Zoe Lofgren (AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2013 às 13h27.
Os congressistas dos Estados Unidos acusaram nesta quarta-feira os serviços de inteligência de se intrometerem na vida privada dos americanos ao coletar em grande escala dados das comunicações dos cidadãos, graças à programas "saídos dos trilhos da legalidade".
"Acredito que esse programa saiu dos trilhos da legalidade", denunciou o deputado democrata Zoe Lofgren, durante uma audiência perante o Comitê Judiciário da Câmara dos Deputados.
O ex-consultor americano Edward Snowden revelou no início de junho que a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, para quem prestava serviços, registrava milhões de dados de comunicações de americanos com a permissão de um tribunal secreto.
Mas de acordo com os congressistas, a lei, aprovada em 1978 após o escândalo de Watergate, foi concebida para monitorar as comunicações só em caso de suspeita de atividades terroristas.
A única justificativa para que os serviços de inteligência coletassem milhões de dados é que "poderiam ser úteis" no futuro, criticou o democrata John Conyers.
Mas por seu alcance, a coleta em si já é ilegal, de acordo com Conyers, antes mesmo da NSA decidir consultar os dados, e "isso é realmente o problema", argumentou.
"É insustentável, ultrajante e deve ser interrompido imediatamente. Acredito que temos uma grave violação da lei", disse o democrata.
O número dois do Departamento de Justiça, James Cole, se defendeu dizendo que o governo procura manter um "constante equilíbrio entre a proteção da segurança nacional e da privacidade e das liberdades civis".
"Acreditamos que esses programas respeitam esse equilíbrio. A coleta de dados só tem valor se forem usados", argumentou.
"Não estamos falando de utilização. A violação das liberdades civis não implica apenas o uso indevido, mas a coleta" de informação, rebateu outro congressista, Jerrold Nadler.
Em 2012, buscas foram realizadas apenas em dados de "300 identificadores únicos", tentou explicar o representante da NSA, John Inglis, lembrando que apenas 22 pessoas na agência tinham o direito de realizar essas pesquisas.