Bitcoin: controle de bitcoins concentrado na China pode colocar os Estados Unidos à mercê do país nesse mercado (Flickr.com/zcopley)
Lucas Agrela
Publicado em 19 de novembro de 2013 às 18h41.
As autoridades americanas ainda estão relutantes em aceitar a moeda virtual bitcoin como dinheiro de verdade e o consideram uma "ameaça".
Mas as empresas chinesas parecem não hesitar e investem pesado nos bitcoins. Segundo a CNN, quem lidera a tendência é o Baidu, uma companhia que fornece serviços web no país, bastante semelhante ao Google.
A moeda digital surgiu em 2008 e começou a ser usada principalmente como forma de pagamento em sites da Deep Web, como o Silk Road, dada dificuldade de rastrear as transações criptografadas. Nesta semana, o bitcoin atingiu o valor recorde de 700 dólares por unidade. Sua circulação máxima é de 21 milhões de unidades em todo o mundo, portanto, gerando inflação.
Não é a primeira vez que a China adota rapidamente uma moeda virtual. Em 2009, o mesmo aconteceu com a chamada QQ, da rede social local Tencent. Alguns estimam que ela chegou a representar 13% do dinheiro em circulação no país. Lojas aceitavam pagamentos em QQ.
Mas a moeda fracassou. O Partido Comunista determinou a diminuição imediata do uso do QQ, já que as transações eram controladas pela própria empresa, caso contrário o governo fecharia a companhia.
Isso não pode acontecer com o bitcoin graças à sua operação descentralizada, que funciona de maneira similar ao do compartilhamento de arquivos por torrent. Ou seja, o uso do dinheiro virtual aumentaria a privacidade das transações financeiras no país, tirando parte do controle exercido pelo governo chinês.
Esse controle de bitcoins concentrado na China pode colocar os Estados Unidos à mercê do país nesse mercado, já que ele teria mais de 51% das unidades disponíveis do dinheiro digital.
Estados Unidos - O Departamento de Segurança Nacional americano considera o bitcoin como uma "ameaça emergente", segundo o Active Post. Em uma carta endereçada ao Senado, o órgão escreve que eles estiveram "investigando ativamente a emergente ameaça e a exploração criminosa de sistemas financeiros virtuais que ajudam a internacionalizar operações criminosas".
Dado o uso do bitcoin para comprar drogas na Deep Web, o departamento pode estar certo, Mas essa hesitação pode atrasar os Estados Unidos na corrida pela moeda virtual.