Tecnologia

Conta Simples leva aporte da YCombinator e quer ser conta digital das PMEs

A startup de São Paulo chamou a atenção de aceleradora americana com uma solução de banco digital para pequenas e médias empresas

Ricardo Gottschalk, Rodrigo Tognini e Fernando Santos, fundadores da Conta Simples: uma solução digital para pequenas e médias empresas (Germano Lüders/Exame)

Ricardo Gottschalk, Rodrigo Tognini e Fernando Santos, fundadores da Conta Simples: uma solução digital para pequenas e médias empresas (Germano Lüders/Exame)

FS

Filipe Serrano

Publicado em 28 de julho de 2020 às 06h01.

Última atualização em 31 de julho de 2020 às 16h08.

A startup Conta Simples é o mais novo investimento no Brasil da aceleradora americana Y Combinator, uma das mais importantes empresas do mundo que investem em empresas de tecnologia em estágio inicial.

Fundada em 2019 em São Paulo, a Conta Simples chamou a atenção dos investidores americanos ao criar um serviço de conta bancária digital voltado exclusivamente para pequenas e médias empresas (PMEs), um nicho ainda pouco explorado no Brasil pelas “fintechs” – como são chamadas as empresas de tecnologia que atuam no setor financeiro.

O serviço funciona como uma conta de um banco para pessoa jurídica, permitindo realizar desde transferências, saques, pagamentos, emissões de boleto até fazer a gestão do fluxo de caixa. Mas o grande diferencial, segundo o fundador Rodrigo Tognini, é a possibilidade de os clientes emitirem cartões corporativos ilimitados para realizar compras com fornecedores ou outros tipos de pagamentos.

Outra vantagem, segundo ele, é a possibilidade de criar diferentes perfis de acesso, para que funcionários possam acessar os dados da conta digital quando for necessário. As tarifas para realizar transações tendem a ser menores do que às cobradas no mercado pelos bancos tradicionais.

Cerca de 5.000 empresas já são cadastradas na Conta Simples, de acordo com o fundador. E, mesmo num estágio inicial, a empresa já está próxima de atingir o chamado “break even”, o ponto de equilíbrio entre as receitas e as despesas. O faturamento vem das tarifas pagas pelos clientes para usar os serviços e também das taxas cobradas nos pagamentos com os cartões de crédito da Conta Simples.

O modelo da Conta Simples é semelhante ao da startup Brex, fundada nos Estados Unidos pelos empreendedores brasileiros Pedro Franceschi e Henrique Dubugras, que oferece um serviço de cartão de crédito para pequenas e médias empresas. A Brex, que também recebeu investimentos da Y Combinator, é avaliada em 2,6 bilhões de dólares.

Segundo Tognini, a Brex foi uma das suas inspirações quando fundou a Conta Simples, bem como as startups Qonto, da França, e Tide, do Reino Unido, que também oferecem serviços de conta digital para PMEs.

“A revolução das contas digitais no Brasil só aconteceu para a pessoa física. A gente olhou para o mercado de PMEs e viu que ninguém ainda estava atendendo este tipo de cliente bem”, disse Tognini, em entrevista à EXAME.

Além dele, também são sócios na empresa os empreendedores Fernando Santos, que tem passagem pela Cielo, e Ricardo Gottschalk, que já trabalhou em empresas como a Oracle e as fintechs Stone e Creditas.

“Decidimos investir na Conta Simples por algumas razões. Primeiro porque ficamos impressionados com o número de clientes que já têm. Segundo, porque ficamos impressionados com os fundadores, seu ímpeto e seu foco”, disse Dalton Caldwell, sócio do Y Combinator à EXAME.

A Conta Simples conta com investimentos-anjo de fundos como Big Bets, Domo Invest e Brazil Venture Capital, além de investidores como Rodrigo Dantas, fundador da startup Vindi, Diego Gomes, da Rock Content, e Dorival Dourado (ex-Serasa e Boa Vista).

O foco no mercado de pequenas e médias empresas não é à toa. Segundo um relatório da consultoria PwC, as PMEs representam quase 30% do Produto Interno Bruto do Brasil e empregam mais de 15 milhões de pessoas.

A expectativa da Conta Simples é oferecer mais facilidade para as empresas de menor porte, a exemplo do que já ocorre nas contas digitais para pessoa física.

“É um produto mais complexo, então era natural que as primeiras fintechs começassem voltadas para a pessoa física. Mas como esse mercado ficou mais saturado, o foco agora começa a ser o mercado das PMEs. O próximo passo é ter startups de crédito, de financiamento, de seguro, também para PMEs”, diz Tognini.

A própria Conta Simples pretende lançar novos serviços nos próximos meses, segundo ele, para atender essa demanda. Uma das ferramentas em desenvolvimento é a possibilidade de criar um perfil de acesso para integrar as contas PJ aos sistemas dos contadores das empresas.

Também está em planejamento uma solução de folha de pagamento, para fazer os pagamentos dos salários dos funcionários, e ainda uma plataforma de marketplace de crédito, para que empresas possam oferecer serviços de crédito para as empresas clientes da startup. Com o aporte da Y Combinator, a expectativa é continuar trazendo novos clientes e aprimorando a ferramenta.

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