho a atuação de Assange e, esta manhã (segunda-feira), falei com o chanceler (equatoriano, Ricardo Patiño) para que lhe transmita (a mensagem) de que não se refira a situações do nosso país", afirmou o presidente.

"O que ele sabe do telefonema que (o vice-presidente dos EUA) Joe Biden me fez? E diz que ele me telefonou para me pressionar. Nunca teria permitido um telefonema para receber pressões. O vice-presidente foi muito amável, muito educado. Não é correto o que Assange declarou", frisou.

Correa ressaltou que "o apreço, a estima por Assange continua intacta", assim como a proteção oferecida pelo Estado equatoriano.

"Pode ficar na embaixada o tempo que considerar necessário. Para nós, não é incômodo algum", disse Correa, acrescentando que não há novidades nesse caso e que a solução continua nas mãos de Reino Unido e Suécia, país que pede sua extradição sob a alegação de que ele teria cometido crime sexual.

"Nunca vamos nos desvincular desses temas, nem dos que afetarem a humanidade. Nunca vamos fugir das nossas responsabilidades. Se o senhor Snowden chegar ao território equatoriano e se mantiver a solicitação de asilo, teremos de tramitá-la e faremos isso soberanamente", garantiu.

Correa reforçou, contudo, que "juridicamente, o caso é da Rússia".

Sobre o pedido de explicações da União Europeia (UE) aos Estados Unidos, que teria espionado diplomatas europeus, o presidente do Equador disse se tratar de um fato "gravíssimo" e "o maior caso de espionagem na história da humanidade".

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