Tecnologia

Ciberataques incentivam volta do rádio para navegação em alto mar

Navios usam GPS e outros dispositivos similares, que dependem do envio e recebimento de sinais de satélite

Ataques cibernéticos estão levando embarcações ao redor do mundo a mudarem seus métodos de comunicação (DaLiu/Thinkstock)

Ataques cibernéticos estão levando embarcações ao redor do mundo a mudarem seus métodos de comunicação (DaLiu/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 7 de agosto de 2017 às 12h54.

Londres - O risco de ataques cibernéticos contra a navegação por satélite de navios está fazendo com que os países retrocedam na história e desenvolvam sistemas de backup com raízes na tecnologia de rádio da Segunda Guerra Mundial.

Os navios usam GPS (Sistema de Posicionamento Global) e outros dispositivos similares, que dependem do envio e recebimento de sinais de satélite, os quais muitos especialistas consideram vulneráveis a interferências de hackers.

Cerca de 90 por cento do comércio mundial é transportado pelo mar, e muito está em risco com as vias marítimas cada vez mais lotadas.

Ao contrário das aeronaves, os navios não possuem um sistema de navegação de backup e, se o seu GPS deixar de funcionar, correm o risco de encalhar ou colidir com outros navios.

A Coreia do Sul está desenvolvendo um sistema alternativo usando uma tecnologia de navegação terrestre conhecida como eLoran, enquanto os Estados Unidos estão planejando seguir o exemplo.

A Grã-Bretanha e a Rússia também exploraram a adoção de versões da tecnologia, que funciona com sinais de rádio.

A mudança segue uma série de interrupções nos sistemas de navegação marítima nos últimos meses e anos. Não ficou claro se eles envolveram ataques deliberados; especialistas em navegação dizem que os efeitos do sol também podem levar à perda de sinal do satélite.

No ano passado, a Coreia do Sul disse que centenas de embarcações de pesca voltaram para o porto depois que seus sinais de GPS foram interrompidos por hackers da Coreia do Norte, que negou responsabilidade.

Em junho deste ano, um navio no Mar Negro informou ao Centro de Navegação da Guarda Costeira dos EUA que seu sistema de GPS havia sido interrompido e que mais de 20 navios na mesma área tinham sido afetados de forma semelhante.

A adoção da tecnologia eLoran está sendo liderada por governos que o consideram um meio de proteger a segurança nacional.

Serão necessários investimentos significativos para construir uma rede de estações transmissoras para dar cobertura de sinal, ou para atualizar os existentes, que datam de décadas em que a navegação por rádio era padrão.

O engenheiro norte-americano Brad Parkinson, conhecido como o "pai do GPS" e seu principal desenvolvedor, está entre aqueles que apoiam a implantação do eLoran como um back-up.

"A eLoran é apenas bidimensional, regional e não tão precisa, mas oferece um sinal poderoso, em uma frequência completamente diferente", disse Parkinson à Reuters. "Serve para deter bloqueios deliberados ou spoofing (dar posições erradas), uma vez que tais atividades hostis podem ser tornar ineficazes", disse Parkinson, um coronel aposentado da força aérea norte-americana.

Especialistas cibernéticos dizem que o problema com o GPS e outros Sistemas de Navegação Global por Navegação (GNSS) são seus sinais fracos, que são transmitidos a partir de 20 mil quilômetros acima da Terra e podem ser interrompidos com dispositivos de interferência baratos e amplamente disponíveis.

Os desenvolvedores do eLoran - o sistema descendente do loran (navegação de longo alcance) criado durante a Segunda Guerra Mundial - dizem que ele é difícil de obstruir, pois o sinal médio é estimado 1,3 milhão de vezes mais forte do que o sinal de GPS.

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