Tecnologia

Como a Liv Up usa tecnologia para vender comida saudável e atrair R$180 mi

A empresa cresceu no ano marcado pela pandemia de covid-19 e, agora, após um aporte multimilionário e expansão do uso de tecnologia, vai se tornar um mercado on-line de alimentos frescos

Live Up: Raphael Straatmann, diretor de tecnologia, e Henrique Castellani, cofundador e chefe de operações da empresa (Liv Up/Montagem EXAME/Divulgação)

Live Up: Raphael Straatmann, diretor de tecnologia, e Henrique Castellani, cofundador e chefe de operações da empresa (Liv Up/Montagem EXAME/Divulgação)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 3 de agosto de 2021 às 16h30.

Última atualização em 4 de agosto de 2021 às 09h53.

A praticidade da comida congelada é imbatível para dias de home office ou para jantar sem ter muito trabalho depois de um dia cansativo no serviço. A Liv Up surfa nessa onda desde 2016 com a estratégia de mudar a percepção em relação à comida congelada, vista como uma opção de alimentação que faz mal à saúde. Com em muitos setores, a pandemia acelerou o crescimento da empresa, que precisou aprimorar o uso de tecnologia na sua operação para expandir sua área de atuação para a venda de alimentos frescos. 

A Liv Up, que integra a onda de startups de tecnologia no setor de alimentos -- chamadas pelo jargão de mercado “foodtechs” --, passou a utilizar uma combinação de tecnologias de gestão de estoque com algoritmos de previsão de vendas para evitar um problema que poderia prejudicar tanto os clientes quanto a reputação e lucratividade da empresa: produtos expirados.

“Nós precisamos ter um nível de precisão muito maior em relação aos produtos do nosso estoque para entender se eles não iriam vencer antes de chegar ao cliente. Com as melhorias que fizemos, nossos sistemas de estoque agora têm precisão de 98%. Isso nos dá muita inteligência para trabalhar com produtos naturais e frescos, e nos permite continuar em ritmo de crescimento acelerado”, afirma Raphael Straatmann, diretor de tecnologia da Liv Up, em entrevista para a EXAME.

No começo da quarentena para conter a covid-19, a companhia ampliou a sua aceitação de vale-alimentação e vale-refeição para receber pagamentos de todas as bandeiras, desse modo, captando a parcela do público que desejava utilizar os benefícios para continuar a se alimentar no cotidiano do home office.

A empresa faturou 100 milhões de reais em 2020 e prevê dobrar o número neste ano. Para isso, vem expandindo sua cesta de produtos vendidos ao consumidor via internet e prevê terminar o ano de 2021 com cerca de mil opções. Em junho, a empresa anunciou captação de 180 milhões de reais em uma rodada série D que foi, liderada pelo fundo Lofoten Capital, e teve participações da ThornTree Capital Partners e da Kaszek Ventures.

“Nos primeiros dias de ‘o mundo vai acabar’ da pandemia, todos ficaram sem estoques, e nós também. Tomamos as medidas possíveis para retomar rapidamente a operação e passamos bem por esse período. Nossos produtores rurais perderam a fatia de mercado de merendas escolares e nos procuraram. Começamos a ver a demanda cada vez maior por produtos que compõem uma cesta de mercado. Agora, estamos expandindo a operação para ser um mercado on-line”, conta Henrique Castellani, cofundador e chefe de operações da Liv Up. No ano passado, a empresa passou a vender frutas, verduras e legumes frescos, bem como carnes, peixes e produtos lácteos.

A empresa atua em 50 cidades brasileiras com 14 centros de distribuição de alimentos. A partir de setembro, o Rio de Janeiro também passará a ser atendido pela companhia. Os locais contemplados na expansão são a zona sul, Barra da Tijuca, Niterói, Freguesia, Pechincha, Centro, Jacarepaguá, Recreio dos Bandeirantes, Ilha do Governador e São Conrado.

“Tenho certeza de que conseguimos superar o estigma de que produtos congelados fazem mal à saúde. Temos um posicionamento transparente que casa muito bem com os produtos. Temos engenheiros de alimentos dedicados à qualidade dos alimentos e selecionamos matéria-prima de qualidade. Temos, por exemplo, um programa de pequenos produtores. 35 famílias fornecem produtos agrícolas para nós e têm renda média de mais de 10 mil reais por mês”, afirma Castellani.

O setor de comida congelada está em fase de expansão mundial. O setor teve faturamento global de 244,3 bilhões de dólares no ano de 2020 e manterá ritmo de crescimento anual de 5% até atingir 312,3 bilhões de dólares em 2025, de acordo com a consultoria americana MarketsAndMarkets.

No segmento que a Liv Up está entrando, entrega de alimentos frescos, o mercado também está aquecido. Neste ano, startups do mundo todo captaram mais de 100 milhões de dólares em aportes, o que levou à criação de unicórnios como a alemã Gorillas e a turca Getir.

A onda do delivery de comida está vindo com força em 2021 e quem surfar nela pode crescer como a Liv Up. Nesse mercado, também estão a Swift, mais conhecida pela venda de carne, e a startup Olga Ri, investida pela Kazesk Ventures e focada na entrega de saladas.

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