Tecnologia

Core i7 3960X

Em 2011, a Intel incitou uma mudança considerável no cenário da computação pessoal com a arquitetura Sandy Bridge. O mercado de notebooks foi um dos mais afetados: já não é preciso fazer uso de uma GPU dedicada para usufruir de um processamento gráfico decente. Mas esta não é a ocasião de lembrar os méritos desses […]

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Da Redação

Publicado em 29 de março de 2012 às 16h05.

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Em 2011, a Intel incitou uma mudança considerável no cenário da computação pessoal com a arquitetura Sandy Bridge. O mercado de notebooks foi um dos mais afetados: já não é preciso fazer uso de uma GPU dedicada para usufruir de um processamento gráfico decente. Mas esta não é a ocasião de lembrar os méritos desses chips nas camadas baixas e médias da computação. Este artigo não trata sequer da parcela aristocrática dos processadores Sandy Bridge, mas sim da própria família real: as CPU Core i7 Sandy bridge-E.

 Falamos em “família”, mas, por enquanto, há apenas três membros: o Core i7 3960X, o Core i7 3930K e o Core i7 3820. O processador que testamos foi justamente o primeiro da lista e mais poderoso dos três. Trata-se de uma CPU de seis núcleos e doze threads, com frequência básica de 3,3 GHz e Turbo Boost máximo de 3,9 GHz. Cabe lembrar que o 3960X já foi lançado há algum tempo (final de 2011) e existem vários relatórios de benchmarks que tentam mensurar as capacidades desse processador. O diferencial do teste que realizamos é o software. Além de rodarmos os benchmarks em uma versão mais atualizada do Windows 7, executamos os mesmos programas de avaliação de desempenho na versão beta do novo Windows 8. 

 Qual é o sentido de realizarmos esse tipo de teste? Um descompasso entre os eventos dos mundos do software e do hardware. Enquanto há uma possibilidade razoável de que o Windows 8 chegue às prateleiras ainda no último trimestre de 2012, a arquitetura Ivy Bridge-E (que superaria o Sandy Bridge-E) provavelmente só dará as caras nos primeiros meses de 2013. Claro, o Windows 8 ainda está na fase “consumer preview”, logo os resultados que aferimos deve ser considerados com alguma reserva. 

 No linguajar da Intel, o Ivy Bridge é apenas um “tick” para o “tock” do Sandy Bridge, ou seja, ele é essencialmente uma melhora nos processos de fabricação, uma versão mais eficiente da arquitetura anterior. Em outras palavras, a versão convencional da nova arquitetura, que deve chegar em meados de 2012, dificilmente apresentará um ganho de performance grande o suficiente para convencer quem comprou o 3960X a fazer uma troca antecipada de CPU. Resumindo, há grandes chances de que os donos de um 3960X usarão o Windows 8 com esse mesmo processador por algum tempo antes que uma alternativa superior apareça. 

 Mas, pelo menos por enquanto, chega de papo e vamos aos resultados dos benchmarks. Depois de contemplarmos a grandeza das barras azuis erigidas pelo Core i7 3960X, discutiremos algumas de suas particularidades técnicas. Os testes foram realizados em uma máquina com um SSD de 128 GB e 8 GB de RAM.

Benchmark PCMark 7 (em pontos)
Barras maiores indicam melhor desempenho

Core i7 3960X rodando Windows 7

5.232

Core i7 3960X rodando Windows 8

4.967

Benchmark Geekbench (em pontos)
Barras maiores indicam melhor desempenho

Core i7 3960X rodando Windows 8

14.107

Core i7 3960X rodando Windows 7

12.978

Benchmark Cinebench single core rendering (em pontos)
Barras maiores indicam melhor desempenho

Core i7 3960X rodando Windows 7

6.304

Core i7 3960X rodando Windows 8

6.286

Benchmark Cinebench multicore rendering (em pontos)
Barras maiores indicam melhor desempenho

Core i7 3960X rodando Windows 7

33.311

Core i7 3960X rodando Windows 8

32.630

Índice de experiência do Windows (em pontos)
Barras maiores indicam melhor desempenho

Core i7 3960X rodando Windows 7

7.7

Core i7 3960X rodando Windows 8

7.5

Para contar a história curta das nossas impressões a respeito do 3960X basta dizer que estes foram os melhores resultados que uma CPU já alcançou no INFOlab. Mas isto seria como resumir “Guerra e Paz” com a frase “Kutuzov vence a guerra no final”. Além de simplista, tal conclusão é óbvia. Vamos explicar resumidamente o que torna esse processador especial e quais são suas limitações. 

 Primeiramente é preciso entender que o 3960X não é um componente isolado, ele foi lançado em conjunto com um novo chipset, o X79 “Patsburg”. Chipsets são conjuntos de circuitos que gerenciam a interação entre o processador e os outros componentes do sistema como a RAM, o HD, a placa de vídeo ou os vários periféricos que temos a nossa disposição (aparelhos conectados via USB, por exemplo). É no chipset que encontramos o primeiro ponto decepcionante do conjunto: a Intel quase não mudou nada com relação ao P67 Express que funciona em conjunto com os chips Sandy Bridge convencionais. 

