Redator na Exame
Publicado em 14 de janeiro de 2025 às 08h01.
Última atualização em 14 de janeiro de 2025 às 13h38.
O futuro do TikTok nos Estados Unidos pode ganhar um novo capítulo, com o governo chinês considerando a venda da operação americana do aplicativo de vídeos para Elon Musk. Essa alternativa surge em meio à pressão crescente de Washington para banir a plataforma, caso ela não seja vendida pela ByteDance, sua controladora.
A medida, que estaria ainda em estágio preliminar, reflete as negociações complexas envolvendo segurança nacional e a relação entre as duas maiores economias do mundo, segundo informações da Bloomberg. No entanto, o TikTok afirmou que não tem intenção em vender a plataforma. Em comunicado à agência EFE, a empresa afirmou que a notícia era "pura ficção". "Não se pode esperar que façamos comentários sobre algo que é pura ficção", diz comentário enviado à EFE por um porta-voz do TikTok, que tem uma de suas sedes em Singapura.
O TikTok enfrenta um prazo crítico: a partir de 19 de janeiro, o aplicativo será banido dos EUA, a menos que seja vendido. Apesar da preferência da ByteDance por lutar contra a decisão na Suprema Corte, autoridades chinesas estão explorando opções para mitigar os impactos dessa proibição.
Uma das possibilidades mais notáveis envolve Musk, homem mais rico do mundo, dono do X (antigo Twitter) e CEO da Tesla.
O governo dos EUA alega que o TikTok representa um risco à segurança nacional devido às suas conexões com a China. A legislação aprovada exige que a ByteDance venda ou encerre as operações americanas da plataforma.
A Suprema Corte já sinalizou a possibilidade de manter o banimento, priorizando preocupações de segurança em detrimento da liberdade de expressão dos usuários.
A administração de Donald Trump, que assume em 20 de janeiro, mostrou interesse em atrasar o banimento para buscar uma solução negociada. Trump, que já afirmou querer "salvar" o TikTok, teria se reunido com representantes do setor privado, incluindo o bilionário Frank McCourt, sobre alternativas para a plataforma.
Sob um possível acordo, Musk poderia adquirir as operações do TikTok nos EUA por meio da X, que já possui forte atuação no mercado de redes sociais. A X ganharia com os mais de 170 milhões de usuários americanos do TikTok, ampliando sua base de dados e fortalecendo sua posição no mercado publicitário.
Além disso, a integração do TikTok poderia beneficiar a xAI, empresa de inteligência artificial de Musk, ao alavancar os dados gerados pela plataforma.
A aquisição, avaliada entre US$ 40 bilhões (R$ 243,6 bilhões) e US$ 50 bilhões (R$ 304,5 bilhões), representa um desafio financeiro, mesmo para o homem mais rico do mundo. Musk ainda está pagando empréstimos relacionados à compra da X por US$ 44 bilhões (R$ 267,9 bilhões) em 2022, e a transação exigiria venda de ativos ou novas parcerias de investimento.
A venda do TikTok enfrenta barreiras significativas. O governo chinês detém uma "golden share" na ByteDance, que lhe garante influência sobre decisões estratégicas. Além disso, as regras de exportação chinesas impedem a transferência de algoritmos desenvolvidos no país, como o motor de recomendação do TikTok, sem a aprovação do governo.
Nos EUA, a separação da operação americana do restante do TikTok apresenta desafios técnicos e jurídicos. A ByteDance argumenta que o processo seria "extraordinariamente difícil" e já destacou que a prioridade continua sendo lutar contra a legislação em vigor.
Uma potencial venda para Musk reforçaria a posição do bilionário como figura central no mercado de tecnologia e relações internacionais.
Com operações em setores como veículos elétricos, inteligência artificial e redes sociais, Musk já demonstrou habilidade em negociar com autoridades chinesas e americanas. Sua experiência com a Tesla, que opera uma gigantesca fábrica em Xangai, também é vista como uma vantagem na possível negociação.
Enquanto isso, outras empresas, como Microsoft e Oracle, foram mencionadas no passado como interessadas na operação do TikTok nos EUA. Contudo, o envolvimento de Musk poderia criar um desfecho inesperado para uma disputa que vem se desenrolando há anos.