Tecnologia

Como a Positivo tenta sobreviver no competitivo mercado de smartphones

Dados da IDC Brasil mostram que, em seis anos, o número global de players caiu de 20 para 5; para competir, a empresa brasileira apostou em parceria com gigante da área

Norberto Maraschin Filho, vice-presidente de mobilidade na Positivo Tecnologia (Positivo/Divulgação)

Norberto Maraschin Filho, vice-presidente de mobilidade na Positivo Tecnologia (Positivo/Divulgação)

LP

Laura Pancini

Publicado em 23 de abril de 2022 às 08h00.

Última atualização em 23 de abril de 2022 às 08h54.

Em somente seis anos, o número global de players no mercado de smartphones caiu de 20 para 5. As cinco maiores empresas (BBK, Samsung, Apple, Transsion e Xiaomi) detém 75% desse mercado, o que dificulta o crescimento das pequenas e médias fabricantes, que têm dificuldade em competir.

Os dados são da IDC Brasil, encomendados pela Positivo, e podem ser encontrados na íntegra ao final da matéria.

Para a brasileira Positivo, sobreviver no mercado de smartphones é ter produtos de qualidade a um preço competitivo. Porém, a consolidação dos players globais faz com que a parceria com gigantes seja quase obrigatória. Sem volume, não tem como chegar aos preços de marcas como Samsung e Xiaomi, por exemplo.

“Já era muito difícil para caras pequenos competirem, e agora virou uma tarefa quase impossível”, disse Norberto Maraschin Filho, vice-presidente de mobilidade da Positivo Tecnologia, em entrevista exclusiva à EXAME. O VP cita a escassez de semicondutores e outros materiais da cadeia de produção, além da automatização do trabalho, como fatores que levaram ao aumento dessa competitividade.

VEJA TAMBÉM

Escassez de semicondutores deve continuar até metade de 2022

Hélio Rotenberg, presidente da Positivo Tecnologia

Hélio Rotenberg, presidente da Positivo Tecnologia (Positivo Tecnologia/Divulgação)

A Positivo Tecnologia nasceu em 1989 e fez seu nome no mercado com os computadores, ainda na era dos PCs de mesa. Somente em 2021, a empresa teve faturamento de 4 bilhões de reais. A expectativa é chegar entre 5 e 6 bilhões no faturamento de 2022. 

“Nós somos a grande empresa de tecnologia de hardware no Brasil”, disse Maraschin. “Só que para manter as fábricas, ter escala e acesso a determinadas coisas, precisamos fazer parcerias”. Em outubro de 2021, a Positivo anunciou uma parceria com a Transsion Holdings, considerada a quarta maior empresa de smartphones do mundo.

O acordo compreende o licenciamento da Infinix, marca de celulares da Transsion que chega oficialmente ao país por meio da empresa brasileira de tecnologia. As operações estão localizadas em Curitiba, São Paulo, Ilhéus e Manaus.

Os celulares são o maior mercado de tecnologia do mundo, com cerca de 1,4 bilhões de dispositivos vendidos ao ano. Ao todo, foram vendidos aproximadamente 48 milhões de aparelhos em 2020 só no Brasil, com receita de R$ 71,7 bilhões.

Os modelos de maior demanda em comparação com o período anterior estão na faixa de preço entre R$ 1,1 mil e R$ 1,99 mil e de R$ 2 mil a R$ 2,99 mil, justamente onde a marca Infinix é muito forte.

O brasileiro busca por alternativas de qualidade e a Transsion quer ganhar mercado no Brasil. A aposta da Positivo, portanto, tem força.

“As outras grandes marcas não têm fábricas locais no Brasil. É inédito ir com um dos cinco maiores do mundo e ter um parceiro local fabricando. Fabricando localmente, você ganha 30% de competitividade no preço final”, comenta Maraschin.

VEJA TAMBÉM

Positivo tem receita recorde, vê alívio do dólar e aposta em nova frente

Vivo passa a indicar quais smartphones são mais sustentáveis; veja lista

Linha Infinix no Brasil

Em outubro de 2021, a Positivo Tecnologia lançou o primeiro smartphone da Infinix no Brasil, o Infinix NOTE 10 Pro, que superou as expectativas da marca, pois foi um sucesso de vendas e teve seu primeiro lote esgotado em menos de dois meses desde o anúncio.

Recentemente, a Positivo Tecnologia anunciou mais três modelos Infinix no Brasil, sendo um deles com 5G. O Infinix ZERO 5G chegará ao mercado no fim de abril e custará cerca de 2.499 reais. Os outros dois são mais baratos, variando entre 1.199 e 1.599 reais.

Homem negro segurando smartphone Infinix Zero 5G em fundo laranja

Infinix Zero 5G: fabricado diretamente do Brasil pela Positivo, smartphone custará cerca de 2.499 reais (Positivo/Divulgação)

Com a parceria, a Positivo busca chegar ao quinto lugar no mercado brasileiro de smartphones, que está “vazio” depois da saída da LG do mercado. O maior desafio, porém, é o reconhecimento de marca. 

“O que a Positivo busca é crescer e dar orgulho. A Infinix vem para agregar e traz muitos benefícios para o mercado”, disse Maraschin. “Temos dois grandes clientes: Casas Bahia e Vivo. Uma vez que as coisas se consolidarem, abriremos a alguns outros interessados a partir de julho.” 

Quem são os gigantes do mercado de smartphones?

Dados da IDC Brasil, encomendados pela Positivo, mostram que 75% do mercado global atual pertence a cinco grandes players. Veja os dados completos:

Principais players no Brasil em 2021

Samsung - 38%

Motorola - 28%

Xiaomi - 7%

Apple - 7%

Principais players globais em 2021

BBK (Oppo; ‎vivo‎; ‎realme‎; ‎OnePlus‎ - 20%

Samsung - 17%

Apple - 14%

Transsion - 12%

Xiaomi - 12%

Principais players globais em 2015

Samsung - 20%

Apple - 12%

Huawei - 5%

HMD - 5%

BBK - 4%

Motorola - 4%

LG Electronics - 4%

TCL - 4%

Xiaomi - 4%

Transsion - 3%

ZTE - 3%

Micromax - 2%

Lava - 2%

Sony - 1%

Coolpad - 1% 

Intex - 1% 

Meizu - 1%

ASUS - 1%

HTC - 1%

Microsoft - 1%

De 1 a 5, qual sua experiência de leitura na exame?
Sendo 1 a nota mais baixa e 5 a nota mais alta.

 

Seu feedback é muito importante para construir uma EXAME cada vez melhor.

 

Acompanhe tudo sobre:CelularesEmpresas brasileirasPositivoSmartphones

Mais de Tecnologia

Black Friday: 5 sites para comparar os melhores preços

China acelera integração entre 5G e internet industrial com projeto pioneiro

Vale a pena comprar celular na Black Friday?

A densidade de talentos define uma empresa de sucesso; as lições da VP da Sequoia Capital