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Compra da BellSouth pela AT&T desafia governo americano

AT&T aposta na política não-intervencionista da administração Bush para consolidar acordo, mas contrariedade de concorrentes não pode ser ignorada

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h42.

Os planos da AT&T de comprar a BellSouth por 67 bilhões de dólares, tornando-se assim o maior grupo de telecomunicações dos Estados Unidos, representam uma aposta arriscada na aprovação do negócio pelos órgãos reguladores do país. Se concretizado, o acordo marcará uma expressiva vitória da AT&T sobre o governo americano, que determinou, em 1984, a divisão do grupo em sete companhias regionais para promover maior concorrência no setor.

O acordo foi anunciado apenas cinco meses após a SBC Communications completar a aquisição da própria AT&T (cujo nome foi assumido pela nova controladora devido à sua força nos Estados Unidos). Segundo o americano The Wall Street Journal, o movimento demonstra a confiança de Edward Whitacre, presidente da AT&T, nas circunstâncias favoráveis que cercam o negócio. Os republicanos, tradicionalmente mais liberais, controlam a Casa Branca e o Congresso americano. A nova diretoria do Federal Communications Commission (FCC), órgão que regula as telecomunicações do país, vem servindo de importante apoio às iniciativas das companhias do setor.

Além disso, a Justiça dos Estados Unidos tem sido bastante receptiva às megafusões. No ano passado, as cortes americanas aprovaram diversos acordos bilionários sem exigir grandes concessões. Alguns exemplos são a própria aquisição da AT&T pela SBC e a compra da MCI pela Verizon Communications.

"Se a FCC seguir a trajetória traçada no ano passado, não haverá grandes obstáculos para a AT&T concluir a nova fusão", afirma Blair Levin, ex-membro da FCC e atual analista de telecomunicações da consultoria Stifel Nicolaus.

Oposição

Outros especialistas, porém, advertem que o acordo seria uma concessão grande demais, mesmo para o mercado americano. Os negócios realizados no último ano despertaram o apoio de diversos grupos de consumidores, fornecedores e, inclusive, concorrentes. Mas o porte da nova fusão pode levar diversos atores a se unir devido ao temor, por exemplo, de que a AT&T utilize sua nova posição para dominar o mercado de telecomunicações e controlar o acesso à internet, a fim de obter novas receitas com serviços de banda larga.

O Center for Digital Democracy, grupo de Washington dedicado a promover a democratização da internet de alta velocidade, já declarou que a compra da BellSouth pela AT&T se tornará um símbolo para a campanha de proteção da rede mundial de computadores.

Os grupos que se opõem à fusão também se mobilizam para pressionar o Congresso, cujos membros devem concorrer às eleições parlamentares dentro de oito meses. Embora os republicanos não se oponham costumeiramente a grandes negociações, as eleições deste ano devem ser mais concorridas e o partido poderá adotar uma postura mais populista, numa tentativa de se distanciar da administração Bush - dada sua baixa popularidade.

Já os democratas procuram explorar ao máximo a fusão. O deputado Edward Markey, membro do subcomitê de telecomunicações e internet da Câmara, afirmou que "os juristas deveriam revisar profundamente a fusão, a fim de avaliar seu impacto sobre os consumidores e o mercado".

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