Shenzhou-11: os dois devem chegar em 48 horas ao segundo laboratório espacial chinês "Tiangong-2" (Stringer/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de outubro de 2016 às 11h46.
A China lançou nesta segunda-feira uma missão espacial com dois astronautas, em direção ao segundo laboratório orbital do país, como parte dos preparativos para o projeto de uma estação espacial tripulada, prevista para 2022.
Os dois astronautas, Jing Haipeng e Chen Dong, decolaram da base de Jiuquan, no deserto de Gobi (noroeste), a bordo da Shenzhou-11 ("Nave divina-11"), propulsada por um foguete "Larga Marcha-2F".
Os dois devem chegar em 48 horas ao segundo laboratório espacial chinês "Tiangong-2" ("Palácio celeste-2"), inaugurado no mês passado.
Eles devem permanecer 30 dias no laboratório espacial antes de retornar para a Terra, um prazo recorde para astronautas chineses, de acordo com a agência estatal Xinhua.
Os dois "taikonautas", como os chineses chamam seus astronautas, devem realizar experimentos nas áreas de medicina, biologia, física, assim como pesquisas sobre tempestades solares e testes para o reparo de equipamentos.
Jing Haipeng, comandante da missão, está em sua terceira viagem espacial e celebrará seu aniversário a bordo da estação.
A conquista espacial, coordenada pelo Estado-Maior militar, é considerada na China um símbolo da força do país. Pequim investe bilhões de dólares nos programas espaciais para tentar chegar ao mesmo nível dos Estados Unidos, Europa e Rússia.
A China enviou o primeiro homem ao espaço em 2003. Dez anos depois, o país concluiu com sucesso a missão tripulada "Shenzhou-10", após 15 dias de órbita ao redor da Terra.
A China almeja uma estação espacial tripulada em 2022, quando a Estação Espacial Internacional (ISS) não estará mais em funcionamento.
O presidente chinês Xi Jinping enviou uma mensagem de felicitações à tripulação da missão Shenzhou-11.
O texto afirma que a missão deve garantir que "os passos dados pelos chineses na exploração espacial são os maiores e vão mais longe", contribuindo assim para "fazer da China uma potência espacial".
O laboratório Tiangong-2, ao qual se acoplarão os astronautas, está em órbita a 393 km de altitude e possui dois conjuntos: uma cabine de experiências que também serve de habitáculo, além de um espaço de armazenamento com painéis solares, motores e baterias.
Durante a viagem, os dois taikonautas realizarão testes sobre a saúde e a falta de gravidade, devem plantar mostras de arroz, assim como coordenar pesquisas sobre o relógio atômico "frio" embarcado no mês passado a bordo do "Palácio celeste-2", cujo sistema de resfriamento de átomos melhora consideravelmente a precisão, segundo o jornal China Daily.
Os taikonautas terão duas horas de tempo livre por dia, para assistir filmes, ouvir música e fazer vídeo-chamadas para a Terra.
"Preparamos para eles mais de 100 tipos de alimentação e bebidas", afirmou ao jornal Wu Ping, vice-diretora do programa de voos tripulados. Os dois terão a sua disposição uma esteira de corrida e uma bicicleta ergométrica.
Além da estação espacial, Pequim sonha em enviar um homem à Lua. Em dezembro de 2013, a sonda chinesa Chang'e-3 fez uma alunissagem e desembarcou na superfície lunar o veículo teleguiado batizado "Coelho de jade".
A missão foi considerada um "sucesso" pelo governo, mas o veículo lunar passou por problemas que o deixaram em longas fases de "coma".
Pequim também ambiciona lançar uma nave espacial ao redor de Marte até 2020, antes de enviar um veículo teleguiado ao planeta vermelho.