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Ciberespaço vive clima de "guerra fria", diz chefe da Kaspersky

Segundo o CEO Eugene Kaspersky, o verdadeiro risco provém, acima de tudo, do ciberterrorismo

Eugene Kaspersky: a ciberespionagem é feita sobretudo em inglês, russo e chinês simplificado (Paul Hanna/Reuters)

Eugene Kaspersky: a ciberespionagem é feita sobretudo em inglês, russo e chinês simplificado (Paul Hanna/Reuters)

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AFP

Publicado em 1 de março de 2017 às 14h39.

Risco de ataques cibernéticos nas eleições, atos de ciberguerra... a digitalização provoca novas ameaças para a estabilidade do mundo, afirmou o chefe da empresa de segurança informática Kaspersky Lab, Eugene Kaspersky, durante o Congresso Mundial de Celulares (MWC) de Barcelona.

Pela primeira vez a ciberameaça está sendo discutida por ocasião de eleições importantes, nos Estados Unidos e na Europa. Qual é o estado da questão, segundo você?

Para começar, é preciso distinguir. De um lado há um uso de informações falsas, o hackeamento de contas de e-mail para obter dados eventualmente comprometedores contra os candidatos, e o fato de prejudicar a reputação de um ou outro.

Estritamente falando, isso não é um ciberataque contra uma eleição, mas uma forma de influenciar no resultado.

No entanto, no futuro, pode haver um risco sobre o resultado em si. Já sabemos que os jovens não querem necessariamente se deslocar às urnas e, se fosse possível, poderiam participar de eleições a partir de seu telefone celular.

Isso é algo que provavelmente acabará acontecendo, e se o conjunto do processo não for bem protegido pode ser possível que o resultado depois da votação seja manipulado.

Com a digitalização industrial também aumentam as ameaças. O que pode ser feito?

Há ataques contra infraestruturas, o que pode se comparar a ciberterrorismo. Nos últimos anos vimos ataques deste tipo contra a rede elétrica na Ucrânia, internet na Estônia, hospitais ou a petrolífera estatal Saudi Aramco.

Os governos entendem agora os riscos de ataques contra infraestruturas críticas, mas nem todos estão agindo. A primeira etapa consiste em definir e regular o que são as infraestruturas estratégicas. A Alemanha, por exemplo, está fazendo isso; Cingapura e Israel já o fizeram.

Precisamos aplicar normas em nível internacional, tanto com as infraestruturas críticas quanto com a ciberregulação. De nossa parte, estamos trabalhando para convencer os Estados.

Isso pode se tornar uma guerra entre Estados no ciberespaço?

Pode ser que eu esteja errado, mas não acredito que vamos ver uma ciberguerra, porque os Estados sabem que, se um país ataca outro, este responderá e as consequências serão consideráveis de ambos os lados. E isso cria um clima de guerra fria, como na era nuclear.

O verdadeiro risco provém, acima de tudo, do ciberterrorismo. Há muitos engenheiros com talento que estariam totalmente dispostos a realizar este tipo de atos se forem bem pagos, o que pode ter consequências importantes nos países atacados.

Até o momento, observo que as ameaças mais sofisticadas envolvem sobretudo a cibercriminalidade e a espionagem. Sempre é difícil saber de onde elas vêm, mas sabemos em que língua foram realizadas.

A ciberespionagem é feita sobretudo em inglês, russo e chinês simplificado, em horas do dia que variam caso a caso.

O cibercrime, por sua vez, só é feito em russo, segundo ele.

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