Tecnologia

Como é a experiência de dividir um carro no UberPool

Serviço reduz preço de viagens e diminuiu quantidade de carros nas ruas


	Uber: opção ao táxi tem compartilhamento de corridas
 (Sergio Perez / Reuters)

Uber: opção ao táxi tem compartilhamento de corridas (Sergio Perez / Reuters)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 25 de maio de 2016 às 12h43.

São Paulo – A Uber lançou no Brasil a modalidade de corrida chamada UberPool no final de abril. Nela, os passageiros compartilham a corrida com desconhecidos que vão para um destino próximo e, por isso, pagam mais barato pelo transporte. A novidade agrada a maioria dos brasileiros, mas alguns ainda têm medo de experimentar.  

Os usuários do Uber Pool, que só funciona na Grande São Paulo no momento, relatam boas experiências neste primeiro mês do serviço no Brasil. "Já usei, ele desviou bastante da minha rota, mas o desconto foi bacana!", na visão do desenvolvedor Octavio Fernandes.  Já o diretor comercial Bruno Lopes gosta de conversar com os passageiros e com o motorista durante a viagem. "O melhor do UberPool é a troca de experiências com pessoas de diversas posições e etnias", afirmou Lopes.  

Em uma viagem no UberPool, você pode ou não compartilhar a corrida com outro passageiro. Depende se alguém fará um trajeto parecido com o seu durante o percurso. Se não houver um "match", como chama a Uber, o motorista parceiro recebe 90% do valor de uma viagem na modalidade UberX (que oferece carros individuais). Se alguém dividir a corrida, o motorista recebe 70% do valor de cada passageiro. 

Os usuários brasileiros ainda estão se adaptando ao uso da novidade do Uber e ainda nem todos entendem que podem precisar compartilhar a viagem com mais de um passageiro. "O único inconveniente é que o passageiro que entra no carro primeiro fica incomodado ou até reclama quando a segunda corrida é acionada. Não entendo isso, até mesmo porque são eles que chamam o UberPool, então pelo menos deveriam estar cientes de que a corrida vai ser mais longa e demorar mais", declarou o motorista do UberX Davi Almeida dos Santos. 

Com esse compartilhamento de rotas, a Uber busca diminuir o tempo ocioso de motoristas, ao mesmo tempo que os ajuda a ganhar mais com passageiros pagando menos. Essa visão também pode auxiliar na redução de poluentes na cidade, algo apreciado por defensores do meio ambiente. 

"Ver um veículo com motor de combustão andando com o motorista e um passageiro só, como engenheiro, me faz sentir dor. O motorista e a moça que já estava no veículo foram super cordiais. O preço foi ótimo", declarou o engenheiro mecânico Hamilton Ortiz Cuchivague, que também se diz um usuário ativo do serviço de compartilhamento de caronas Blablacar. 

A Uber informou a EXAME.com que a adoção do Pool no Brasil se mostrou mais veloz do que nos demais países em que o serviço funciona. Logo na primeira semana, 30% das viagens realizadas em São Paulo foram compartilhadas. A empresa diz ainda que quanto mais as pessoas usarem o serviço, mais fácil e rápido ficará aproveitá-lo em grandes centros urbanos como São Paulo.  

Izaias Marques de Oliveira, funcionário público que é motorista do UberX para complementar sua renda mensal, conta que o Pool oferece boas experiências para passageiros e motoristas. "Os usuários já sabem o nome de quem vai compartilhar a viagem (o app mostra) e as pessoas já chegam chamando umas as outras pelo nome. Eu ainda ganho um pouco mais", afirmou Oliveira. 

Aceitação 

A economia proporcionada pelo compartilhamento de carros é o principal motivo da adoção do UberPool no Brasil, de acordo com uma pesquisa da MeSeems, publicada em primeira mão por EXAME.com. Entre os 300 clientes da Uber consultados, 87% disseram que o preço mais baixo é o motivo principal para dividir a viagem com um desconhecido. A novidade também desperta a curiosidade de 52%. No entanto, somente 40% deles já utilizaram o UberPool em São Paulo.  

