Tecnologia

Conheça iCub, a criança robô

Robô humanoide se assemelha a uma criança de três anos e pode ver, escutar e tocar, aprendendo com seu entorno

iCub  (Instituto Italiano de Tecnologia (IIT))

iCub (Instituto Italiano de Tecnologia (IIT))

DR

Da Redação

Publicado em 4 de maio de 2014 às 10h20.

O robô iCub, um sofisticado robô humanoide de grandes olhos, com altura e características humanas similares às de uma criança de três ou quatro anos e de 22 quilogramas de peso, tem cerca de 30 "irmãos gêmeos " majoritariamente repartidos pela Europa e, em menor medida, nos EUA com os quais distintas universidades e centros de pesquisa efetuam diferentes experimentos.

Os testes que são efetuados com este "porquinho-da-índia" construído com cabos, aço, plástico e diversos metais e materiais abrangem, desde o estudo da destreza manual até a percepção do entorno, por meio da vista e do ouvido, passando pela relação entre o cérebro e a mente, assim como a interação entre os robôs e os seres humanos.

O iCub foi desenhado pelo consórcio internacional RobotCub, do qual fazem parte universidades europeias e é uma iniciativa estratégica da União Europeia (UE)  emoldurada na chamada "robótica sensível", que poderá se integrar na sociedade para melhorar a qualidade de vida das pessoas, para o qual se procura estimular as "capacidades emocionais" das marionetes.
       
Um dos testes é impulsionado pela Universidade Pompeu Fabra, UPF (Barcelona, Espanha) que aspira produzir um robô socialmente inteligente, aprofundando na compreensão dos mecanismos neurais através de sistemas artificiais, com algoritmos inspirados nos processos biológicos.
    
O robô que compõe música
    
Em seus trabalhos, o grupo SPECS da UPF (specs.upf.edu) fez interagir o iCub com o sintetizador musical 'Reactable', um instrumento eletrônico desenhado pela UPF, com o qual vários usuários simultâneos compartilham o controle do dispositivo movimentando e girando objetos físicos (peças) sobre a superfície de uma mesa circular luminosa, criando sons.

Para isso, o grupo SPECS desenvolveu mecanismos sensores inspirados na biologia, com os quais o robô pode perceber e se relacionar com seus treinadores humanos, com os quais fala em inglês, em um contexto de jogos cada vez mais complexos.

O robô iCub interagindo com o cientista Stéphane Lalle. Foto cedida pelo grupo SPECS da Universidade Pompeu Fabra.
      
O iCub está dotado de vários sensores dos quais obtém a informação sobre seu entorno e, uma vez processados os estímulos externos que recebe, através das câmaras dos olhos ou dos microfones das orelhas, pode chegar a reagir com 54 graus de liberdade de movimentos, repartidos entre seus braços, mãos, pernas, tórax, abdômen e cabeça, afirma desde a UPF.
       
Graças a estes sensores, o iCub interage com seus treinadores, a quem pergunta onde colocar, sobre o 'Reactable', as peças que simulam a melodia de instrumentos como bateria, violão e trompete, as quais fazem variar a música que o sintetizador produz, se estiverem localizados na mesa luminosa.
       
O robô é capaz de entender o que se pede graças ao seu "cérebro", formado por 12 processadores que estão unidos por um cabo, foi programado para que saiba associar uma palavra dita em voz alta com uma ação, como por exemplo tocar um instrumento.
       
"O projeto segue seu curso, com demonstrações periódicas do iCub trabalhando com 'Reactable', compondo música e interagindo com humanos, e as pesquisas seguem prosperando a bom ritmo", disseram à Agência Efe desde SPECS.
       
Segundo o SPECS, "a pesquisa agora conduzida pelo grupo EFAA, (efaa.upf.edu), continuará em outro projeto denominado  WYSIWYD (wysiwyd.upf.edu), que se prolongará até 2016, sob a direção do pesquisador Paul Verschure e em associação com Giorgio Metta, que coordena o projeto iCub em nível global desde o Instituto Italiano de Tecnologia (IIT), em Gênova, onde são fabricados estes androides-criança.
       
