Tecnologia

Como HP e Itaú criaram um dos maiores data centers do mundo

Investimento bilionário e uma década de trabalho foram necessários para a criação do novo data center do Itaú Unibanco

 (Thomas Locke Hobbs/Wikimedia Commons)

(Thomas Locke Hobbs/Wikimedia Commons)

Victor Caputo

Victor Caputo

Publicado em 27 de setembro de 2016 às 10h40.

São Paulo – Na manhã do dia 14 de março de 2015, Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco, recebia políticos e empresários em um prédio às margens da Rodovia Governador Adhemar Pereira de Barros, na cidade de Mogi Mirim, interior de São Paulo. Entre outros, estavam lá Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, e Aldo Rebelo, então ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação. O evento era o resultado de um investimento bilionário, além de ser o marco final de um plano que vinha sendo traçado há quase uma década. Naquela manhã acontecia a inauguração oficial do novo data center do Itaú Unibanco.

"Este empreendimento é de uma complexidade e magnitude inéditas, preparando de fato o banco para o futuro", afirmou Setubal na ocasião. O empresário não exagerava. O projeto é um dos maiores do mundo e foi trabalhado em um terreno com tamanho equivalente ao de 114 campos de futebol. O muro que cerca as construções tem sete quilômetros de extensão.

Tudo isso foi criado por uma velha conhecida do mundo da tecnologia: a HPE (ou Hewlett Packard Enterprise, uma das duas empresas que nasceram da divisão da antiga HP). A empresa foi selecionada em um processo de licitação realizada pelo Itaú Unibanco com o objetivo de implementar uma infraestrutura única para TI. E isso não era algo pequeno.

Com 40 milhões de clientes e a realização de mais de duas mil transações por segundo, o Itaú Unibanco precisa de uma base sólida. "Sem um data center poderoso, não há banco que sobreviva", afirma Júlio Conti, superintendente de TI do Itaú Unibanco, em comunicado (o Itaú Unibanco preferiu não conversar com EXAME.com para esta reportagem).

As aplicações dos clientes já rodam graças ao novo data center. A transição foi feita sem que fosse possível notar qualquer transição. Hoje, seja uma consulta de saldo ou a transferência de grandes somas, todas as tarefas contam com o papel dos dois prédios construídos no interior de São Paulo.

O trabalho teve um objetivo visionário: não causar dores de cabeça ao banco pela próxima década. “A penetração do sistema bancário no Brasil ainda não é tão alta. O Itaú Unibanco sabe disso. Os planos traçados pela companhia envolvem décadas e a área de TI é central para um banco desse porte. A ideia é levar a operação a um mundo digital e não ficar preso em agências”, falou a EXAME.com Jorge Brasil, gerente de contas global da Hewlett Packard Enterprise.

A expectativa é que a estrutura desenvolvida pela HPE seja suficiente para segurar as necessidades digitais do banco até 2025 ou 2030. Apesar da construção de dois edifícios, o espaço será aproveitado em expansões futuras. O terreno pode comportar até seis prédios para o data center.

Jorge Brasil conta que um desafio interno foi estabelecido na Hewlett Packard Enterprise, quase como uma brincadeira. A ideia é conseguir segurar a necessidade de expansão dos data centers até 2035. A chave para isso é um salto na eficiência.

“A HPE investe muito em pesquisa para aumento de eficiência. Empresas como o Itaú estão na nossa lista preferencial de clientes que são também parceiros de desenvolvimento. Eles criam demandas e o nosso laboratório trabalha para entregar uma solução”, diz Brasil.

Segurança

Basta imaginar por um segundo a necessidade de segurança que um banco tem para saber que esse quesito foi crucial durante a criação do center. Hoje, a entrada com equipamentos eletrônicos no local é expressamente proibida. Além disso, os dois prédios trabalham de forma redundante. Em outras palavras, se alguma tragédia acontecer com um, o outro é capaz de realizar as tarefas sozinho.

Por conta disso, eles ficam a uma “distância segura” um do outro. “São 850 metros entre os dois edifícios. Em um desastre aéreo, as peças são capazes de atingir, no máximo, 700 metros. Um dos prédios estaria protegido em uma eventual tragédia”, explica Brasil.

Desafios ambientais também foram uma preocupação constante—seja para que houvesse tranquilidade em momentos de tensão, como tempestades, ou para a minimização do impacto das construções. Os edifícios têm telhados que ocupam uma área de 22 mil metros quadrados.

“Tivemos que desenvolver um sistema de coleta e devolução de água, mas que fizesse isso aos poucos. Não queríamos criar inundações e piscinões com o retorno da água captada em uma área tão grande”, explica Brasil.

A construção ainda tem tratamento de resíduos, câmaras com silenciadores para que os pássaros não sejam incomodados por geradores, além de refrigeração a água para maior eficiência. O executivo da HPE ainda ressalta a importância do deslocamento de um prédio desse porte da capital paulista. Isso auxilia na descentralização das demandas de energia e água locais.

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