Agência de notícias
Publicado em 11 de abril de 2023 às 14h21.
Última atualização em 11 de abril de 2023 às 14h23.
A China planeja exigir uma revisão de segurança dos serviços de inteligência artificial generativa antes que sejam autorizados a operar, medida que gera incerteza sobre bots como o ChatGPT revelados pelas maiores empresas de tecnologia do país, incluindo a Baidu.
Provedores de serviços devem garantir que o conteúdo seja preciso e respeite a propriedade intelectual, e que não discrimine nem ponha em risco a segurança, disse a Administração do Ciberespaço da China (CAC, na sigla em inglês), em um projeto de diretrizes publicado para consulta pública. Operadores de IA também devem classificar de forma clara o conteúdo gerado por IA, disse o órgão que supervisiona a Internet do país em comunicado publicado no site da agência.
Os requisitos da CAC se somam às crescentes tentativas do governo de Pequim de regular o crescimento explosivo da IA generativa desde que o ChatGPT, criado pela OpenAI, agitou o setor em novembro. Empresas como Alibaba, SenseTime e Baidu visam construir a plataforma definitiva de IA de última geração para o maior mercado mundial de internet. A iniciativa reflete a onda de projetos no exterior, com o Google, controlado pela Alphabet, e a Microsoft entre as muitas empresas de tecnologia que exploram a IA generativa, que pode criar conteúdo original da poesia à arte apenas com comandos simples dos usuários.
A China não escondeu seu desejo de se destacar em IA justo quando o país trava um conflito com os EUA em vários setores, como tecnologia de chips e veículos elétricos. Mas permanece incerto como o governo pretende promover e policiar o novo campo. As diretrizes divulgadas nesta terça-feira essencialmente transportam os regulamentos existentes sobre dados e conteúdo – desde a proteção de informações pessoais até a censura de mensagens que o Partido Comunista considera indesejáveis – para a crescente área de IA.
É provável que a China barre os serviços estrangeiros de IA, como os da OpenAI ou do Google, como fez com os mecanismos de busca e redes sociais dos EUA. O governo de Pequim insiste em um controle rigoroso sobre o conteúdo e a discussão online. Mas a expectativa é que, por enquanto, a China evite apertar demais o controle sobre empresas locais, por medo de esmagar uma arena nascente que precisa de espaço para inovação, disse Angela Zhang, professora associada de direito da Universidade de Hong Kong.
As ações do Alibaba devolveram grande parte dos ganhos iniciais na terça-feira após o anúncio da CAC, enquanto os papéis da SenseTime praticamente não se mexeram.
Na terça, o Alibaba, gigante de comércio eletrônico, descreveu como planeja criar IA generativa em seu aplicativo de mensagens corporativas semelhante ao Slack e alto-falantes inteligentes no estilo do Amazon Echo, antes de expandir esse portfólio para seus outros serviços. Um dia antes, a SenseTime havia apresentado o grande modelo de IA SenseNova e um chatbot voltado para usuários chamado SenseChat.
Os projetos seguiram o bot Ernie, da Baidu, que foi lançado para testes seletivos há cerca de um mês. A ação da empresa - considerada a atual líder nacional - recuou 7% em Hong Kong. Papéis de operadoras chinesas, como a China Mobile, e de empresas menores da área de IA, como 360 Security Technology e a fabricante de chips de IA Cambricon Technologies, também mostraram forte baixa.
“Existe um potencial real para afetar a forma como os modelos são treinados e isso se destaca para mim como muito importante aqui”, disse Tom Nunlist, analista sênior da Trivium China. As regras provavelmente vão interferir na maneira como os modelos de IA na China serão treinados daqui para frente, embora muito dependa de como os reguladores interpretam as disposições gerais em seu aviso, acrescentou.
O governo de Pequim planeja introduzir regras para supervisionar o uso de inteligência artificial em diversos segmentos. Em fevereiro, funcionários do Ministério da Ciência e Tecnologia disseram que o governo vai pressionar pela aplicação segura e controlável de serviços de IA, que considera uma indústria estratégica.
“Os provedores de serviços devem fornecer certas informações sobre os dados usados no treinamento de IA, incluindo origem, tamanho e tipo de dados”, disse a CAC no comunicado. “Também requer que plataformas de IA compartilhem algoritmos básicos e outras tecnologias usadas.”