Repórter
Publicado em 15 de setembro de 2025 às 10h11.
Última atualização em 15 de setembro de 2025 às 10h13.
Estados Unidos e China estão “muito perto” de chegar a um acordo sobre o futuro do TikTok, afirmou nesta segunda-feira, 15, o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, no segundo dia de negociações em Madri.
A agenda inclui dois dos temas mais delicados da relação bilateral: a ameaça do presidente Donald Trump de ampliar tarifas sobre importações chinesas e a exigência de Washington para que a ByteDance venda o aplicativo a um grupo não chinês, sob pena de proibição nos EUA.
Segundo Bessent, as discussões no Ministério das Relações Exteriores da Espanha avançaram no ponto específico do TikTok, mas ainda enfrentam entraves quando o tema são concessões comerciais mais amplas. “Estamos muito perto de resolver o problema”, disse ele a jornalistas.
O prazo para que a ByteDance venda o TikTok nos EUA expira em 17 de setembro. Caso contrário, o aplicativo pode ser banido do país.
Segundo o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, Pequim trouxe à mesa “um pedido muito ambicioso”, vinculando o acordo a questões como tarifas e acesso a mercados.
Washington insiste que não aceitará comprometer a segurança nacional em troca de um aplicativo de mídia social.
As tratativas ocorrem num momento de tensão adicional: os EUA pressionam aliados a elevarem tarifas contra a China por causa das compras de petróleo russo. Pequim reagiu, acusando Washington de “coerção econômica” que ameaça a estabilidade do comércio global.
Enquanto isso, a China abriu uma investigação antitruste contra a Nvidia, interpretada como retaliação às restrições americanas ao setor de semicondutores. A ofensiva regulatória em torno da gigante dos chips reforça o caráter geopolítico das conversas sobre o TikTok.
Desde maio, as delegações lideradas por Bessent e pelo vice-primeiro-ministro He Lifeng se reuniram em capitais europeias. Em julho, em Estocolmo, firmaram uma trégua de 90 dias que reduziu tarifas bilaterais e restabeleceu exportações de terras raras chinesas para os EUA.
Ainda assim, especialistas não esperam avanços substanciais sem um encontro direto entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping. “Essas conversas servem mais para preparar terreno para uma reunião de cúpula”, avaliou William Reinsch, do Center for Strategic and International Studies.
Outro elemento pesa sobre a mesa: a Suprema Corte dos EUA deve julgar, no início de 2026, a legalidade das tarifas impostas por Trump sobre produtos chineses. Uma eventual anulação enfraqueceria a posição de barganha americana.
Apesar das dificuldades, Bessent buscou adotar tom conciliador: “Mesmo sem acordo imediato sobre o TikTok, a relação entre os dois países segue boa nos níveis mais altos”.