"Nesta nova etapa, o robô iCub evolui para se transformar em uma "máquina social" denominada DJ Droid, capaz de interagir com os seres humanos, jogando, compondo e interpretando uma música eletrônica e inovadora, de forma cada vez mais complexa e fora de patrões pré-determinados", informa à Efe, Anna Mura, investigadora associada principal do SPECS.
     

GIORGIO METTA: O "PAI" DA CRIATURA.

Ter o mesmo robô em diversos centros de pesquisa permite que as contribuições de cada grupo se somem, e graças a estes trabalhos conjuntos, o iCub foi dotado de uma pele eletrônica que possibilita que seus braços sejam sensíveis, melhoraram sua capacidade de olhar e agarrar e se está ensinando a caminhar, segundo Giorgio Metta, engenheiro especializado em robótica do ITT (pasa.liralab.it), que concedeu uma entrevista à Agência Efe:.

Quais são os maiores avanços conseguidos no iCub?
Demos a capacidade de reconhecer as ações das pessoas, por exemplo apontando, realizando gestos em geral ou movimentos de todo o corpo. Isto é útil para que o iCub alcance uma interação natural com o povo e para que reaja adequadamente quando alguém lhe ensina algo novo. O iCub agora pode sentir o contato físico com as pessoas e o meio ambiente por meio de uma pele artificial que lhe confere o sentido do tato e permite se comportar com suavidade quando há pessoas a seu redor.  As combinações destes dois modos de percepção podem dar ao robô um sentido de sua presença no espaço, a forma como está situado a respeito dos demais ou aos objetos. Também pode ajudar a distinguir entre seu próprio corpo e tudo o demais, uma distinção importante que é a base para que sinta a si mesmo.

Até onde chegará a criança-robô?
Com os 28 protótipos que trabalhamos os utilizamos, em geral, para a pesquisa da inteligência artificial e o conhecimento, mas os cientistas estão desenvolvendo os comportamentos mais díspares para o iCub, como a visão, o controle de voz, o reconhecimento de objetos e a interação humano-máquina.

Qual é o objetivo final dos trabalhos com o iCub?
Buscamos gerar aplicações da robótica que se utilizarão na vida diária, por exemplo no lar, na escola e nos hospitais, e talvez também nas fábricas. Uma vez que as aplicações tecnológicas estejam bem desenvolvidas, poderão ser personalizadas para outros cenários como, por exemplo, para desdobrar equipes de robôs em situações de desastres, para a indústria, para vigiar o meio ambiente ou para construir fábricas automáticas que sejam mais baratas e consumam menos energia.
       
Quais são as tecnologias mais inovadoras deste robô?
Quanto ao hardware, é uma plataforma completa que pode caminhar e manipular as coisas. Não há muitos robôs assim. Além disso, o iCub é um dos poucos robôs com uma pele que recobre toda parte superior de seu corpo.
       
Quanto a seu comportamento, nosso objetivo é fazer com que o iCub seja completamente autônomo e também seja capaz de aprender através da exploração com base em teste e erro, ou através da demonstração, com um mestre humano. É um trabalho em curso, mas que sem dúvida marcará a diferença no futuro.
        
Lembra de algo relacionado com o robô-criança?
Ao ver o iCub reagir aos estímulos externos, e comprovar como fala, vê e se movimenta, a gente se sente muito poderoso. Após anos de design e provas, tanto do hardware como do software, é maravilhoso observar como toda esta plataforma robótica se comporta
de forma autônoma.
       
Daniel Galileia.
EFE/REPORTAJES.

Acompanhe tudo sobre:EngenhariaEngenheirosEstados Unidos (EUA)INFOPaíses ricosRobótica

Mais de Tecnologia

10 frases de Steve Jobs para inspirar sua carreira e negócios

Adeus, iPhone de botão? WhatsApp vai parar de funcionar em alguns smartphones; veja lista

Galaxy S23 FE: quanto vale a pena na Black Friday?

iPhone 13: quanto vale a pena pagar na Black Friday 2024?