Tecnologia

Cofundador do WhatsApp conta história por trás da venda ao Facebook

Brian Acton, cofundador do aplicativo, falou na primeira entrevista após sua saída sobre divergências com a empresa de Mark Zuckerberg

 (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

(Chris Ratcliffe/Bloomberg)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 27 de setembro de 2018 às 15h25.

Última atualização em 27 de setembro de 2018 às 15h37.

São Paulo – Brian Acton é um dos cofundadores do WhatsApp, junto a Jan Koum. Fora da empresa, Acton concedeu uma entrevista para a revista Forbes na qual conta a história por trás da venda para o Facebook. Em 2014, a companhia de Mark Zuckerberg pagou 22 bilhões de dólares pelo aplicativo, que, desde aquela época, mantinha o foco na qualidade do serviço de troca de mensagens e desejava oferecer comunicação segura, criptografada, aos usuários.

Durante a negociação com Zuckerberg, Acton conta que o CEO do Facebook prometeu não cobrar monetização por cinco anos e apoiou a ideia da troca de mensagens segura ao ponto de não ser possível a interceptação nem por terceiros, nem pela própria empresa–apenas destinatário e remetente têm acesso às conversas em seus respectivos smartphones.

Acton, porém, deixou a companhia no final do ano passado por divergências sobre o modelo de negócio. Ele propôs a monetização por meio da cobrança de uma pequena taxa de usuários que enviam muitas mensagens, oferecendo um alto número de mensagens, enquanto o Facebook buscava formas de analisar dados de mensagens sem quebrar a criptografia do aplicativo para oferecer publicidade personalizada, como faz no Facebook. A ideia seria oferecer ferramentas corporativas para que empresas pudessem falar com usuários do WhatsApp–e ferramentas de análise de dados seriam oferecidas também como um serviço. Anúncios seriam mostrados no Status, o campo de imagens que desaparecem em 24h do WhatsApp, bem parecido com o que acontece no Instagram Stories atualmente.

Tanto Acton quanto Koum tinham uma cláusula contratual que lhes permitia sair da empresa com suas ações se o Facebook começasse a implementar iniciativas de monetização sem seus respectivos consentimentos. Ambos sempre foram contra a exibição de anúncios no WhatsApp e a escolha pareceu clara para Acton. Quando houve a divergência sobre a monetização do app, o cofundador procurou Zuckerberg para deixar a empresa e receber sua parte. No entanto, o argumento para negar as ações a Acton foi de que as ferramentas de monetização não tinham sido implementadas. Acton não comprou briga e deixou a empresa mesmo assim.

A decisão de deixar a companhia lhe custou 850 milhões de dólares.

Em uma das decisões que o desagradou, o Facebook relacionou o número de celular das contas do WhatsApp com contas dos usuários da rede social Facebook.

Com um aporte de 50 milhões de dólares ao aplicativo Signal, que foca na privacidade dos usuários, Acton tenta recriar o WhatsApp na sua forma mais pura, sem ter a influência de uma empresa como o Facebook que deseja monetizar o produto com anúncios. O modelo de negócios da fundação de Acton com o Signal ainda está em construção, mas ele pode ser parecido com o da Wikipedia, que vive de doações.

Koum deixou o WhatsApp meses depois da saída de Acton. Nesta semana, os dois cofundadores do Instagram também saíram da companhia, comprada pelo Facebook em 2012, por 1 bilhão de dólares. Com isso, nenhum dos fundadores dos aplicativos comprados pela rede social fazem mais parte do Facebook.

Acompanhe tudo sobre:AppsFacebookWhatsApp

Mais de Tecnologia

Gigantes das redes sociais lucram com ampla vigilância dos usuários, aponta FTC

Satélites da SpaceX estão causando interferência nos equipamentos de pesquisadores, diz instituto

Desempenho do iPhone 16 chama atenção e consumidores preferem modelo básico em comparação ao Pro

iPhone 16 chega às lojas – mas os recursos de inteligência artificial da Apple, não