Câncer: o software está pronto para analisar informações de pacientes de radioterapia (Getty Images/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de julho de 2017 às 17h18.
Última atualização em 7 de julho de 2017 às 13h29.
São Paulo - Médicos da rede mineira Oncoclínicas, especializada em tratamento de câncer, vão começar a usar em breve um sistema de inteligência artificial no atendimento aos pacientes.
A tecnologia, desenvolvida pela Microsoft, ajuda a identificar tumores, com base em exames, e a escolher a área mais adequada para terapia.
Os testes começaram há cerca de duas semanas. A previsão é que o sistema esteja disponível nas 43 unidades do grupo no segundo semestre deste ano.
Por ora, o software está pronto para analisar informações de pacientes de radioterapia. A Microsoft utilizou dados, cedidos pela rede, para calibrar o sistema.
Na prática, a inteligência artificial analisa imagens de exames como tomografia e ressonância magnética, e delineia a área do tumor para preparar a máquina de radioterapia.
Hoje, o procedimento é manual e demora 40 minutos - o sistema reduz para três minutos.
Para o diretor presidente do Grupo Oncoclínicas, Luís Natel, outro benefício do sistema é permitir que o procedimento seja checado duas vezes, aumentando a segurança do paciente.
"O fato de a máquina fazer o processo antes do médico, permite que ele cheque o resultado", diz o presidente. Após avaliação da sugestão do sistema de inteligência artificial, o médico poderá fazer alterações.
"Os programas são equipados com visão computacional para facilitar a segmentação de tumores e também para cruzar dados que ajudem a planejar tratamentos", explica o gerente de novas tecnologias e inovação da Microsoft, Alessandro Januzzi.
O sistema é baseado na plataforma computação em nuvem Azure, também da Microsoft.
O projeto é feito em parceria pelas duas empresas, que assinaram acordo de cooperação para desenvolvimento da tecnologia e não há valores envolvidos.
Para Ulysses Ribeiro Júnior, coordenador cirúrgico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), novas tecnologias não substituem o contato do médico com o paciente.
"A inteligência artificial poderá ajudar muito a estar atualizado para fazer o que é melhor para o paciente", diz.
O sistema pode ser retroalimentado com os resultados das análises e sugestões de tratamento. Assim, a cada aplicação bem sucedida de radiação ou correção feita pelos médicos, o sistema "aprende" e melhora suas análises ao longo do tempo.
A tendência é que, nos próximos anos, o sistema passe a ser tão assertivo quanto um profissional de saúde ao fazer a preparação da máquina para uma terapia.
No caso da quimioterapia, o projeto está em fase inicial.
A Oncoclínicas e a Microsoft fizeram uma parceria com Centro de Pesquisa Sociedade e Tecnologia da Universidade de São Paulo, que trabalha no desenvolvimento de um novo algoritmo que será utilizado pela inteligência artificial da Microsoft.
A tecnologia será alimentada com um banco de dados de diagnóstico e tratamento de 18 mil pacientes de quimioterapia e receberá uma base teórica de oncologia, segundo João Alvarenga, diretor de tecnologia e inovação do Grupo Oncoclínicas.
Quando estiver pronto, o sistema de inteligência artificial vai indicar os tratamentos mais indicados.
Assim como na radioterapia, a tecnologia poderá evoluir a precisão das sugestões de tratamento ao longo do tempo.
A previsão é de que o sistema para tratamento de quimioterapia comece a funcionar nas unidades da Oncoclínicas até 2019.