Bueiro (Andrei Speridião)
Da Redação
Publicado em 1 de setembro de 2014 às 12h53.
Pequenos dispositivos conectados aos bueiros da cidade podem ajudar a evitar alagamentos e quedas acidentais causados por falta de manutenção e ainda promover mobilização social. A ideia é do designer brasileiro Andrei Speridião, que criou o projeto Bueiros Conectados.
O dispositivo deve ficar embutido na tampa de concreto do bueiro. A parte debaixo tem um sensor que capta a capacidade do fosso, enquanto a parte de cima recebe a luz solar para que o aparelho funcione de forma limpa e autônoma.
O objeto mede constantemente o vão livre dentro do fosso do bueiro e envia informações sobre a capacidade, integridade e manutenção de cada fosso para um aplicativo que agrega as informações e as deixa acessíveis aos cidadãos.
Os usuários podem, então, verificar o estado de várias unidades ao mesmo tempo e denunciar os problemas ou irregularidades para as autoridades públicas. A denúncia pode ser feita de duas formas: ou o aplicativo envia um e-mail pré-definido ou redireciona o usuário para ligar para a subprefeitura responsável pelo bueiro.
A ideia de Speridião surgiu durante o trabalho de conclusão do curso de design na Universidade de São Paulo (USP), após uma pesquisa sobre a internet das coisas. Pensei que fazia sentido usar um bueiro, um objeto que ninguém considera direito, mas que é importante para escoar a água da chuva, disse a INFO.
Aparelho conectado ao bueiro exibe por meio de um sistema de cores verde, amarelo e vermelho a capacidade, integridade e manutenção do fosso (Crédito da foto: Wesley Lee Yang)
Foi um trabalho de TCC, mas considerei uma boa oportunidade para fazer algo com potencial para crescer e virar uma iniciativa real. Segundo Speridião, não necessariamente todos os bueiros da cidade precisam estar cobertos. A ideia é que determinadas regiões carentes consigam ter atenção.
Para o designer, o projeto se destaca por ser diferente de outras plataformas colaborativas, que dependem dos usuários cadastrarem as informações. Plataformas desse tipo funcionam por um tempo, mas depois as pessoas se cansam, param de participar, e a plataforma morre, afirmou. Com a internet das coisas, ninguém precisa abrir a tampa do bueiro, pois o objeto fica responsável por emitir a informação e manter a plataforma viva, afirmou.
(Crédito da foto: Andrei Speridião)
O designer venceu o prêmio de design IDEA/Brasil. Agora, busca parceiros para fazer um teste piloto e ver como o projeto funciona em uma condição mais real. Um patrocínio com uma empresa de telefonia, por exemplo, pode fornecer um sinal que fará a comunicação entre os bueiros funcionar. Uma empresa que faça tampa de bueiros também pode ajudar na parte da produção.
No futuro, Speridião espera vender o projeto para associações de moradores e comerciantes. O ideal seria que a prefeitura fizesse uma parceria, mas não podemos contar exatamente com isso e temos que arranjar uma forma de não depender deles, disse. Hoje, existe um movimento muito forte na sociedade de distanciamento, de não pertencimento dos problemas da cidade. Essa é uma oportunidade para melhorar uma condição da rua, que é de todo mundo. Temos que unir os cidadãos para resolver os aspectos da metrópole, afirmou.
(Crédito da foto: Andrei Speridião)