 O X79 oferece as mesmas 14 portas USB 2.0, a mesma configuração de SATA (duas SATA 6 Gbit/s e quatro SATA 3 Gbit/s) e os mesmos 8 slots de PCI Express. A falta mais evidente é o suporte nativo a USB 3.0, mas algumas portas SATA 6 Gbit/s também não fariam mal algum. A NEC e a AMD, no entanto, não devem ter reclamações a esse respeito. Por outro lado, o X79 tem suporte a PCIe 3.0, que pode ser utilizado com as placas de vídeos mais recentes, como a recém lançada GeForce GTX 680. Outras melhorias relacionada à interação com periféricos ficam a cargo da CPU, que oferece uma série de configurações possíveis para o uso das PCIe, incluindo dois slots x16 para quem usa duas GPU em paralelo. 

 Se olharmos para os valores do clock do 3960X, veremos que nesse aspecto específico, ele não é muito diferente de outro processador avançado da Intel, o Core i7 2700K. Este último oferece quatro núcleos que rodam a uma frequência base de 3,5 GHz e Turbo Boost de 3,9 GHz. Considerando que são poucas as aplicações que fazem uso dos seis núcleos, seria possível argumentar que a 3960X não pode proporcionar ganhos expressivos de velocidade. Mas o clock é só parte da história. O grande diferencial do 3960X está em outro lugar: na banda de memória e na organização do die (a placa de silício onde o circuito é gravado). 

O 3960X oferece quatro canais de DDR3 RAM, o dobro da banda disponível em processadores como o 2700K. Cada canal suporta um módulo de frequência 1600 MHz ou dois módulos de frequência 1333 MHz, o que torna o uso de conjuntos de quatro ou oito DIMMs ideal para atingir todo o potencial da CPU.

Ainda falando em memória, mas de outra natureza, o 3960X possui um cache L3 de tamanho assombroso: 15 MB. Tal número implica em um atraso um pouco mais longo para CPU acessar os dados, mas tal intervalo, que já é pouco perceptível, se torna cada vez mais irrelevante conforme o processador lida com aplicações mais complexas, que se beneficiam da maior quantidade de memória. Há algumas décadas era raro encontrar uma workstation com 1 MB de memória. Agora a Intel oferece um processador em que cada núcleo tem 2,5 MB de cache à sua disposição... 

 Passando para o die, notamos que a CPU dispões de muito do espaço disponível da plaquinha de silício. Há, consequentemente, mais espaço para transistores: são 2,27 bilhões. Mas para encontrar espaço para novos controladores de memória e transistores, a Intel foi forçada a eliminar a GPU que vinha integrada ao die na arquitetura Sandy Bridge, justamente aquela que, no início do artigo apontamos como um grande mérito desses chips. Ainda assim, é preciso considerar que quem está disposto a comprar um processador como o 3960X provavelmente também está disposto a comprar uma GPU dedicada de alto nível. Levando em conta que recursos como o Quick Sync são desativados na presença de uma placa gráfica discreta, a perda deixa de ter tanta importância. 

 Por fim, há a questão do overclock. Com a arquitetura Sandy Bridge a Intel fixou a frequência de operação da motherboard em 100 MHz, o que a principio impede o overclock tradicional. A própria Intel disponibilizou meios de evadir essa limitação em seus processadores mais avançados, os da série K. No caso do Sandy Bridge-E o valor do clock geral pode ser alterado (dentro de limites pré-determinados) apenas para a CPU, o que confere ainda mais flexibilidade à configuração do clock do processador. 

 Quanto à aplicação prática de todos os recursos que o 3960X oferece, o público-alvo desse processador para ser bem específico. Trata-se de uma CPU que definitivamente está um passo acima da série K, mas que também está um passo atrás da linha Xeon, destinada a servidores e workstations. Em termos de processador “caseiro”, não há nada no mercado atual que se compare ao 3960X se o usuário precisar rodar uma das raras aplicações que utilizam mais do que quatro núcleos. Quanto aos gamers, o power gating de alguns dos núcleos e a quantidade de cache podem fazer alguma diferença, mas a experiência prática não deve ser muito diferente da obtida com processadores da linha K.

Ficha técnica

Avaliação técnica

PrósMelhor desempenho de uma CPU já medido no INFOlab; 15 MB de cache L3; quatro canais de RAM;
ContrasChipset X79 não muito melhor que o Cougar Point;
ConclusãoExcetuando-se os gamers mais assíduos ou quem trabalha com grandes volumes de dados mas prefere não utilizar uma workstation, é difícil imaginar alguém que precise de todo esse poder de fogo;
Média9.0
PreçoR$ 1825
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