O serviço de mensagens do BlackBerry está suspenso na Arábia Saudia (Getty Images/Mario Tama)
Da Redação
Publicado em 6 de agosto de 2010 às 12h15.
Riad - A Arábia Saudita tornou-se nesta sexta-feira o primeiro país a restringir o uso do BlackBerry, suspendendo o serviço de mensagens do telefone multimídia, questionado por vários países por seu sistema de codificação ultrasseguro que dificulta a vigilância.
Vários usuários afirmaram à AFP que não conseguiram usar a função de mensagens em seus celulares desde o meio-dia, apesar de terem utilizado esse serviço durante a manhã.
"Parou de funcionar", informou um usuário em Jidá, na costa oeste do país, acrescentando que seus amigos disseram que algo semelhante ocorria com os aparelhos deles.
A autoridade de regulação das telecomunicações anunciou na terça-feira ter ordenado a suspensão desses serviços do BlackBerry a partir de sexta-feira, porque a companhia não teria cumprido suas exigências.
"A forma com a qual os serviços do BlackBerry são constituídos atualmente não responde aos critérios de segurança da comissão nem às condições de licença", disse então a Comissão de Comunicações e Tecnologia da Informação (CITC).
Os aparelhos telefônicos da canadense Research in Motion (RIM) apresentam, segundo especialistas, um nível de codificação superior à maioria dos "smartphones", tornando muito difícil a vigilância de seus usuários.
Riad adiantou-se aos Emirados Árabes Unidos, que tinham anunciado no domingo a suspensão dos principais serviços da BlackBerry a partir de 11 de outubro, assegurando que estes não seguiam a regulamentação.
Tanto a Arábia Saudita como os Emirados Árabes censuram o acesso à Internet, especialmente aos sites pornográficos e a alguns sites políticos.
Na Índia, o governo lamentou a dificuldade de controlar os BlackBerry, e ameaçou também proibir alguns serviços no país.
A suspensão saudita ocorre um dia depois do anúncio dos Estados Unidos e Canadá de futuras conversas com os países que exigem vigiar melhor os telefones. Estados Unidos e Canadá mostraram-se dispostos a defender o direito ao uso do BlackBerry durante estas conversas.
"Somos conscientes de que há inquietações legítimas sobre a segurança. Mas também há um direito legítimo ao acesso à informação", afirmou a secretária de Estado americana, Hillary Clinton.
O porta-voz de Hillary, Philip Crowley, declarou que Washington iniciou um diálogo com Arábia Saudita, Índia e outros países para resolver o problema. Washington também assegurou que contataria a RIM, para ver como unir as necessidades de segurança com as de acesso a informação.
No Canadá, o ministro de Comércio Internacional, Peter Van Loan, declarou que o governo defenderá a RIM, "como fizemos cada vez que companhias canadenses enfrentam este tipo de desafio".
Van Loan anunciou conversas com os Emirados Árabes, onde há 500.000 usuários, e com a Arábia Saudita, que conta com 700.000, para encontrar uma "solução construtiva".
Em Beirute, as autoridades libanesas anunciaram que começariam uma avaliação dos "temas de segurança" relativos ao BlackBerry, depois da prisão de supostos agentes israelenses no setor de telecomunicações.
O governo da Indonésia desmentiu que teria intenção de bloquear o acesso a certos serviços do aparelho, mas reconheceu que deseja ver ajustes em seu sistema de funcionamento.
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