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Como a Apple dribla concorrentes na App Store

Segundo dados da plataforma Sensor Tower, a Apple possui 735 aplicativos como primeiro resultado de mais de 60 mil termos pesquisados

App Store: dados indicam que Apple dá preferência para seus próprios aplicativos em 60 mil buscas (Getty Images/Getty Images)

App Store: dados indicam que Apple dá preferência para seus próprios aplicativos em 60 mil buscas (Getty Images/Getty Images)

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Maria Eduarda Cury

Publicado em 18 de setembro de 2019 às 13h54.

São Paulo - Por meio da App Store, a loja virtual para dispositivos Apple, o usuário pode comprar ou baixar aplicativos para seu smartphone. A empresa, que é tanto desenvolvedora da interface da loja virtual como de alguns aplicativos próprios, é capaz de reorganizar e listar os aplicativos da maneira que prefere - o que lhe dá uma certa vantagem diante dos outros desenvolvedores. Durante os últimos anos, a plataforma Sensor Tower, que analisa o desempenho de apps na loja da Apple, informou que aplicativos da empresa apareciam com mais frequência nas buscas - até em pesquisas que não eram relacionadas com o propósito do aplicativo em questão.

Enquanto a loja virtual da Apple se tornava altamente competitiva para os desenvolvedores, a empresa se beneficiava com o poder de alavancar seus próprios aplicativos. De acordo com o jornal norte-americano The New York Times, NYT, aplicativos da empresa de eletrônicos ocupam os primeiros lugares em ao menos 700 buscas. O fato da Apple dar preferência aos seus projetos, em si, não é algo negativo - exceto quando ela ocupa este espaço com produtos que não são relevantes para a busca que o usuário fez.

Um exemplo, apontado pelo NYT, são os resultados de pesquisas, realizadas em 2018, pelo termo "podcast". Na época, o resultado do topo era um anúncio e no primeiro lugar estava um aplicativo da própria empresa, o Apple Podcasts. Mas o segundo lugar, que deveria ser ocupado por algum app de outro desenvolvedor relacionado com podcasts, era preenchido pelo aplicativo Bússola, também da Apple. Assim como o terceiro aplicativo também era da Apple. E o quarto. E o quinto. E o sexto. Isso acontecia até chegar ao décimo quarto aplicativo, de modo que a App Store só apresentava produtos de outras companhias mais de 10 apps depois.

Algo similar aconteceu com o Spotify, aplicativo de streaming de música, durante os anos 2013 e 2018. No início de setembro de 2013, o aplicativo era o primeiro que aparecia quando os usuários pesquisavam a palavra "música". A Apple adicionou os seus apps na App Store em junho de 2016 e, no mesmo mês, o Spotify passou da primeira posição para a quarta. Em fevereiro de 2018, o aplicativo já estava na oitava posição - apesar de ser um dos serviços de música mais utilizados globalmente - e 6 apps da própria Apple estavam na sua frente - mas dessa vez, todos eram pelo menos um pouco relacionados com o tema música.

Quando o Spotify alcançou a 23ª posição, os responsáveis pelo aplicativo contestaram a Apple e, alguns meses depois, o Spotify havia retornado para a quarta posição. Em entrevista para o NYT, um representante da Apple informou que os apps da companhia geralmente ficam em posições altas por conta de seus nomes genéricos e sua popularidade. Philip Schiller, vice-presidente da App Store, disse que a Apple não favorece seus próprios aplicativos na loja: "Não há nada sobre a forma como executamos pesquisas na App Store que seja projetada ou planejada para impulsionar os downloads da Apple de nossos próprios aplicativos. Apresentaremos resultados com base no que achamos que o usuário deseja", respondeu Schiller ao ser questionado pelo NYT.

Ainda que o responsável por resultados de buscas seja o algoritmo - que é definido pelo histórico dos usuários -, os engenheiros de software da Apple informaram para o NYT que, por um período de tempo, o algoritmo estava priorizando aplicativos Apple ao invés de funcionar da maneira que deveria. Quando isso foi percebido, um engenheiro alterou o algoritmo para retornar a funcionar da maneira correta. Os funcionários disseram que não poderiam ser descritivos sobre como o algoritmo da Apple funciona, para evitar fraudes, mas ele identifica sinais como relevância, nota, número de cliques e downloads.

Em julho deste ano - quando os engenheiros disseram terem percebido o problema -, diversos apps da Apple caíram de posição nas pesquisas. Schiller, porém, informou que o algoritmo esteve sempre funcionando de maneira correta e que a empresa apenas decidiu ajudar um pouco mais os demais desenvolvedores. "Nós estamos felizes em admitir quando erramos. Isso não foi um erro.", comentou o vice-presidente para o NYT.

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