Tecnologia

Com investimento de R$ 30 milhões, Vertem quer ecossistemas para todos

Na onda do cashback e dos clubes de fidelidade, a Vertem atua nos bastidores das grandes empresas, já movimenta mais de 1,5 bilhão de reais e quer IPO nos próximos anos

Emerson Moreira: diretor executivo da Vertem espera abrir capital da empresa até 2024 (Vertem/Divulgação)

Emerson Moreira: diretor executivo da Vertem espera abrir capital da empresa até 2024 (Vertem/Divulgação)

RL

Rodrigo Loureiro

Publicado em 23 de abril de 2021 às 07h00.

Última atualização em 23 de abril de 2021 às 12h11.

O recente pedido de IPO da Dotz e o desempenho positivo da Méliuz na B3 não revela apenas a força do cashback, mas também a tendência da formação de clubes digitais para facilitar a venda de produtos de diferentes marcas. Para surfar nesta onda, a Vertem, empresa que auxilia na criação desses ecossistemas, está investindo 30 milhões de reais em sua operação que já atende algumas gigantes do mercado.

A aposta é na criação de ecossistemas nichados – e que fujam do radar de líderes como Mercado Livre e Magazine Luiza (que recentemente lançou um cartão de crédito sem anuidade e com cashback) Um exemplo é a Juntos Somos Mais (ou Juntos Somos +), plataforma de material de construção gerida pela Vertem e que conta com marcas como Tigre, Votorantim, Gerdau, entre outros, e é focada nas vendas B2B e já atende mais de 60.000 lojas e 500.000 profissionais de construção civil.

A solução busca auxiliar os comerciantes e as grandes indústrias. Do lado dos compradores, está a possibilidade de montar um estoque com produtos de grandes marcas e ganhar recompensas por isso. Para os vendedores, a proposta é fidelizar os clientes e criar mais um canal de vendas sem a necessidade de recorrer às varejistas tradicionais ou ter o trabalho de fazer as vendas para cada loja.

Fundada em 2007, a Vertem já movimenta 1,5 bilhão de reais em volume bruto de mercadorias (GMV) e espera que esse número chegue em 5 bilhões de reais até 2024. Entre os clientes estão empresas como Unilever, Avon, Samsung, LG, Vivo, Shell, BMW, Mercedes-Benz, entre outras. “Não temos uma marca própria, mas estamos por trás dos grandes negócios”, diz Emerson Moreira, diretor executivo da Vertem.

“As indústrias estão indo em direção ao consumidor final, mas isso não significa que o intermediário está morrendo”, diz Moreira ao citar exemplos de empresas como Zé Delivery, da Ambev e CompraCerta, da Whirlpool. “As fabricantes estão percebendo que precisam colaborar e somar esforços com outras marcas.”

Para exemplificar, o Zé Delivery faz a venda de itens da Heineken, rival de marcas como Stella Artois e Colorado. Já o CompraCerta tem produtos como da Samsung, uma concorrente direta para Brastemp e Consul.

Em outubro do ano passado, a companhia criou uma modalidade chamada de Shopping para ofertar a criação destes ecossistemas munidos de cashback para as empresas. Entre as clientes estão Itaú (Iupp), Unilever, Porto Seguro, entre outras. A expectativa é de que o “troco” seja empenhado pelo consumidor em novas compras, dobrando a frequência de consumo e gerando uma fidelização com a marca.

O negócio guarda algumas semelhanças com o que outras empresas já fazem – não apenas a Méliuz ou a Dotz. O PicPay, por exemplo, criou uma loja própria dentro de sua plataforma para facilitar o uso do cashback de seus clientes na aquisição de novos produtos ou na contratação de serviços. A plataforma de meio de pagamentos verde já conta com parcerias com empresas como Multilaser, Netflix e Shell. O Banco Inter também dança a mesma música.

Do ponto de vista do mercado, a injeção de dinheiro pode trazer algumas dúvidas. Segundo a Associação Brasileira de Empresas do Mercado de Fidelização (Abemf), o segmento faturou 5,3 bilhões de reais em 2020, 29% a menos do que em 2019. Os dados contabilizam a somatória do faturamento de empresas como JuntosSomosMais, Smiles, Dotz, Elo, Latam Pass, LTM, Orbia, entre outras.

O novo investimento também será voltado para tecnologia. A ideia é dar uma escala maior de crescimento para o negócio, diz Moreira. Segundo o executivo, o plano é fortalecer a parte de dados para tornar a experiência do consumidor extremamente personalizada. “Eu consigo oferecer um desconto exclusivo baseado nos gastos que uma pessoa faz numa determina loja apenas informando seu CPF”, diz.

Diversificação e futuro

O modelo de negócio da Vertem engloba também outros serviços. A empresa paulista auxilia diretamente na transformação digital e na administração de pequenos negócios. Segundo Moreira, a companhia atua no lançamento de campanhas via Google Ads, na obtenção de serviços e produtos da GetNet e até mesmo no desenvolvimento softwares de gestão utilizados pelo negócio.

“Às vezes o empreendedor não entende por que uma determinada marca, que pode ser gigante, está com um baixo engajamento dos clientes em sua loja. Trabalhamos com esse empresário para mudar isso”, diz Moreira.

Para o futuro, os planos envolvem captar mais dinheiro no mercado e até abrir capital. “Muitos fundos estão nos procurando. Estamos conversando”, diz Moreira. Depois disso, a expectativa é realizar um IPO. Ainda não há uma previsão exata de quando isso vai acontecer, mas Moreira afirma que espera chegar à B3 ainda nos próximos três anos para “aproveitar o bom momento do mercado de tecnologia”.

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