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Cientistas apontam ligação maior entre ação humana e clima

Segundo relatório do IPCC, é extremamente provável que mais da metade do aumento das temperaturas globais tenha sido causado pela atividade humana


	Temperaturas médias globais podem sofrer aumento de 4,8 graus Celsius até 2100, afirmaram cientistas
 (NASA)

Temperaturas médias globais podem sofrer aumento de 4,8 graus Celsius até 2100, afirmaram cientistas (NASA)

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Da Redação

Publicado em 28 de março de 2014 às 19h38.

Londres - Os cientistas especializados em clima estão mais certos do que nunca de que os humanos são responsáveis pelo aquecimento global, pela elevação dos níveis das marés e pelos casos de clima extremo, de acordo com um relatório preliminar feito por um painel de especialistas.

O documento preliminar, que foi vazado e ainda pode ser modificado antes da divulgação da versão final em 2013, mostrou que o aumento nas temperaturas médias globais desde a era pré-industrial deve exceder os 2 graus Celsius até 2100, e pode chegar a 4,8 graus Celsius.

"É extremamente provável que as atividades humanas tenham causado mais da metade do aumento observado na média global das temperaturas da superfície desde os anos 1950", diz o relatório preliminar do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC).

Na linguagem usada pelo IPCC, "extremamente provável" significa um nível de certeza de ao menos 95 por cento. O nível seguinte é "praticamente certo", ou 99 por cento, a maior certeza possível para os cientistas.

O relatório anterior do IPCC, de 2007, informou que havia uma certeza de ao menos 90 por cento de que as atividades humanas, principalmente a queima dos combustíveis fósseis, eram a causa do aumento das temperaturas.

O documento preliminar apareceu em um blog cético à mudança climática.


O IPCC informou que o post prematuro e não autorizado com o documento poderá provocar confusão, porque o relatório ainda estava sendo feito e provavelmente mudaria antes de sua divulgação.

Uma conferência da Organização das Nações Unidas na semana passada, destinada a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, não produziu avanço. Três países - Canadá, Rússia e Japão - abandonaram o Protocolo de Kyoto e seus limites às emissões.

Os EUA nunca ratificaram o pacto. O Protocolo também exclui os países em desenvolvimento, onde as emissões aumentam com maior rapidez.

Um grupo de países concordou em estender o Protocolo de Kyoto até 2020, mas o conjunto é responsável por menos de 15 por cento das emissões mundiais de gases-estufa. As nações em desenvolvimento afirmaram que pressionarão, no ano que vem, por um mecanismo radical da ONU que os compense pelo impacto da mudança climática.

O IPCC afirmou ter um alto grau de confiança de que a atividade humana tenha causado as mudanças em larga escala nos oceanos, nas placas de gelo ou nas geleiras das montanhas e nos níveis dos oceanos na segunda metade do século 20, de acordo com o relatório preliminar.


O documento afirma que os casos de clima extremo também mudaram em razão da influência humana.

AMEAÇA ÀS CIDADES

O relatório prevê cenários com um aumento nas temperaturas entre 0,2 e 4,8 graus Celsius neste século - uma faixa mais estreita do que em 2007. Mas em quase todos os cenários o aumento seria maior do que 2 graus Celsius.

Em 2010, governos de vários países prometeram tentar conter o aumento global de temperaturas em mais de 2 graus, considerado pelos cientistas o limite máximo a fim de evitar mais climas extremos, secas, inundações e outros impactos da mudança climática.

As concentrações de dióxido de carbono na atmosfera eram as mais altas em 800 mil anos, segundo o relatório preliminar. O documento também afirma que os níveis dos oceanos devem subir para entre 29 e 82 centímetros até o fim do século - em comparação com os 18 a 59 centímetros projetados no relatório de 2007.

O aumento no nível dos oceanos pode ameaçar os habitantes de áreas de baixa altitude, de Bangladesh às cidades de Nova York, Londres e Buenos Aires. O fenômeno aumenta o risco de ondas de tempestades, erosão na costa e, no pior dos casos, a inundação completa de grandes áreas de território.

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