Da Redação
Publicado em 26 de junho de 2012 às 20h35.
Para representar a nova linha, escolhemos o poderosíssimo Core i7 3770K, que passou por testes rodando o Windows 7. Trata-se de um chip com quatro núcleos que rodam a uma frequência básica de 3.5 GHz. Nas ocasiões em que o sistema não precisa de todos esses núcleos operando simultaneamente, um deles pode atingir até 3.9 GHz. Também sobra memória nele: são 8 MB de cache L3, que é compartilhado pelo quarteto de núcleos. A banda de memória aumentou com relação à geração anterior e agora há suporte a frequências maiores de RAM, mas mantivemos a mesma configuração do teste com o Sandy Bridge-E 3960X (4 GB de RAM 1333 MHz e um SSD de 128 GB).
A origem da estratégia que culminou com o trio Sandy Bridge, Ivy Bridge e Haswell remonta há pelo menos cinco anos atrás. Nessa época a Intel propôs para si mesma um calendário inspirado na Lei de Moore para o desenvolvimento de novos chips. Tudo se fundava em um movimento pendular aptamente apelidado de tick-tock: a cada ano um novo processo de fabricação de processadores (o tick) se sucederia a uma nova arquitetura (tock).
Em 2011, o tock Sandy Bridge tomou de assalto o território dos notebooks e dos desktops com várias mudanças arquiteturais, entre as quais a mais evidente foi a integração da GPU ao mesmo bloco de silício (die) utilizado pelos núcleos da CPU. A Intel HD Graphics 3000, como ficou conhecido esse órgão de processamento gráfico, foi o primeiro passo para emancipar parte dos usuários da necessidade de uma placa de vídeo discreta, mas trataremos desse assunto com mais profundidade depois.
Como todo tick, o Ivy Bridge lançado em 2012 não tinha por objetivo elevar o desempenho da CPU para outra ordem de magnitude. Na verdade, a ideia central era reduzir o die (de 32 nm para 22 nm) para diminuir o custo de produção e tornar o chip menos sedento por eletricidade. Antes de ser um sucessor do Sandy Bridge, o principal papel do Ivy Bridge é criar um ambiente seguro de testes para o novo processo de fabricação, que será amadurecido para eventualmente acomodar o futuro tock chamado Haswell.
Não por acaso, os resultados de nossos testes com o PCMark 7 traçam o perfil de um chip ligeiramente mais rápido que os modelos Sandy Bridge equivalentes, pelo menos no que diz respeito à performance da CPU. Quando o comparamos com o Sandy Bridge Extreme, a linha focada em performance da geração anterior, notamos que o 3770K fica algumas posições abaixo no pódio. Tal comparação a princípio desfavorece a nova CPU, mas obter uma marca tão próxima da de um monstro como o Core i7 3960X é um feito elogiável. Vale mencionar que também rodamos o PCMark 7 sobre o Windows 8 Release Preview, teste que rendeu ao 3770K impressionantes 6.008 pontos. Não incluímos uma comparação com o 3960X nesse caso porque os testes são díspares demais para dar fundamento a qualquer julgamento confiável.
Benchmark PCMark 7 (em pontos)
Barras maiores indicam melhor desempenho
Core i7 3960X rodando Windows 7
Core i7 3770K rodando Windows 7
A conclusão mais importante que podemos extrair desses resultados é que o Ivy Bridge atinge níveis de desempenho altíssimos com um consumo de energia menor. O TDP do 3770K é de apenas 77 W, ou seja, o sistema de resfriamento da máquina deve ser projetado para dissipar essa quantidade de energia. Um chip Sandy Bridge de configuração equivalente, como o Core i7 2700K, tem um TDP consideravelmente mais alto: 95 W. Nesse sentido, quando nosso olhar se desloca para os processadores de aparelhos móveis, como notebooks, o verdadeiro trunfo do Ivy Bridge se revela. Graças a ele a Intel tem uma chance real de invadir o mercado de tablets, trazendo toda a força do x86 para um mercado que não pode se dar ao luxo de produzir máquinas que esquentam e consomem muita eletricidade. O tablet da Microsoft Surface Pro, que contém um Core i5 Ivy Bridge, será o primeiro grande teste da plataforma nesse nicho monopolizado pela ARM.
