Tecnologia

Cigarro é mais viciante que cocaína, aponta relatório

Relatório mostra que cigarros estão cada vez mais viciantes e perigosos


	Cigarro: pesquisa afirma ser mais fácil tornar-se dependente de cigarro do que de cocaína e de heroína
 (GettyImages)

Cigarro: pesquisa afirma ser mais fácil tornar-se dependente de cigarro do que de cocaína e de heroína (GettyImages)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de setembro de 2014 às 20h12.

Brasília - Relatório preparado pela organização de controle do tabagismo Campanha Crianças Livres do Tabaco (CTFK) lançado nesta terça-feira, 02, no Brasil, mostra que cigarros estão mais viciantes e perigosos.

Feito a partir da análise de pesquisas científicas e de documentos fornecidos pela indústria do tabaco, o trabalho afirma ser mais fácil tornar-se dependente de cigarro do que de cocaína e de heroína.

A mudança, afirma o documento, é resultado de estratégia adotada pelas companhias.

Ao longo dos últimos 50 anos, assegura o relatório, os produtos passaram a apresentar um teor maior de nicotina, tiveram a inclusão em sua fórmula de amônia e açúcares, que aumentam seu efeito e tornam a fumaça mais fácil de ser inalada.

O próprio formato do cigarro mudou: produtos passaram a trazer filtros com pequenos orifícios, muitas vezes imperceptíveis, que levam o fumante a aumentar o volume e a velocidade de aspiração.

Alta engenharia, avalia o relatório, para aumentar a atratividade, facilitar o consumo e a dependência.

"Nicotina e heroína apresentam mecanismos semelhantes para o desenvolvimento da dependência", afirmou à reportagem um dos autores do relatório, o professor da Universidade da Califórnia David Burns.

Ele observou, no entanto, que o número de experimentadores de cigarro que se tornam dependentes é maior do que os que entram em contato com a heroína pela primeira vez.

Documentos reunidos no relatório mostram que os teores de nicotina dos cigarros aumentaram 14,5% entre 1999 e 2011.

Substância encontrada naturalmente na planta do tabaco, a nicotina, quando chega aos pulmões, é absorvida pela corrente sanguínea e em segundos é transportada para o cérebro. Os sintomas de abstinência surgem logo nas primeiras horas depois de parar de fumar.

Pesquisadores afirmam no trabalho que a amônia acrescentada ao tabaco aumenta a velocidade com que a nicotina chega ao cérebro e a sua absorção, o que torna a sensação de prazer mais rápida e mais intensa.

A amônia também torna a fumaça do cigarro mais suave, o que facilita a sua inalação pelos pulmões.

Além da maior capacidade de desenvolver dependência, as mudanças ampliaram o risco de câncer de pulmão.

"As misturas do tabaco e os aditivos tornaram a fumaça do cigarro mais fácil de ser inalada, aumentando os níveis de nicotina no sangue e no cérebro. Outros agentes potencializaram o impacto da nicotina, como o acetaldeído produzido com a queima do açúcar adicionado ao cigarro. Tudo isso aumenta o risco de dependência", disse Burns.

Ele ressaltou também que, principalmente nos Estados Unidos, cigarros passaram a ter uma concentração maior de nitrosaminas específicas do tabaco, uma substância carcinogênica.

Essa última mudança, associada com a adoção de filtros ventilados - que levam a inalações mais profundas - torna o fumante mais vulnerável e exposto a substâncias, aumentando o risco de câncer provocado pelo consumo do cigarro.

De acordo com o trabalho, apesar de fumarem menos, tanto homens quanto mulheres têm um risco muito maior de desenvolver câncer de pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica do que em 1964, quando foi divulgado o primeiro relatório produzido pelo governo americano sobre o impacto do tabagismo na saúde.

Burns criticou a suspensão no Brasil da resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que proibia a adição de produtos que conferissem sabor para os cigarros.

"Companhias usam os aditivos para aumentar o número de vendas, para atrair jovens e evitar que pessoas abandonem o tabagismo", disse.

Procurado, o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco) afirmou que não se manifesta sobre o tema. Romeu Schneider, da Câmara Intersetorial do Tabaco, afirmou que cigarros em todo o mundo estão mais fracos, com menores teores de alcatrão e nicotina.

"Estamos falando dos cigarros legais. Nossa preocupação, no entanto, é o crescimento do produto ilegal, produzido sem nenhum tipo de controle", disse.

Ele lembrou que a venda de cigarros a menores é proibida no Brasil. "É uma regra acertada. Respeitamos. Se crianças têm acesso, é a cigarro contrabandeado."

Acompanhe tudo sobre:CigarrosDrogas

Mais de Tecnologia

Estúdio processa Elon Musk por uso de imagens de “Blade Runner” em evento da Tesla

CEO da AWS, da Amazon, sugere demissão para quem discordar de retorno presencial

Por que a Anvisa proibiu o "chip da beleza"?

Voo barato? Atualização do Google Flights promete passagens com preços ainda mais baixos