Tecnologia

Como o "Pix indiano" desafiou as gigantes Mastercard e Visa

A rede UPI processa mais de 13 bilhões de transações mensais e força gigantes globais a repensarem suas estratégias no país mais populoso do mundo

Ramana Rech
Ramana Rech

Redatora

Publicado em 14 de janeiro de 2025 às 07h00.

Última atualização em 14 de janeiro de 2025 às 07h14.

O sistema de pagamento digital da Índia, conhecido como Interface de Pagamentos Unificada (Unified Payments Interface - UPI), se tornou uma referência global no quesito volume de processamento de transações.

Lançada há nove anos, a UPI permite que consumidores e comerciantes conectem contas bancárias diretamente por meio de QR codes ou números de telefone, sem a necessidade das redes tradicionais de cartões. Funcionando quase aos moldes do Pix, o sistema vem ganhando força e atualmente processa mais de 13 bilhões de transações em tempo real por mês, o que equivale a 71% de todas as transações digitais da Índia. Além disso, representa 36% dos gastos de todos os consumidores do país.

O sucesso da UPI levou o governo indiano a expandir sua estratégia para os cartões de crédito. Em parceria com a rede local RuPay, o sistema se tornou a única plataforma autorizada a processar transações de cartões de crédito por meio da UPI.

Homem usa seu telefone para escanear um código QR para pagamento digital em uma loja em Calcutá, Índia, em 10 de julho de 2024. (Foto de Sudipta Das/NurPhoto via Getty Images) (Sudipta Das/Getty Images)

Como resultado, o RuPay processou 638 bilhões de rúpias (R$ 44 bilhões) nos primeiros meses de atuação, correspondendo a 28% de todas as transações de cartão de crédito no país.

Os esforços para popularizar o RuPay começaram em 2023, apesar da resistência inicial dos bancos, que temiam perder receitas provenientes de taxas de intercâmbio. A estratégia envolveu o foco em comerciantes menores, que tradicionalmente evitavam pagamentos via cartão de crédito devido às tarifas. Hoje, no sistema RuPay, as taxas só são cobradas em transações superiores a 2 mil rúpias (R$ 140).

Reformulando o mercado local de cartões

Para ampliar a adoção do RuPay, o banco central indiano (RBI) tomou medidas decisivas. Uma das ações mais relevantes foi ordenar que os bancos oferecessem aos clientes a possibilidade de escolher a rede de cartões ao adquirir ou renovar seus cartões de crédito. Além disso, acordos exclusivos com redes globais, como Visa e Mastercard, foram proibidos.

A Corporação de Pagamentos Nacionais da Índia (NPCI, na sigla em inglês), responsável pela supervisão do sistema, também determinou que os cartões RuPay oferecessem os mesmos benefícios e recompensas que os de redes concorrentes. Esses esforços têm surtido efeito: em junho de 2024, o RuPay já representava 50% de todos os cartões de crédito emitidos no país.

O impacto nas gigantes globais

Com a ascensão da UPI e do RuPay, o mercado de cartões de crédito na Índia está em transformação. O segmento, que representava 43% dos pagamentos digitais em 2018, caiu para apenas 21% em 2024. Pressionadas pela queda na participação de mercado, empresas como Visa e Mastercard passaram a buscar alternativas para se manterem competitivas.

Nos últimos meses, essas gigantes fizeram parcerias com fintechs locais para integrar seus cartões a terminais de comerciantes compatíveis com a tecnologia UPI.

Acompanhe tudo sobre:PIXMasterCardVisameios-de-pagamento

Mais de Tecnologia

Amazon investirá 'mais de US$ 5 bilhões' em centro de dados no México

Para onde vão os influenciadores dos EUA se o TikTok for banido? Veja as redes sociais alternativas

Primeiro drone eVTOL movido a hidrogênio líquido realiza voo de teste na China

Xiaohongshu, o ‘Instagram da China’, lidera downloads na App Store dos EUA