Enquanto 36% ainda têm medo de compartilhar um carro da Uber, 64% afirmaram não ver isso como um problema. Entre os que usaram o serviço, 90% informaram que a experiência foi boa ou ótima. A MeSeems consultou homens e mulheres com idades entre 16 e 60 anos, que pertencem às classes A, B e C.  

O resultado da pesquisa está em consonância com os dados divulgados pela própria Uber. A companhia informou que os usuários avaliam muito bem o serviço e os motoristas parceiros nessa modalidade do seu serviço.

"A média de notas de motoristas que usam UberPool neste momento é maior do que a do UberX. Como o serviço ainda é recente, é normal que as pessoas estejam descobrindo as melhores práticas pra usar o UberPool, como, por exemplo, sair com um pouco mais de antecedência para evitar atrasos, além de outras práticas que são próprias para quem escolhe compartilhar um veículo", de acordo com a empresa. 

Problemas 

Porém, nem sempre usar o UberPool é uma boa ideia. O tempo de deslocamento pode ser até 15 minutos maior, em média, segundo a Uber, e a distância percorrida normalmente é maior. Por isso, ao entrar no veículo, é bom não estar com horário marcado. 

Outro detalhe importante que pode gerar experiência ruim para o usuário é a pontualidade. É preciso estar no local de chamada do veículo quando ele chegar (é possível acompanhar a rota pelo aplicativo). A tolerância é de somente 2 minutos.  

Com isso, o UberPool agrada, ao mesmo tempo que tem algumas desvantagens. 

A diretora de e-commerce Ana Paula Passarelli conta que vai de Uber para o trabalho todos os dias e já teve problemas com o horário quando pediu um carro pelo UberPool. "Já usei, mas evito usá-lo porque o app ainda não sabe ajustar as rotas e acabo perdendo tempo", afirmou Ana. 

Há quem goste, mas aponte problemas e vantagens do serviço. "Já usei o UberPool e sinceramente gostei. Mas tenho algumas ressalvas: serve para quem não tem pressa para chegar, já que temos que desviar do caminho para buscar ou deixar pessoas. Às vezes, a diferença entre o Pool e o X é muito pouca, por isso, nem pego. No caso dessa corrida, valia muito a pena (fui do Brás até a av. Faria Lima por 17,49 reais)", disse a coordenadora de marketing Gracy Mariano. 

Há ainda aqueles que não querem usar o serviço nunca mais. "Estar na corrida e não saber se o motorista vai ou não desviar em 2 km o percurso não me agradou. Foi péssimo", relata o empresário Lucas Momm de Melo, que não chegou a aproveitar o benefício de pagar menos pela viagem, pois optou por interrompê-la e pedir um carro só para ele. Melo diz ainda que não pretende mais pegar um carro pelo UberPool. 

Por fim, há até quem tenha reencontrado conhecidos no trajeto para casa. "O carro demorou mais para chegar e se eu cancelasse teria que pagar 4 reais. Em contra partida, foi legal conhecer uma menina que estudou no mesmo colégio que eu, fomos conversando e rindo. Tive uma doce coincidência. Mas também ainda não quis arriscar de novo. Ainda prefiro viajar sozinha, mas sai mais barato no UberPool", segundo a professora Fernanda Fuoco. 

Acompanhe tudo sobre:AutoindústriaCarroscidades-brasileirasMetrópoles globaissao-pauloTransportestransportes-no-brasilUberVeículos

Mais de Tecnologia

iPhone 16 chega às lojas – mas os recursos de inteligência artificial da Apple, não

Intel descarta venda de participação na Mobileye e ações da empresa disparam

YouTube expande anúncios em vídeos pausados para todos os anunciantes

Kremlin volta a usar YouTube, enquanto restringe o acesso de russos à plataforma