Klecios Souza: presidente da Steck está reformulando estratégia da companhia no Brasil (Steck/Divulgação)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 5 de maio de 2021 às 16h27.
A Steck quer dobrar de tamanho nos próximos três anos. Fabricante de produtos e sistemas elétricos para uso residencial, comercial e industrial, a companhia brasileira fundada em 1975 espera fazer com que sua receita supere 800 milhões de reais ao fim de 2023. Para isso, a expectativa é conseguir ampliar o crescimento que foi de 20% no ano passado.
Comprada pelo conglomerado francês Schneider Electric em 2011, a Steck é uma das principais fabricantes de produtos como quadros de distribuição, plugues, tomadas, condutores e outros acessórios para a instalação de sistemas elétricos. Do faturamento de 400 milhões de reais obtido pela companhia no ano passado, uma fatia de 75% veio das vendas no Brasil, que cresceram 25% em 2020.
Para aumentar as vendas no país, a empresa está reformulando sua estratégia. A maior novidade promete ser o lançamento de um canal próprio de e-commerce. A ideia é aumentar as vendas e garantir uma fatia maior em relação aos números atuais, decrescidos pelas taxas cobradas pelos marketplaces nos quais a Steck utiliza como seus principais canais de venda.
Quando colocar seu plano em prática, a Steck deverá aumentar as vendas da linha Smarteck, produtos inteligentes e focados na tecnologia de internet das coisas. São lâmpadas, fechaduras e interruptores conectados à internet e que podem ser controlados por comandos de voz direcionados para assistentes virtuais como Alexa e Google Home.
Aproveitando esta onda mais moderna, há a expetativa para o lançamento de um novo produto: um carregador portátil voltado para veículos elétricos. “Quem tem um celular não tem apenas um carregador. A tendência é de que quem use um carro elétrico também outras opções”, afirma Souza. Ainda não há uma previsão oficial de quando o produto chegará ao mercado.
Ao que tudo indica, a Steck está de olho em dois movimentos. O primeiro é o claro aumento nas vendas de carros elétricos. Globalmente, foram vendidos 3,2 milhões de automóveis elétricos no ano passado. Alta de 43%, segundo dados da consultoria EV-Volumes. No Brasil, onde o mercado ainda é incipiente, as vendas aumentaram 53% no ano passado com 857 veículos movidos a eletricidade comercializados no país.
O segundo ponto de atenção é justamente a falta de infraestrutura de carregamento que afasta os consumidores do motor elétrico. Uma pesquisa recente feita pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, aponta que um em cada cinco donos de carros elétricos no país voltaram a utilizar veículos movidos por gasolina. O motivo está relacionado com a dor de cabeça para realizar a recarga das baterias.
Mudanças estruturais também estão nos planos. Um centro de distribuição localizado na Vila Maria, região norte da capital paulista, será realocado em Arujá, no interior do estado. A justificativa é de que isso permitirá à companhia ser mais eficiente na entrega dos produtos. Os custos também devem ser reduzidos em relação ao serviço efetuado em São Paulo.
O movimento reflete o que foi feito no ano passado com a transferência de uma das fábricas, que saiu de Itaquera, em São Paulo, para Guararema, no interior paulista. A companhia ainda mantém uma operação de produção em Manaus e outra na China – esta com o apoio da Schneider Eletric. “Hoje não dá para ser competitivo no mercado elétrico sem produtos oriundos da China”, diz Klecios Souza, presidente da Steck.
O Brasil é o principal mercado da Steck, mas a companhia segue apostando na internacionalização de seu negócio. Com presença em 18 países, a fabricante brasileira viu a exportação de seus produtos crescer 38% no período. O foco está na América Latina principalmente em países como México e Colômbia – que se tornaram alvos de empresas brasileiras de diferentes setores nos últimos anos.
“O Brasil segue sendo o nosso principal mercado, mas o que mais tem crescido é o mercado latino-americano”, diz Souza. De acordo com o executivo, o crescimento da construção civil na região e a pandemia, que fez com que as pessoas passassem a reformar mais suas residências, foram determinantes para uma alta de 25% nos negócios da empresa nos países vizinhos ao Brasil.
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