O iCloud está aberto apenas a desenvolvedores de aplicativos. O serviço deverá ser liberado ao público quando for lançado o iPhone 5 (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2011 às 19h50.
São Paulo - Com o lançamento oficial do iCloud, disponível a partir do próximo dia 12, a Apple começa a desviar seu tradicional modelo de negócios – baseado na produção e venda de hardware – em direção à oferta mais intensa de serviços. Embora a empresa já tenha investido tempo e dinheiro em projetos nessa área, como as lojas de músicas e aplicativos, dá agora, com o iCloud, o primeiro passo para entrar em um mercado disputado por gigantes da internet, incluindo a Amazon, o Google e mesmo a rede social Facebook.
A vantagem da companhia de Cuppertino, criada pelo genial Steve Jobs e agora liderada pelo hábil Tim Cook, é que seus usuários já possuem as ferramentas certas para utilizar os novos serviços: iPhones, iPods e iPads, todos rodando o mesmo sistema operacional – o iOS. O ecossistema é fechado, o que barra a participação de pessoas que não utilizam esses dispositivos, mas garante padronização para quem usa o sistema. Esse é um problema que afeta, por exemplo, o rival Android, do Google, que possui várias versões, adotadas por diferentes dispositivos.
Nuvem
No universo da tecnologia, a palavra “nuvem” designa um ambiente virtual que permite o armazenamento de textos, vídeos, músicas e fotos digitalizados e também o acesso de usuários a aqueles arquivos. Armazenado em servidores remotos, esse conteúdo pode ser acessado de qualquer dispositivo, móvel ou não, com acesso direto à internet e a qualquer momento.
A Apple começa devagar, oferecendo os recursos iCloud de graça junto com o seu sistema iOS 5. Com a atualização instalada, os usuários terão apenas que fazer uma conta para ganhar imediatamente 5 GB de espaço para armazenar arquivos na nuvem, como documentos, áudio e vídeos. Esses conteúdos poderão ser recuperados a qualquer hora, desde que o usuário tenha uma conexão com a internet.
Se faltar espaço, pode-se pagar por capacidade extra. A partir de 10 GB, a empresa cobra 20 dólares por ano pelo serviço, podendo chegar a 100 dólares anuais para uma conta de 50GB. É a média praticada pela concorrência.
A oferta é interessante, mas comum. Rivais oferecem a mesma capacidade pelas mesmas condições – o que pede alguma forma de diferencial no mercado. É aí que entram os demais serviços oferecidos pela Apple, como aluguel e compra de conteúdo e a possibilidade de recebê-lo quando você quiser, tudo sob demanda.
Nesse campo, a Amazon pode ser considerada uma rival imediata, uma vez que a gigante do varejo eletrônico já “caminha nas nuvens” há algum tempo. Recentemente, lançou seu tablet, o Kindle Fire, que deve funcionar como a principal plataforma para a propagação de seus serviços de distribuição de conteúdo (áudio e vídeo) e armazenamento de informações. “É bom lembrar que a Amazon tem mais mercado de massa do que a Apple”, aponta Carolina Milanesi, vice-presidente mundial de pesquisas para a empresa de análise de mercados Gartner.
A Apple, então, deve apostar em sua especialidade: música digital. São 20 milhões de fonogramas disponíveis, ante 16 milhões da rival, além das constantes negociações com os grandes estúdios. Na área de vídeos, a situação é inversa. São 100.000 obras do lado da gigante do varejo, enquanto a criadora do iPhone conta com apenas 50.000 títulos disponíveis. Em seu caminho para o sucesso, a Apple deve brigar com outras iniciativas, como a do Google, que ainda não encontrou a receita certa para atingir o usuário final, e o Facebook, que já começa a trabalhar suas parcerias no campo da música e do cinema.
“Esse mercado ainda vive sua infância. O consumidor ainda não sabe quem seguir ou o que esperar dele”, afirma Carolina. Isso pode dar certa vantagem para a Apple, uma vez que a companhia tem o costume de utilizar suas excelentes estratégias de marketing para converter potenciais consumidores em clientes.