Apesar da melhora previsivelmente conservadora do desempenho da CPU, podemos dizer que Ivy Bridge não é um tick convencional. A CPU em si não introduz novidades muito radicais, mas a GPU foi muito aprimorada. Conforme mencionamos acima, a Intel já havia introduzido um componente de processamento gráfico integrado no die dos chips Sandy Bridge. Foi um passo grande para a época, mas o desempenho ainda era inferior ao de placas da Nvidia e até mesmo de algumas soluções integradas da AMD.
A Intel se tornou mais agressiva com a Intel HD Graphics 4000 do Ivy Bridge: o número de unidades de execução (os responsáveis, além de outras funções, por pintar cada pixel da tela) saltou de 12 para 16 e esse novo grupo é mais eficiente que o anterior. Agora a controladora gráfica suporta até três monitores simultâneos Mesmo esperando uma melhora, os resultados dos testes com o benchmark 3DMark 11 nos surpreenderam. Em ambos, a pontuação final superou a de muitos notebooks com placas de vídeo dedicadas básicas, como a GeForce 520M. É injusto comparar os resultados de um processador de desktops com os de uma placa para notebooks, mas essa vitória da Intel demonstra que o abismo entre GPU integradas e GPU discretas está lentamente sendo preenchido.
Benchmark 3DMark 11 (em pontos)
Barras maiores indicam melhor desempenho
HP Envy 17 3D (Radeon 7690M XT)
Core i7 3770K rodando Windows 7
LG P430 (GeForce GT 520M)
Ainda existem motivos para comprar placas de vídeo dedicadas básicas? Sim e as razões variam desde oferta de memória até o simples fato de que esses circuitos são mais maduros. No entanto, tais características tendem a perder sua relevância: no futuro é provável que todas as necessidades gráficas do usuário comum possam ser supridas por um único chip da Intel ou por uma APU da AMD. A vantagem que a Nvidia e a AMD detêm no campo dos drivers, por exemplo, vem sendo reduzida a cada novo lanámento. Aliás, a Intel HD Graphics 4000 supriu uma falta conspícua no contexto do software: o suporte a DirectX 11, uma coleção de API muito utilizada em jogos recentes. O OpenCL também está disponível para aplicações que podem se valer do poder de processamento paralelo da GPU.
Falando em jogos recentes, resolvemos testar o 3770K sob condições práticas com algumas partidas de Diablo 3. Tudo pelo bem da ciência, é claro. Os resultados foram um tanto ambíguos, no entanto. Houve grande variação no frame rate, como se pode notar nos screenshots abaixo. O jogo, sempre rodando 1080p, só fluiu com naturalidade quando eliminamos todos os efeitos. Ainda assim, a mera possibilidade de rodar um game que acaba de ser lançado já é uma vitória para um processador gráfico integrado.
Esse deslocamento dos recursos da Intel não é um mero arbítrio em favor nichos específicos de mercado. Quem não se interessa por jogos, GPGPU e afins também se beneficia muito de uma GPU mais avançada, ainda que essas vantagens não sejam explícitas. Atualmente até mesmo aplicações baseadas na internet utilizam um pouco dos recursos das GPU e essa demanda por processamento gráfico só tende a crescer. Uma GPU melhor se traduz em uma experiência de uso melhor do computador, independentemente dos interesses de seu dono.
Uma nota final para quem já está pensando em aposentar seu processador atual: o Ivy Bridge utiliza o mesmo soquete do Sandy Bridge (LGA 1155). Isso significa que motherboard que hoje acomodam processadores de segunda geração podem receber a terceira desde de que o fabricante da placa disponibilize um update para a BIOS.
Frequência | 3,5 GHz (frequência máxima de 3,9 GHz) |
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Núcleos | 4 |
cache L3 | 8 MB |
RAM | 2 canais DDR3-1333/1600 |
GPU | Intel HD Graphics 4000 (650 MHz - 1,15 GHz) |
TDP | 77 W |
Prós | Desempenho dentro do esperado; grande melhora na GPU integrada; TDP mais baixo; |
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Contras | A Intel HD Graphics 4000 ainda titubeia em algumas situações práticas, como a execução de jogos; |
Conclusão | A Intel parece estar no caminho certo para condensar CPU e GPU em um único chip; |
Média | 9.0 |
Preço | R$ 999 |