Mark Zuckerberg, CEO do Facebook: acordo coincide com a estimativa que o Facebook fez no começo deste ano (Andrew Harrer/Bloomberg)
Lucas Agrela
Publicado em 9 de maio de 2019 às 16h24.
Última atualização em 9 de maio de 2019 às 16h25.
São Paulo – Mark Zuckerberg criou o Facebook junto com algumas pessoas em 2004. Uma delas é Chris Hughes. Agora, 15 anos depois de ter fundado a rede social mais usada do mundo, Hughes publicou um artigo opinativo no jornal americano The New York Times, no qual pede que o Facebook seja fatiado para ser menos poderoso do que é hoje.
"A influência de Mark é estarrecedora, vai muito além do que qualquer outra pessoa no setor privado ou em governos. Ele controla três plataformas centrais de comunicação – Facebook, Instagram e WhatsApp – que são usadas por bilhões de pessoas todos os dias. O Conselho do Facebook trabalha mais como um comitê de aconselhamento do que como supervisores, porque Mark controla cerca de 60% das ações com direito a voto. Mark, sozinho, pode decidir como configurar os algoritmos do Facebook para determinar o que as pessoas verão na Linha do Tempo, quais ajustes de privacidade as pessoas podem usar e até mesmo quais mensagens são entregues. Ele estabelece as regras para como distinguir discurso violento e incendiário daqueles que são meramente ofensivos, e ele pode escolher tirar um concorrente da jogada ao comprá-lo, bloqueando-o ou copiando-o", escreveu Hughes.
O cofundador admite que nem ele nem a equipe inicial da empresa entendiam o poder do algoritmo de exibição de conteúdo da Linha do Tempo (a interface que vemos ao acessar o Facebook, onde há publicações de amigos e marcas). Para ele, esse espaço digital mudou a cultura das pessoas, influenciou eleições e empoderou líderes nacionalistas.
Hughes diz estar bravo com Zuckerberg, que considera ser uma boa pessoa, porque o seu foco no crescimento do Facebook o levou a "sacrificar a segurança e a civilidade em prol dos cliques", segundo seu relato.
A livre concorrência foi prejudicada pelas aprovações de aquisições concedidas ao Facebook por governos e entidades regulatórias, de acordo com Hughes. Para ele, a rede social eliminou sua concorrência e deixou os usuários sem opção de migração para outros serviços que sejam usados por muitas pessoas em todo o mundo.
Hughes acredita que ainda haja tempo para regular o Facebook. Uma solução apontada por ele seria usar a legislação vigente para verificar a posição de dominância da empresa de tecnologia. Mas, para Hughes, parece que essas ferramentas foram esquecidas e é preciso ter vontade política para regular a rede social comandada por Zuckerberg.