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Como as lives mudaram a maneira de comprar online na Black Friday

Em um ano de vendas ampliadas no e-commerce, aliança de entretenimento e comércio se mostrou primordial para varejistas.

Show da Black Friday: pelo segundo ano consecutivo, Felipe Neto comandou live de promoções em parceria com a varejista Americanas (Diego Padilha/Divulgação)

Show da Black Friday: pelo segundo ano consecutivo, Felipe Neto comandou live de promoções em parceria com a varejista Americanas (Diego Padilha/Divulgação)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 27 de novembro de 2020 às 17h32.

Última atualização em 27 de novembro de 2020 às 18h47.

Em 2019, uma parceria entre a varejista Americanas, o YouTube e Felipe Neto trouxe uma proposta nova para a Black Friday brasileira. O youtuber apresentou, durante 5 horas, uma live chamada de “Show da Black Friday”, que alcançou mais de 5 milhões de espectadores em 10 canais simultaneamente— muitos deles interessados nos melhores descontos.

Outras marcas participantes também aproveitaram o evento: Adidas, Chevrolet, Etna e PicPay todas registraram aumento de vendas ou de uso de serviços durante a ação.

Deu tão certo que o feito foi repetido este ano, com uma nova edição do Show da Black Friday na quinta-feira, também capitaneada Americanas, Felipe Neto, Play9, agência de conteúdo que tem o youtuber como um dos sócios, além da agência de publicidade WMcCann. As empresas já haviam realizado uma live no dia 11 de novembro, com promoções antecedendo a Black Friday. A data é quando ocorre o Dia dos Solteiros, uma das datas de compra mais importante na China.

Neto usou o Twitter para apresentar os primeiros resultados da live deste ano: 8,5 milhões de visualizações e, de acordo com ele, a "maior live de Black Friday da história".

https://twitter.com/felipeneto/status/1332411331413159937

O iFood também entrou em cena, com uma live na noite de quinta-feira para apresentar cupons e promoções — o entretenimento e apresentação ficaram por conta do FitDance, programa de aulas de danças que mais cresce no mundo, e da youtuber Camila Loures. Na tarde desta sexta-feira, os canais Acelerados e iCarros promoveram, ainda, uma feirão online da Black Friday, também com o intuito de surfar nas lives especiais durante o evento.

Outras varejistas não ficaram para trás: o Magazine Luiza dobrou a aposta no evento “Black das Blacks”, transmitida simultaneamente nas redes sociais e no Multishow e na GloboPlay. Lu do Magalu apareceu lado a lado com Luciano Huck, apresentando promoções e comentando a Black Friday. Os shows, este ano, ficaram por conta da cantora Anitta, a dupla sertaneja Zé Neto & Cristiano, o pagodeiro Dilsinho e a sensação do forró Barões da Pisadinha.

As Casas Bahia tentaram uma chamada diferente, apostando numa inserção durante uma prova ao vivo do reality “A Fazenda”, mas também jogando algumas das principais promoções da Black Friday.

Para Antônio Abibe, chefe de projetos de conteúdo no YouTube, o fenômeno é muito forte no Brasil, onde há uma espécie de simbiose entre os consumidores e o audiovisual. “Os youtubers estão, cada vez mais, ficando fortes no Brasil e se tornando a cara da plataforma, além de o ponto de apoio sobre um assunto, um tema ou até um produto”, disse em entrevista a EXAME.

Para ele, isso fica ainda mais evidente conforme o YouTube passa a se tornar uma parte da experiência de compra, com pessoas procurando informações e detalhes sobre produtos e bens na plataforma. “Todas as forças estão a favor: o YouTube está maduro, assim como os criadores e o e-commerce”.

Uma previsão da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, aponta que esta deve ser a Black Friday mais online até hoje, com vendas crescimento de cerca de  77% nas vendas digitais. Durante o ano, impulsionado pela pandemia de coronavírus e a necessidade de distanciamento, o e-commerce já teve aumento expressivo:  o primeiro semestre registrou alta 47% no volume de compras feitas pela internet, segundo pesquisa Ebit/Nielsen feita em parceria com a bandeira de cartões Elo.

O modelo de lives já era algo que vinha se fortalecendo no decorrer do ano, justamente pelo cenário da pandemia. A inserção de conteúdo comercial e ofertas veio naturalmente, segundo Abibe, do YouTube, que afirma que criadores tiveram que se reinventar para introduzir assuntos quentes e fazer conteúdo ao vivo.

“No começo, não tinha uma oportunidade comercial, mas é natural que isso seja incorporado a partir de algumas lives. Existe muita marca, donos de negócios que estão de olho nisso. Acelerou o mercado publicitário e de anunciantes”, disse.

Durante a Black Friday, fica ainda mais fácil explorar a aliança de entretenimento e ação comercial. A data, diferente de outras que aliam apelo emocional ao comercial, é exclusivamente comercial no Brasil e as lives de anúncios e promoções são francas com os consumidores: se propõem a ser um momento de apresentação de descontos e de inserção de produtos.

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