Tecnologia

Com câmeras ao vivo para segurança, Camerite quer faturar R$ 10 mi em 2021

Startup de Joinville ajuda comunidades de moradores a monitorar a região e oferece acesso gratuito para autoridades de segurança

Cristian Aquino: CEO da Camerite teve que mudar curso dos negócios da startup (Camerite/Divulgação)

Cristian Aquino: CEO da Camerite teve que mudar curso dos negócios da startup (Camerite/Divulgação)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 16 de março de 2021 às 14h37.

Última atualização em 16 de março de 2021 às 21h08.

Você já quis saber a situação do trânsito olhando câmeras ao vivo pela internet, sem pagar nada por isso? Essa foi a motivação da criação da startup Camerite, de Joinville, Santa Catarina, que nasceu em 2012 com o nome de VejoAoVivo. Com investimento de 20.000 reais de dois amigos, Cristian Aquino, CEO da startup, fundou a Camerite como uma pequena rede de câmeras de rua. O modelo de negócios inicial era baseado de veiculação de anúncios publicitário no site e app, mas a estratégia provou-se comercialmente inviável. A partir de 2016, a companhia mudou seu foco e passou a oferecer câmeras para comunidades de moradores, que pagam uma mensalidade de cerca de 40 reais. Hoje, a Camerite funciona em 800 cidades, inclusive em São Paulo, e fornece a autoridades de segurança pública o acesso às imagens em tempo real.

Miguel Abuhab, CEO e fundador da Neogrid, empresa que abriu o capital neste ano e fornece uma plataforma de varejo com dados de estoque e vendas, é um dos principais investidores da Camerite e integra o conselho administrativo da empresa. Após o aporte, a startup instalou mais de 1.000 câmeras nas ruas e mudou seu negócio, que passou a ser baseado no modelo de franquias para organizações de moradores. Hoje, são 110 e o plano é terminar o ano com 350.

Mesmo com a instabilidade econômica do ano passado, em razão da pandemia de covid-19, a Camerite atingiu faturamento anual de 5,5 milhões de reais. A meta declarada para 2021 é superar 10 milhões de reais de receita.

Além da expansão das franquias, a startup também busca levar seus negócios para governos, que poderiam ter acesso a uma tecnologia que usa recursos de inteligência artificial. “A rastreabilidade para veículos, desenvolvida junto com a Microsoft, é um exemplo de aplicação dessa tecnologia. Em muitos crimes, não há a placa de um veículo, só o modelo do carro. A inteligência artificial traz, rapidamente, todos os veículos de um determinado modelo que estiverem visíveis em um determinado período de tempo”, afirma o CEO da Camerite, em entrevista à EXAME. “Investigações como a da vereadora no Rio de Janeiro poderiam ter veículos rastreados em pouco tempo”, diz.

IA - Hórus - Camerite - Análise de rota - simulação

Hórus: plataforma de vídeo com inteligência artificial da Camerite ajuda no rastreamento em imagens (Camerite/Divulgação)

A história de mudança de curso nos negócios da Camerite é comum entre as startups de tecnologia. O próprio Instagram, chamado de Burbn em uma versão preliminar, começou oferecendo uma série de recursos aos usuários, como fazer check-in de localizações, diversas formas de publicação de imagens e até um sistema de pontuação. Mas tudo isso foi deixado de lado rapidamente em prol da simplicidade, que levou o aplicativo a ser comprado pelo Facebook por 1 bilhão de dólares poucos anos mais tarde.

Conhecido com uma das maiores plataformas globais de vídeos da internet, o YouTube, no início, era um site de encontros, no qual as pessoas podiam publicar vídeos contando o que gostariam de encontrar um parceiro romântico. Como o negócio não decolou, os fundadores buscaram outra opção de modelo de negócios: permitir que as pessoas publicassem vídeos sobre qualquer assunto. Com isso, em 2005, o Google comprou o YouTube.

Outro caso emblemático é o da Netflix, que tinha um modelo de negócios baseado na entrega de DVDs. Antevendo a tendência digital, a empresa apostou uma plataforma de streaming de vídeo e, hoje, é a maior empresa do ramo, com mais de 200 milhões de assinantes pagantes.

Hoje, a Camerite pode não atrair a atenção de um desses gigantes americanos do mercado de tecnologia. Mas certamente tem potencial de reduzir índices de criminalidade em centros urbanos. Na cidade de Palotina, no Paraná, que tem uma câmera de vigilância para cada 66 habitantes, a taxa de criminalidade local teve queda de 81%, com o número de roubos indo de 21 para quatro e apreensões ne tráfico indo de 45 para dez (crescimento de 100%). Os dados são da PM local e abrangem o período de janeiro a abril de 2020, em relação ao mesmo período no ano anterior.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasSanta CatarinaSegurança públicaStartups

Mais de Tecnologia

Satélites da SpaceX estão causando interferência nos equipamentos de pesquisadores, diz instituto

Desempenho do iPhone 16 chama atenção e consumidores preferem modelo básico em comparação ao Pro

iPhone 16 chega às lojas – mas os recursos de inteligência artificial da Apple, não

Intel descarta venda de participação na Mobileye e ações da empresa disparam