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Cinema mudo de Hitchcock entra na era digital

Trabalho de digitalização de filmes do famoso cineasta é considerado o projeto mais importante até hoje do Instituto de Cinema Britânico

O cineasta Alfred Hitchcock: seus filmes mudos fizeram sucesso na Inglaterra durante a década de 1920 (Stf/AFP)

O cineasta Alfred Hitchcock: seus filmes mudos fizeram sucesso na Inglaterra durante a década de 1920 (Stf/AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2010 às 13h30.

Berkhamsted, Reino Unido - Uma equipe de técnicos do Instituto de Cinema Britânico (BFI) está restaurando e digitalizando os filmes que Alfred Hitchcock realizou na época do cinema mudo, prometendo em breve agradáveis surpesas para os fãs do mestre do suspense.

A restauração dos filmes rodados por Hitchcock nos anos 20 "é provavelmente o projeto mais importante empreendido até agora pelo BFI", declarou à AFP Brian Robinson, porta-voz dos arquivos do instituto.

Com a temperatura ambiente controlada, jalecos e luvas brancas, a equipe de especialistas trabalha minuciosamente para preservar os primeiros filmes de Hitchcock, mudos e que integram o acervo cinematográfico britânico.

Com extrema precaução e a ajuda de um microscópio, manipulam os frágeis rolos de nitrato em busca das menores imprefeições, manchas e grãos de poeira incrustados na fita de "O pensionista" ("The lodger"), de 1926.

Os resultados do projeto de restauração e digitalização da obra do lendário diretor devem surpreender os espectadores, estima o BFI, principalmente no que diz respeito à nitidez das imagens.

"Contratamos os melhores técnicos e limpamos, tiramos todos os defeitos na medida do possível das cópias mais originais do mundo, para obter uma versão mais próxima possível da original", explicou à AFP um porta-voz do instituto.


"É o Rolls-Royce em matéria de restauração de filmes. Teremos a impressão de que foi filmada na véspera", acrescentou.

"Queremos fazer cópias que durem por gerações. Estas versões serão projetadas nos cinemas do mundo inteiro, e serão editadas em DVD. Fizemos Hitchcock entrar na era digital", destacou o porta-voz.

Hitchcock é considerado o grande mago do suspense, mestre do clímax e do ritmo cinematográfico por clássicos como "Um corpo que cai" (1958), "Psicose" (1960) e "Os pássaros" (1962). Seus filmes mudos, no entanto, também fizeram sucesso na Inglaterra dos anos 20.

Neste momento, o BFI restaura nove filmes em uma imensa chácara adaptada para o trabalho em Berkhamsted, no noroeste de Londres. O local também abriga os arquivos do instituto em abóbodas de 12 metros de altura. Cerca de 200.000 rolos estão empilhados do chão ao teto, em um ambiente climatizado a 5°C.

Kieron Webb, reponsável técnico do projeto, compara várias amostras retiradas de "O pensionista" - considerado o primeiro Hitchcock "de verdade" - a um rolo original dos arquivos do BFI, imagem por imagem.

Pensar que se está encarregado de todos os filmes que sobreviveram da obra de um diretor, e que é a de Hitchcock, é incrível", afirmou Webb, indicando que os rolos estão em estado "lamentável".

O projeto foi orçado em um milhão de libras (1,2 milhão de euros), e é financiado com doações do mundo inteiro.

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