Tecnologia

Co-fundador da Apple diz que Snowden é um herói

Steve Wozniak disse que acredita que Snowden abandonou toda a sua vida porque refletiu sobre a honestidade, sobre espionar norte-americanos e quis contar isso ao mundo


	Sobre o uso das nuvens, Wozniak considera inevitável uma perda de privacidade. "Nós não temos muita escolha agora", disse
 (©AFP/File / Torsten Blackwood)

Sobre o uso das nuvens, Wozniak considera inevitável uma perda de privacidade. "Nós não temos muita escolha agora", disse (©AFP/File / Torsten Blackwood)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 26 de junho de 2013 às 22h03.

São Paulo - O co-fundador da Apple, Steve Wozniak, disse em entrevista ao site de notícias The Daily Beast que Edward Snowden -- ex-agente da CIA que recentemente revelou ao mundo um projeto secreto de espionagem do governo norte-americano (Prism) através da internet e ligações telefônicas -- é "um herói".

"Ele é um herói de acordo com as minhas crenças sobre como a Constituição deve fucionar. Eu não acho que a NSA fez uma coisa valiosa para nós", afirmou.

Em conversa com o repórter Lloyd Grove, do The Daily Beast, Wozniak disse ainda que considera terrorismo crime, mas não guerra.

"Usando esse termo 'guerra', conseguimos usar todas esses jeitos esquisitos de afirmar que a Constituição não se aplica em caso de guerra. E penso que Snowden é um herói porque isso vem do coração. Eu realmente acredito que ele desistiu de toda a sua vida porque refletiu profundamente sobre a honestidade, sobre espionar norte-americanos, e ele quis nos dizer isso".

O gênio da computação, porém, admitiu ao site que a NSA tem uma missão legítima de "olhar pela nossa (dos norte-americanos) segurança".

Em relação aos tribunais secretos que teriam concedido mandados abrangentes para as atividades do Prism, Wozniak teria dito: "por que organizar um tribunal secreto? É como dizer, 'eu preciso de um mandado e eu darei um a mim mesmo'".

Wozniak também se demonstrou preocupado com o uso da internet para invadir a privacidade das pessoas. Ele disse que quando fundou a Apple, jutamente com Steve Jobs, em 1976, a internet estava começando, mas que hoje representa uma séria ameaça a privacidade pessoal.

"Toda vez que você cria uma conta, só porque você quer comprar alguma coisa, você tem que clicar em 'OK' e 'eu concordo com isso'. Quem tem tempo para ler todos os termos legais e quem tem a habilidade de compreendê-los?", disse. 

Sobre o uso dos serviços de nuvens, Wozniak considera inevitável uma perda de privacidade. "Nós não temos muita escolha agora".


"Quando a internet chegou, eu pensei que era simplesmente o farol da liberdade. As pessoas poderiam se comunicar com qualquer um, e ninguém poderia detê-la. Agora, descobre-se que cada coisa que enviamos em contas de e-mail é publicamente visível e está totalmente aberta e exposta, e que pode ser tomada por qualquer razão. Não era para ser isso. Esse não é o lugar para o qual nós pensamos que a internet iria. Nós pensamos que ela iria elevar pessoas comuns a grandes, controlar o governo e nos proteger dos tiranos". Ao contrário, segundo ele, agora ela "permite que os tiranos tenham maior controle sobre nossas vidas".

Negociações

Edward Snowden, que é formalmente acusado de espionagem nos EUA, encontra-se em trânsito no aeroporto de Moscou, na Rússia, onde aguarda resposta sobre o pedido de asilo político que fez ao Equador. O governo norte-americano tenta negociar junto ao Kremlin, sede do governo russo, a extradição do ex-agente da CIA, para que ele possa responder pelos supostos crimes no seu país. 

Entretanto, o presidente russo, Vladmir Putin, já sinalizou que não pretende extraditar Snowden, já que os dois países não tem um tratado e ele não teria cometido nenhum crime contra a Rússia. 

Acompanhe tudo sobre:AppleEdward SnowdenEmpresasEmpresas americanasempresas-de-tecnologiaSteve WozniakTecnologia da informação

Mais de Tecnologia

Toyota e Joby testam 'carro voador' no Japão pela primeira vez

O Vale entre Trump e Kamala: pleito coloca setor de tecnologia em lados opostos das eleições nos EUA

China inova com o lançamento do primeiro robô humanoide ultraleve, o Konka-1

Xiaomi investirá US$ 3,3 bi em P&D em 2024 e mira US$ 4,2 bi em 2025