Relógio G-Shock: a marca se concentrará em conectar seus relógios atuais com os smartphones, trabalhando com eles em vez de tentar imitá-los (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 29 de agosto de 2016 às 18h00.
O criador do G-Shock, Kikuo Ibe, se senta em uma sala de exposição improvisada, rodeado por dezenas de relógios G-Shock, entre eles um protótipo de 1982.
O modelo ainda funciona, afirma orgulhosamente seu tradutor. Afinal, é da durabilidade desses relógios que o público tanto gosta. De fala mansa, mas com um senso de humor afiado detrás de seus óculos, o engenheiro japonês repassa a história do G-Shock em inglês, falando sobre o trabalho de sua vida.
“Em vez de desfrutar de tudo isso, tenho mais dificuldades agora”, diz Ibe, usando novamente o tradutor. “É diferente dos velhos tempos”.
Ele está no ramo há bastante tempo. A história contada é que, em 1981, Ibe deixou cair um relógio dado por seu pai, quebrando o precioso bem.
Foi por isso que ele começou a trabalhar na construção de um relógio resistente para a Casio, que fosse capaz de sobreviver a uma simples queda, e acabou criando a estrutura do invólucro capaz de absorver choques que se tornou peça central dos relógios G-Shock.
Durante a apresentação, Ibe exibe um protótipo experimental de meados dos anos 1990 que era, em essência, uma armação de metal desmontada. A aparência é a de um relógio que resistiu a uma guerra, desgastado por anos de testes.
Agora, 35 anos depois do enorme avanço técnico do G-Shoch, temos o Apple Watch e o Samsung Gear. A tecnologia inteligente está invadindo a indústria de relógios como nunca e grandes empresas de tecnologia estão injetando dólares em pesquisa e desenvolvimento na esperança de que os dispositivos conectados abram, nos nossos pulsos, um novo mercado para o vício em aparelhos.
Algumas fabricantes suíças de relógios que passam por dificuldades estão de olho no avanço, enquanto outras já lançaram seus próprios modelos de relógios inteligentes.
Como o G-Shock manterá sua relevância?
Não será produzindo um smartphone completo para o pulso, diz Ibe. “A vida da bateria é um problema no que diz respeito aos relógios inteligentes e a tela é pequena demais”, explica.
“Não tenho certeza se o mercado crescerá no futuro”. Ele não vai tentar competir com a Apple e a Samsung nesse campo.
Em vez disso, o G-Shock se concentrará em conectar seus relógios atuais com os smartphones, trabalhando com eles em vez de tentar imitá-los.
O G-Shock desenvolveu um ativo grupo de seguidores, concentrado em nichos que exigem durabilidade. Muitas pessoas de determinadas profissões -- militares, bombeiros, paramédicos -- adotaram esses relógios resistentes como única escolha e compraram muitos modelos para suas coleções.
Isso significa que existe a necessidade de produção constante de novos designs para manter os consumidores interessados -- um modelo de negócio que não funcionaria, por exemplo, com o Apple Watch.
Em setembro, a empresa lançará meia dúzia de novos modelos G-Steel, um Gulfmaster cheio de sensores e estilos em preto metálico para seu S-Series para mulheres.
Um dos novos recursos é um sensor triplo, que faz leituras de altitude, pressão barométrica, temperatura e direção. Contudo, Ibe se apressa em dizer que tudo que seus engenheiros adicionam ao G-Shock precisa continuar sendo resistente ao choque e que isso sempre exige bastante esforço adicional.
“Meu sonho é desenvolver novos produtos que possam ser usados no espaço”, diz Ibe. Embora menos glamoroso que relógios espaciais famosos, como o Omega Speedmaster, que foi à Lua e voltou, o G-Shock olha para o alto em um momento em que o turismo espacial está próximo de se tornar viável. “No futuro, chegará o dia em que será possível viajar ao espaço livremente”, diz Ibe. E o G-Shock quer estar envolvido nisso.